jul
10
2012

Por que hidrelétricas (com reservatório) são a melhor opção para o Brasil?

A matriz de geração do Sistema Elétrico Brasileiro (SEB) é quase integralmente hidrotérmica, isto é, 98% da capacidade de geração vêm de usinas hidrelétricas, que predominam, e de térmicas – movidas a óleo, gás, carvão e combustível nuclear.

Mas essa predominância já foi bem maior há dez anos, como mostra a tabela 2.

O aumento da participação das fontes térmicas, que se deu a partir da crise energética de 2001, deveu-se principalmente à descontinuidade dos investimentos privados decorrente do processo de mudança da legislação do setor elétrico, entre 2003 e 2005, e à forte oposição enfrentada pelos projetos de construção de novas usinas hidrelétricas.

A matriz projetada no Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) do Governo Federal para 2020 indica mudanças ainda maiores.

A participação das fontes hidrotérmicas cairá para 93,25% do total, mantendo-se estáveis as puramente hidrelétricas. As fontes térmicas deverão perder espaço, a ser ocupado principalmente pelas eólicas, que perfarão 6,7% da matriz brasileira (contra 1%, hoje). O aumento da produção nuclear se deverá ao projeto de expansão de Angra dos Reis.

O modo como essa matriz vem sendo construída, ao longo de décadas, obedece à lógica determinada pela oferta de recursos naturais e pelo custo de produção. Como se sabe, o preço da energia elétrica gerada a partir de fonte hídrica foi e segue sendo menor. Além disso, a geração hidrelétrica é renovável e, como se verá adiante, tem vantagens ambientais que nem mesmo as formas de geração renovável oferecem. Mas, antes de prosseguir na análise da matriz, é preciso fazer breve digressão sobre o Sistema Interligado Nacional (SIN).

Quase todo o Brasil é abastecido por meio do SIN. As poucas exceções estão quase todas localizadas na Amazônia: trata-se de comunidades isoladas, abastecidas por geração térmica a óleo, nos chamados Sistemas Isolados. O SIN é composto, principalmente, pela Rede Básica de Transmissão, que interliga uma vasta parcela do território nacional, por meio de quase 100 mil quilômetros de linhas de transmissão de energia, aos quais se conectam redes secundárias de transmissão e redes de distribuição, que levam eletricidade ao consumidor.

À Rede Básica estão conectadas as unidades geradoras que produzem energia elétrica. O processo de planejamento e de comando da produção e alocação da energia necessária para suprir a demanda nacional é feito pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), em Brasília.

Neste ponto, cabe outra digressão. O Brasil ocupa o terceiro lugar entre os países que dispõem dos maiores potenciais hidrelétricos, com 10% da disponibilidade mundial, atrás da China, com 13% do total, e da Rússia, com 12%[1]. O potencial brasileiro é de 260 mil MW[2]. Perto de 30% dele (83.000 MW) se transformaram em usinas. O potencial passível de aproveitamento é estimado em 126 mil MW, conforme o Plano Nacional de Energia 2030, estando mais de 70% dele localizados nas Bacias do Amazonas e do Tocantins/Araguaia[3].

É importante lembrar que um dos problemas enfrentados entre a produção e o consumo de energia elétrica é o armazenamento. A energia produzida precisa ser imediatamente consumida, porque não tem como ser armazenada. Só é possível armazenar os elementos usados na geração, como água, óleos combustíveis, carvão, gás natural e urânio enriquecido.

Cerca de 70% da capacidade nacional é proveniente de usinas hidrelétricas. Em seus reservatórios, a água é guardada e utilizada ao longo do ano. Os grandes reservatórios das usinas da Região Sudeste/Centro-Oeste representam 71% do Sistema Interligado Nacional[4], constituindo nossa melhor alternativa de armazenamento de energia elétrica, uma riqueza de que poucos países dispõem.

Mas a água desses reservatórios não é suficiente para atender à demanda durante todo o ano. A forma mais segura de suprir o que faltar é a geração por termoelétricas, que podem ser acionadas sempre que necessário, embora com custo de geração maior e com emissão de gases de efeito estufa (GEE).

As térmicas nucleares, embora firmes e constantes, de custo razoável e baixa emissão de GEE, apresentam problemas de disposição dos resíduos radioativos e de desconfiança popular, reforçada por eventos como os de Fukushima, no Japão (sobre energia nuclear ver, neste site o texto “O Brasil deve desistir da energia nuclear?”).

