dez
16
2021

Covid 19 – Comparação de mortes no Brasil e outros países

Covid 19 – Comparação de mortes no Brasil e outros países

 

Por Roberto Macedo* 

 

Quando a epidemia da Covid-19 começou a se espalhar, em março de 2020, passei a seguir o desenvolvimento dela entre países e regiões por meio de um gráfico que o jornal britânico Financial Times oferece diariamente. O gráfico tem várias opções para o leitor, e passei a seguir mais o que permite examinar a média móvel de sete dias de mortes (por 100 mil habitantes), para os países e regiões de meu interesse, sempre incluindo o Brasil.

Neste artigo, depois de alguns meses sem examinar esses dados e, estimulado pelo noticiário recente sobre o assunto, que indica forte queda dessas mortes no Brasil e aumentos em alguns países e na União Europeia, ainda que de menor dimensão que no passado, resolvi rever esse gráfico. Desta vez cobrindo todo o período desde o início da pandemia até o início de dezembro deste ano, conforme dados do Financial Times do último dia 13 de dezembro. O novo gráfico vem a seguir.

Média móvel dos últimos sete dias

Atribuídas à Covid-19, na União Europeia (EU), nos Estados Unidos (US), 
Reino Unido (UK), Itália(It) e Brasil (BR)

O gráfico cobre dados da União Europeia, Estados Unidos, Reino Unido, Itália e Brasil, assim ordenados conforme as curvas de cada caso, na ordem em que aparecem, de cima para baixo, nos últimos pontos de cada linha no canto inferior direito do gráfico.

A referência a esse canto, de antemão, já significa que no final do gráfico essa região e esses países apresentam valores menores do que os alcançados no início e no meio do gráfico.

O mais interessante é que o Brasil está na melhor posição de todo o grupo nesse final do gráfico, o que vem sendo atribuído ao sucesso mais recente de seu programa governamental de vacinações e do empenho com que a população busca esse programa. Pelo gráfico, nota-se que a pandemia demorou um pouco a atingir taxas mais altas no Brasil, mas no início de 2021 era o país que tinha piores números e só não foi recordista porque a Itália mostrou uma taxa pior uns três meses antes. Enquanto isso, pela televisão, recentemente vi que em alguns países, que não o Brasil, ainda ocorrem manifestações de grandes grupos contrários à vacinação.

Outro desenvolvimento recente foi o surgimento da variante Ômicron, que reacendeu um sinal de alerta quanto à possibilidade de o mundo enfrentar nova onda de agravamento da pandemia. No caso brasileiro esse alerta tem particular importância, pois o sucesso que o gráfico mostra quanto ao nosso país poderia ensejar danos ao empenho no programa de vacinação, tanto pelo governo como por segmentos da população.

Como no início da pandemia, não há alternativa: o remédio consiste em insistir em vacinação, vacinação e vacinação!

 

* Roberto Macedo é economista (UFMG, USP e Harvard), professor sênior da USP, consultor da Fundação Espaço Democrático e membro do Instituto Fernand Braudel.

Artigo publicado no site da Fundação Espaço Democrático em 14 de dezembro de 2021.

 

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