A cogeração a biomassa, principalmente a bagaço e a palha de cana, permite produzir simultaneamente calor e energia elétrica, com grande economia de combustível.  Ela é mais eficiente que a geração por meio de combustíveis fósseis, mas só ganha força, no Brasil, na época da safra da cana de açúcar. Embora essa seja limitação relevante, é importante registrar que a safra ocorre nas épocas de baixa dos reservatórios, o que ajuda a compensar a menor geração hidrelétrica.

A capacidade de produção por biomassa, contudo, ainda é limitada, respondendo por cerca de 5% da potência instalada nacional. A queima de biomassa não é considerada produtora de GEE, pois durante o crescimento do canavial houve retirada de CO² da atmosfera. A biomassa é considerada neutra para efeito de aquecimento global e, por isso, uma fonte alternativa – além de renovável.

Por último, os parques de geração eólica já representam promessa relevante para o abastecimento nacional. Ultimamente, o custo de geração dessa energia tem se tornado bastante competitivo em virtude dos incentivos governamentais e do barateamento dos equipamentos geradores.

A geração eólica não produz energia firme e constante, já que depende dos ventos. Contudo, é excelente fonte complementar ao sistema hidrotérmico, gerando mais nos períodos de baixa dos reservatórios.

O preço da energia, ao lado dos fatores naturais, é considerado elemento prioritário na decisão sobre fontes geradoras de energia. A abundância e o custo, além de aspectos ligados à segurança do abastecimento, são os fatores que determinam a matriz energética dos países. Trata-se, obviamente, do cálculo econômico, presente em toda atividade humana.

No setor elétrico brasileiro há uma máxima que diz que “a energia mais cara é a da próxima usina”. Versão setorial do princípio econômico da produtividade marginal decrescente, de David Ricardo, ele reflete o fato de que se constroem primeiro as “melhores usinas”. O primeiro fator na determinação dessas usinas é o custo da geração, medido em R$/MWh, decorrente de projetos de execução mais fácil e mais barata. Depois, vem a proximidade dos centros de demanda, fator que influencia custos de construção e manutenção das linhas de transmissão.

Não menos relevante, no caso de hidrelétricas, é a partição ideal das quedas de uma bacia, técnica que otimiza o aproveitamento do curso d’água para efeito de geração de eletricidade. Trata-se do aproveitamento ótimo, conceito legalmente estabelecido no Brasil[5], que deve presidir a elaboração dos projetos das usinas hidrelétricas. Os potenciais hídricos e as próprias usinas são bens da União, conforme estabelecido na Constituição Federal[6], constituindo patrimônio de todos.

Também são considerados melhores os aproveitamentos que permitem reservatórios de grande capacidade e pequena exigência de área inundável. Quando operam em cascata, a capacidade de geração e a contribuição das usinas para a regularização do rio são potencializadas, sendo particularmente preciosas as primeiras do conjunto, dada sua maior capacidade de reserva.

Além disso, os reservatórios agregam vantagens comparativas únicas, fornecendo água para consumo e irrigação, servindo como criatórios de peixes, viabilizando a navegação e gerando atividade turística.

Por fim, as hidrelétricas indenizam os Estados e Municípios pela área que ocupam. Em 2011, pagaram R$ 1,63 bilhão como Compensação Financeira pela Utilização de Recursos Hídricos (CFURH) e R$ 370 milhões em royalties (compensação financeira específica, devida pela Usina de Itaipu).

Vejamos, na tabela 5[7], os preços da energia gerada no Brasil, conforme suas fontes.

As grandes usinas hidrelétricas continuam oferecendo os menores preços de energia. Contudo, os grandes potenciais ainda disponíveis estão localizados nas bacias do Amazonas e do Tocantins/Araguaia, o que acarreta dois problemas.

O primeiro é a distância dos grandes centros consumidores, o que encarece a energia. O segundo é que a construção de usinas na região Norte, de terreno mais plano, tende a aumentar a área alagada. Isso tem influenciado no sentido da construção de usinas a fio d’água ou sem reservatório, que não acumularão reservas para geração na estação seca, nem contribuirão para regularizar as vazões dos rios.

É importante notar, também, que a energia de fonte hidrelétrica reduz seus preços ao longo do tempo, dada a longevidade das usinas e a “gratuidade” de seu “combustível”, a água. Agora mesmo, 18 mil MW de hidrelétricas antigas, cujas concessões vencem até 2015, terão seus preços reduzidos em cerca de 25%, segundo estimativa da ANEEL, projetando preços da ordem de R$ 70 a R$ 75/MWh.

Impactos Ambientais Das Fontes

Não há geração de energia sem impactos ambientais. A melhor solução, portanto, combina menor preço e menor impacto, sem esquecer que mitigar impactos encarece a energia. Examinemos os principais impactos de cada fonte de geração e, em especial, a geração de gases de efeito estufa (GEE), o que mais preocupa hoje.

As fontes térmicas, com exceção das nucleares, emitem GEE em grande escala. As nucleares, por sua vez, padecem de dois problemas principais: a possibilidade de acidentes e a falta de solução satisfatória para os rejeitos radioativos, embora eles sejam relativamente poucos. Em um ano, um reator nuclear de 1.200 MW, como o de Angra II, produz 265 kg de resíduos[8]. A sua produção de GEE é pequena.

A geração eólica produz algum impacto ambiental. São referidos o impacto na paisagem, o ruído decorrente de sua operação, da ordem de 40 decibéis, o espaço ocupado pelas torres e eventuais prejuízos às correntes migratórias de pássaros.

A geração eólica serve apenas como fonte complementar de geração de energia elétrica, já que depende dos ventos, ajudando a economizar água dos reservatórios e evitando o despacho de térmicas, mais poluentes e onerosas.

A energia de fonte solar fotovoltaica, querida dos ambientalistas, tem preço elevadíssimo e depende da luz intermitente do sol, também caracterizando forma de geração complementar.

Dotada de boa imagem, essa fonte tem um problema raramente mencionado: ela inutiliza as extensas áreas ocupadas pelos parques solares. O Parque Solar Waldpolenz, na Alemanha, tem potência instalada de 40 MW, gerando 40.000 MWh/ano, em média, graças a 550.000 painéis solares, instalados em 2,2 km². A potência média de Waldpolenz assim calculada é de 4,57 MW, o que implica num baixo fator de capacidade, da ordem de 11,4%, e numa igualmente baixa produtividade energética, de 18,2 GWh/ano por km² ocupado.

A título de comparação, a Usina Belo Monte tem uma potência instalada de 11.233 MW e gerará 40 milhões MWh/ano, numa área de 516 km². Assim, sua operação terá potência média de 4.571 MW, fator de capacidade de 40,7%, e produtividade energética de 77,6 GWh/ano por km² (vide tabela a seguir).

Com isso, Belo Monte gerará 4,2 vezes mais energia por km² ocupado que Waldpolenz, instalação considerada modelar. Para gerar mesma quantidade de energia que Belo Monte, uma usina como Waldpolenz precisaria de uma área de 2.200 km², esterilizando-a para outros aproveitamentos. Cabe mencionar ainda os potenciais impactos negativos dos materiais utilizados na construção dos painéis solares, tais como chumbo, mercúrio e cádmio.

Já o reservatório de Belo Monte, passado o impacto inicial da construção, tornar-se-á um novo ecossistema, tão vivo, estável e sustentável quanto o anterior, a exemplo do que ocorre com outras hidrelétricas.

É hora agora de analisar os impactos da construção de usinas hidrelétricas. A Empresa de Pesquisa Energética, vinculada ao Ministério das Minas e Energia, divulgou dado segundo o qual, somadas as áreas dos reservatórios das usinas construídas e a construir na Amazônia, seriam alagados 10.500 km², ou seja, 0,16% de todo o bioma amazônico. A título de comparação, foram desmatados 6.418 km² na Amazônia brasileira somente em 2011, ano em que menos se destruiu a floresta desde 1988[9], quando o INPE iniciou esse levantamento.

Aproveitar todo o potencial hidrelétrico da Amazônia produzirá impacto pouco superior ao do desmatamento ocorrido num ano de baixo índice de desmatamento. A alternativa é optar por queimar combustível fóssil ou construir usinas nucleares, já que as fontes eólica e solar não oferecem a segurança necessária ao abastecimento, como visto.

Finalmente, no que diz respeito às emissões de GEE, dados de estudo publicado em 2003[10] comparam as emissões da cadeia completa dos diferentes sistemas de geração de eletricidade por tipo de fonte, assim resumidas:

O desalojamento de populações ribeirinhas é outro problema da construção de hidrelétricas. Conduzida adequadamente, a remoção dessas populações deve representar melhora das suas condições de vida, em vista das exigências feitas aos empreendedores de benefícios para os desalojados. Trata-se apenas de conduzir as coisas adequadamente, o que pode e deve ser fiscalizado pelo Poder Público.

Pedido do Ministério Público Federal para que se ampliasse o prazo de consulta pública do Plano Decenal de Expansão de Energia 2020 baseou-se no fato de que 113.502 pessoas serão afetadas pelo conjunto de empreendimentos hidrelétricos constantes do Plano, entre os quais Belo Monte. Nota-se, pelo número de pessoas, que não teria custo absurdo realocá-las dignamente como deve ser.

Por fim, vem o tema das terras indígenas, protegidas pela Constituição Federal. De acordo com dados da imprensa[11], as terras demarcadas somam 112,7 milhões de hectares, 13,2% do território nacional. Elas abrigam 502 mil indígenas (0,26% da população), numa média de 224,5 ha/habitante. Comparando, nos assentamentos rurais, que abrigam quatro milhões de pessoas (2,1% da população), a média ocupada é dez vezes menor, de 22 ha/habitante. É preciso, portanto, encontrar solução negociada e satisfatória para a construção das hidrelétricas que as afetem.

Também é imperativo discutir a opção pela construção de usinas hidrelétricas sem reservatório ou a fio d’água (para ler mais acerca de reservatórios a fio d’água ver, neste site, o texto “O que são as usinas ‘a fio d’água’ e quais os custos inerentes à sua construção?”), e abrir o debate sobre o que iremos fazer ao respeito do desperdício de um precioso patrimônio nacional, os aproveitamentos hidrelétricos. Construída uma usina sem reservatório, a perda de sua capacidade produtiva jamais será recuperada, particularmente se for a primeira ou a segunda da cascata, fundamentais para a otimização do seu aproveitamento na geração e na regularização. Equivale a renunciar para sempre a uma parcela importante de um poço de petróleo ou de uma rica jazida mineral.

O PDE 2020 prevê que a capacidade de armazenamento dos reservatórios das usinas brasileiras terá crescimento de apenas 6%, até 2020, contra um aumento da capacidade instalada de 39%, no mesmo período. Essa projeção aponta o sacrifício sem volta de uma importante riqueza. Note-se que isso ocorrerá com descumprimento da legislação em vigor, que determina o aproveitamento ótimo dos potenciais hídricos.

Tudo considerado, pode-se concluir que as usinas hidrelétricas constituem a melhor e mais confiável alternativa de produção de energia no Brasil, principalmente no que diz respeito ao custo de produção e ao impacto ambiental.

Também não se devem esquecer as térmicas nucleares, cujo desempenho é muito bom no que diz respeito à produção de GEE. A tecnologia vem ganhando em segurança, em projetos mais recentes, e o volume de seus resíduos é relativamente pequeno.

Não se pode, aliás, dispensar fonte alguma, cada qual valiosa a seu modo. A eólica vem ganhando competitividade, mas a solar ainda é muito cara para figurar como alternativa concreta no Plano Decenal de Energia.

A geração a gás, a óleo e a carvão, embora onerosa e poluente, segue sendo uma alternativa segura para complementar o abastecimento nacional nos períodos de baixa produção hidrelétrica. Por seu alto preço e impacto, contudo, deve ser reduzida ao mínimo indispensável.

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Para saber mais sobre o tema:

A Crise de Abastecimento de Energia Elétrica (A Crise de Abastecimento de Energia Elétrica, Relatório, 2002, Senado Federal), da Comissão Especial Mista do Congresso Nacional destinada a estudar as causas da crise de abastecimento de energia no País, conforme o Requerimento nº 73/2001-CN (em http://www.senado.gov.br/atividade/materia/getPDF.asp?t=57728&tp=1).

Abbud, Omar e Tancredi, Márcio – Texto para Discussão nº 69 – Transformações Recentes da Matriz Brasileira de Geração de Energia Elétrica – Causas e Impactos –, do Núcleo de Pesquisas e Estudos do Senado (em http://www.senado.gov.br/senado/conleg/textos_discussao/TD69-OmarAbbud_MarcioTancredi.pdf).


[1] Atlas de Energia Elétrica do Brasil, 3ª. ed., 2008, Agência Nacional de Energia Elétrica.

[2] Atlas de Energia Elétrica do Brasil, 3ª. ed., 2008, Agência Nacional de Energia Elétrica.

[3] Atlas de Energia Elétrica do Brasil, 3ª. ed., 2008, Agência Nacional de Energia Elétrica.

[4] Plano Decenal de Expansão de Energia 2020, 2011, Ministério de Minas e Energia.

[5] Art. 5º, § 3º, da Lei nº 9.074, 7 de julho de 1995.

[6] Art. 20, inciso VIII, da Constituição Federal.

[7] Os custos fixos de geração são preços médios dos Leilões de Energia Nova do período de 2005 a 2010, com exceção do custo da energia eólica, que é o valor alcançado no Leilão de 17/08/2011, primeiro leilão de que participaram as eólicas.

O custo fixo de geração nuclear é o valor da tarifa estabelecida pela ANEEL para as Usinas Angra I e II.

Os valores de CVU (custo variável de geração) são médias dos custos variáveis das térmicas utilizados pelo ONS para elaboração da Revisão 3 do Plano Mensal de Operação de setembro de 2011 (semana operativa de 17 a 23/09/2011).

[8] Disponível na Wikipédia, em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Energia_nuclear#Res.C3.ADduos_radioativos, acessado em 21/07/2011.

[9] Em http://www.obt.inpe.br/prodes/, acessado em 19.06.2012.

[10] Dones, R., Heck, T., e Hirschberg, S. – Greenhouse gas emissions from energy systems: comparison and overview, p. 37, in PSI Annual Report 2003 Annex IV, Paul Scherrer Institute, Villigen, Switzerland.

[11] Revista Veja, ed. nº 2.273.

Sobre o Autor:

Omar Abbud

Jornalista, consultor legislativo do Senado, ex-chefe de gabinete do Diretor-Geral e ex-superintendente de Comunicação Social da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

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17 Comentários Comentar

  • Prezado Omar ;

    Excelente artigo . Riquíssimo . Torço muito para que o mesmo seja levado em conta por todas as autoridades competentes ao se definirem novos investimentos do setor público e ao se deferirem autorizações para o setor privado . Nosso querido Brasil tem potencial hídrico , clima e solo como nenhum outro no mundo .

    Grante Abraço ,

    Décio Quintanilha Júnior

  • […] análise detalhada da matriz energética brasileira, defendendo a energia […]

  • A energia eólica deve mesmo ser um dos investimentos do Brasil daqui para a frente. Ela pode não produzir tanta energia, mas há muitos locais em que esta energia ainda não é aproveitada (e são locais propícios para a produção de energia eólica). Então, o melhor é investir em algo que seja adequado ao futuro, para que o dinheiro gasto não tenha sido em vão.

    • Rafaela, usinas eólicas não são manipuláveis e estão condicionadas ao local onde venta. Ao contrério as térmicas a gás não tem preferência de local e se adaptam a qualquer tipo de usina, seja produtora de eletricidade complentar ou calor na forma de usinas combinadas: especial para industrias que utilizam calor de processo: cimenteiras, cerâmica, vidro bebidas e alimentos.

  • O FUTURO DAS TÉRMICAS EM SISTEMA HIDROTERMICO
    “As hidrelétricas sozinhas já não dão conta de atender a demanda do país. Já usamos termelétricas para complementar a oferta, mas o que precisamos agora é buscar térmicas com custo de combustível barato para fazer com que gerem durante todo o tempo, como fazem as hidrelétricas” (Altino Ventura).

    Com o aumento da carga a inserção mais frequente de térmicas colocadas na base afasta hidroelétricas – agora em menores proporções – para a ponta, as quais produzem cada vez menos energia.
    Hidroelétricas em menor proporção geram cada vez menos energia e, consequentemente, menor dependência dos reservatórios para manter a pequena vazão para firmar as hidroelétricas. O SIN se torna mais seguro com a garantia efetiva das térmicas, porem mais cara a energia pelo elevado custo das térmicas. Este é o preço que temos de pagar por termos um sistema ainda fortemente hidroelétrico.
    Não existe sistema invulnerável a riscos. Qualquer um que pense seriamente sobre o assunto acha este é um fim desejado. Isto é um absurdo. Benefícios da modicidade têm de ser confrontados com os custos da segurança. Todos nós pagaremos por isto: não há mais ninguém para pagar.
    Não se trata de uma questão ideológica: faça chuva ou faça sol esta é a imprevisibilidade da natureza. Encham ou não os reservatórios, um dia o sistema será térmico como já é marcante nos países industrializados.

  • ERROS CONCEITUAIS:
    – O governo projeta hidroelétricas de fio d’água na Amazônia que não geram energia e para as quais não existe demanda nos próximos 5 anos, segundo o próprio ONS. Se os reservatórios são pequenos – para contornar custo sócio ambiental – se tornam inúteis para o fim de armazenamento de energia potencial. Por outro lado, com grandes reservatórios perdem economicidade. As únicas usinas viáveis são as pequenas turbinas de bulbo para uso local. Assim mesmo requerem complementação térmica nos períodos secos, comuns na Amazônia.
    Entretanto, são poucas as possibilidades de armazenamento de água para fins de estoque de energia potencial, dadas as baixas altitudes. É o próprio ONS que reconhece a necessidade de complementação térmica para suprir a crescente incapacidade dos reservatórios de auto regulação do sistema. “Não há milagre,… será impossível operar o sistema elétrico brasileiro sem a existência de uma complementação das térmicas.”
    –Faz leilões conjuntos de hidroelétrica, eólica e termoelétrica – visando a modicidade – quando deviam ser segregados por tipo – para ter mais segurança. Não são fontes concorrentes: cada uma tem um fim específico. Exemplo: eólicas complementam localmente hidroelétricas no NE; térmicas a gás substituem reservatórios e complementam localmente hidroelétricas no SE. Podem se tornar do tipo combinada quando agregadas às térmicas antigas, que não precisam ser desativadas.
    E o pior é que todo mundo sabe disso e não pode fazer nada, principalmente os técnicos do MME, ONS, GESEL, IEE – aliás bons técnicos por sinal – cujos nomes já foram inúmeras vezes citados. Só o governo é que não sabe ou não quer, para não ferir suscetibilidades.
    Quem não sabe – a esta altura – que a proporção de térmicas e hidroelétricas vão chegar rapidamente a ½ a ½ e os reservatórios vão permanecer quase cheios, com hidroelétricas na ponta como garantia de algum surto inesperado? Enfim a 11ª rodada vem aí, em maio, já com certo atraso. Quando a presidente vai atender insistentes pedidos da eficiente presidente da Petrobras e equilibrar preços internos nas distribuidoras com os preços de mercado?

    • Prezado Siqueira,

      Solicitaria em nome da conservação ambiental, e do risco crescente da concorrência do uso de água para produção econômica com a dessedentação humana e animal, considerando inclusive, a tese que geração hidrelétrica não pode ser conceituada como fonte renovável e limpa, pois a água é finita e em decorrência das inundações decorrentes das grandes usinas (reservatórios) não pode ser considerada limpa.

      2. Apesar do impacto ambiental das matrizes eolícas e solares, o impacto ambiental é de reduzida magnitude, frente ao enorme prejuizo decorrente da utilização da água.
      3. Atente finalmente, que de toda água doce utilizada no mundo 70% agricultura, 20% industria, apens 10% para dessedentação humana e animal, induz perceber que antes de 2050 além da falta de água, faltará inúmeros recursos. Situação a confirmar a projeção que em 2100 80% da população mundial estará extinta…
      Abraços

  • HIDROELÉTRICAS PRODUTORAS DE PONTA
    Em maio 25, – com acréscimos decrescentes (derivada) – os reservatório atingem o nível satisfatório maior possível de 70%, mas ainda inferior a 2012. Daí segue o mesmo padrão, agora com todas as térmicas ligadas, desta vez de forma permanente.
    –Porque os reservatórios devem permanecer cheios todo o tempo?
    Reservatórios cheios permitem suprir picos de demanda por períodos prolongados a qualquer hora, independente do clima. À medida que a demanda por energia cresce, hidroelétricas são cada vez mais solicitadas para atender picos maiores.

    Não compensa suprir picos de demanda (MW) através de usinas térmicas: sua potência seria maior do que a necessária para suprir energia (MW x hora). Mas, foi usada e vai continuar usando: um verdadeiro desperdício. Hidroelétrica é a única fonte que tem capacidade instalada maior (na proporção do FC 0.55) do que a quantidade energia que é capaz de produzir.
    “Algumas hidrelétricas já tem local pronto para colocar essas máquinas adicionais, mas ainda não colocaram. Ou seja, a parte civil já tá pronta. É só aumentar a potência da usina”, segundo o NOS, lembrando que essa ampliação não aumentaria a energia assegurada da usina, apenas à potência.

    No período chuvoso , hidroelétricas tem capacidade mais do que suficiente para atender picos demanda: o problema é no período seco, quando térmicas estão inteiramente ocupasadas na produção de energia. Picos de demanda – é bom lembrar – também podem ocorrer no período seco.
    Só hidros tem CI maior, ou seja: potência em curtos períodos.
    Poucas umas térmicas a diesel já estão desligadas mas, seria um erro desligar todas.
    PICOS DE CARGA
    Do lado do consumo o maior crescimento da demanda ocorre no setor de serviços, residencial e comercial, com diminuição da atividade industrial – reflexo do incremento da renda e do avanço do emprego – são razões que explicam o aumento da demanda para fins térmicos.
    A incorporação de eletrodomésticos às residências tais como chuveiros elétricos, condicionadores, refrigeração e iluminação contribuem para a curva de carga no momento do pico, justifica manter os reservatórios quase cheios como reserva estratégica para atendimento de surtos inesperados ou mesmo o aumento dos picos de demanda proporcionalmente à demanda por energia (Kwhora).

    È muito mais barato adicionar unidades para incrementar a capacidade instalada de usinas prontas do que construir novas. Especialmente se houver provisão (slots).
    “Até 5 GW de ganho de potência, colocando mais máquinas, apenas adicionando mais unidades, especialmente se houver provisão. È mais barato atender o horário de ponta com a ampliação de potência dessas hidrelétricas do que com térmicas” segundo o ONS.
    Atender picos de demanda com térmicas é um equívoco.
    Equivale a baixar o fator de capacidade, tal como acontece nos países nos quais predominam térmicas. Ou, países que já esgotaram todo seu potencial hidroelétrico.
    Essas são razões que justificam a geração distribuída, cada um gerando sua própria energia produzindo, ao mesmo tempo, os dois tipos de energia: calor e eletricidade.

    Mas para que isso ocorra é preciso haver incentivos, segundo o NOS.
    “queda de produtividade e de potência das hidrelétricas e o horário de ponta teve que ser atendido com térmicas e isso custa caro. Em alguns momentos, o operador chegou a acionar 9 mil MW térmicos para atender a ponta”. Isso é um despropósito (PEN 2011 – 2015).
    Este é risco hidrológico à forte diferença existente entre a potência instalada e a energia firme3 que se verifica entre o período úmido e seco do ano.
    Hugo Siqueira, em 12/04/2013.

  • A REPOTENCIALIZAÇÃO DAS USINAS DO SUDESTE
    Citada como “ovo de colombo” no brilhante trabalho de Ivan Dutra talvez tenha outro significado, como o aumento da capacidade instalada quando sistema atingir a fase de predominância de térmicas e não a simples ’manutenção e modernização’.
    “A expansão de um sistema puramente hidráulico gera um subproduto chamado energia elétrica secundária, ou seja, aquela parcela cuja disponibilidade não se garante 95% do tempo”. Essa energia pode ser entendida como o preço que se paga ao se expandir o sistema através de fontes hídricas.
    Assim, a disponibilidade crescente de energia secundária acaba viabilizando economicamente a entrada de usinas térmicas. Ela entra no sistema interligado transformando parte dessa energia elétrica secundária em energia garantida, pois complementaria a geração até atingir os 95% de garantia“. Roberto D’Araujo.
    Agora, é a mudança estrutural para utilização permanente de térmicas na base que afasta hidroelétricas para a ponta, tornando disponíveis grandes quantidades de energia secundária, as quais produzem cada vez menos energia (mais potência em período curto). Assim, os reservatórios permanecem como uma reserva estratégica para ocasiões de extrema urgência.
    Serra da mesa é a última esperança de usinas com grandes reservatórios. Nunca encheu completamente, só 80% em anos anteriores. Hoje está com 60% em 9 de junho de 2013.

  • […] Acesse  Por que hidrelétricas (com reservatório) são a melhor opção para o Brasil? […]

  • De observadora geopolitica de fora do Brasil: E urgente para brasileiros desenvolver os sistemas para energia sem obstaculos,ou interferencia ou intervencao desde “intereses” geopoliticos fora do Brasil. 2012 o Primeiro Ministro de India, M.Singh tem declarado numa entrevista em “Science” (India): “The United States do not appreciate India’s need for energy!”. Os mesmos “intereses” (e ONGs) – identicamente – estao ativos na India (e outros paises “independentes”) para prevenir projetos para energia, especialmente hidroeletricas e nucleares e energia derivada de carvao. Quando conveniente as mesmas ONGs estao ate contrarias a projetos eolicos ! (Exemplo na Catinga de Bahia, alegando : Barulho das turbinas ,afeamento do paisagem”, po devido ao trafego de caminhoes para transportar o material para as turbinas .) Como tem dito o Secretario Zimmerman: “Eles querem que vivamos em cavernas!” — 2013 o “Home Office” (Secretaria de Interior da India) tem proibido que 4,141 ONGs de EUA, Bretanha, Alemanha, Franca e Escandinavia que estao ativas na India puderem recibir mas “financiamento desde fora da India”, devido a : “Diversion of funds against the national interests of India.”. – O Brasil e outros paises “independentes” estao na mesma situacao como India – mas devido a circunstancias obviamente diferentes – e necessario que no Brasil seja a sociedade civil dos brasileiros que removesse a intervencao desde “fora” contra projetos de energia no Brasil.

    • Muito interessantes os seus comentários.
      Servem de alerta ao Brasil. Não se pode esquecer que a luta pela sobrevivência é sempre muito grande.
      Omar Abbud

  • é confiável as informações que postarem aqui, por to fazendo uma monografia baseado em comportamento de uma mercado de energia elétrica do brasil em período de seca

    • Wellyson,

      desculpe, mas não entendi o seu comentário.
      Poderia explicar melhor?

      Omar

  • Achei importante esta análise, pois vem a poiar o raciocínio de que não existe energia limpa. Cabendo a cada país, estado ou município debater e escolher o que lhe é mais favorável. Deve-se lembrar que é de interesse de muitas elites internacionais que nossa matriz energétca fique estagnada.

  • isso e muito grande

  • Prezados Senhores,

    Não concordo com a avaliação, visto que foi tomado, preferência o custo econômico, sem considerar as variáveis que impõe o prejuízo a natureza e possibilidade de extinção da água no planeta. Levando-se em conta que a reposição de água depende, dentro outros fatores, mas de forma principal da capacidade de reposição fluvial, e que o desmatamento e inundações decorrentes das instalações de reservatórios. E principalmente, que o caráter finito da água, não lhe deveria atribuir a característica de fonte renovável e limpa. Sem se falar nas outras hidrelétricas instaladas no Brasil. A Instalação de Monte Belo, representa a inundação de área equivalente a 75 mil campos de futebol, área superior a 500 km2 de floresta.
    Tudo isto a considerar que uma árvore adulta, na região amazônica, promove a evaporação de 1.000 litros de água por dia, e considerando as 600 bilhões de árvores lá existente, teremos o equivalente a 20 milhões de toneladas de água evaporadas diariamente para a atmosfera, volume superior a descarga de água do rio Amazonas no mar (17 milhões de toneladas).
    Qualquer desmatamento naquela área significa possibilidade de extinção da água no planeta.
    Então resulta num absurdo sem proporções a autorização de instalação de mais Usinas Hidreletricas no Brasil, pior se considerar que há previsão de mais 22 (vinte e duas) usinas para a Amazônia.
    Está no momento do país acordar, que está caminhando para a extinção da vida no planeta, e se pensam que a previsão era a anteriormente prevista para 2100…os avisos dados pela natureza em 2014 e que continuarão a ocorrerem neste 2015, indica que a origem da matriz energética no país está equivocada, devendo partir para outros caminhos, eolíca, biomassa, solar (inclusive) não entendo o porque de não estar incluida no estudo…
    Vou deixar aqui a mensagem de Apolo Heringer Lisboa “O pais precisa criar juízo e começar a investir em economia limpa e sustentável”, ou seja: SOCORRO!

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