{"id":3526,"date":"2021-11-04T11:04:34","date_gmt":"2021-11-04T14:04:34","guid":{"rendered":"http:\/\/www.brasil-economia-governo.org.br\/?p=3526"},"modified":"2021-11-04T11:04:34","modified_gmt":"2021-11-04T14:04:34","slug":"eu-sou-voce-amanha-de-novo","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/?p=3526","title":{"rendered":"“Eu sou voc\u00ea amanh\u00e3”. De novo?"},"content":{"rendered":"

Brasil e Argentina: \u201cEu sou voc\u00ea amanh\u00e3\u201d. De novo?<\/strong><\/h2>\n

 <\/p>\n

Por Luiz Alberto Machado*<\/p>\n

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\u201cEnquanto o Brasil sonha com um futuro que n\u00e3o chega, a Argentina sonha com um passado que n\u00e3o volta\u201d.<\/em><\/strong><\/span><\/h3>\n

Roberto Macedo<\/strong><\/span><\/h3>\n

\u00a0<\/strong><\/h3>\n

Houve um per\u00edodo relativamente longo, na d\u00e9cada de 1980, em que as economias do Brasil e da Argentina se alternavam em situa\u00e7\u00f5es cr\u00edticas, ora com uma em situa\u00e7\u00e3o mais dif\u00edcil, ora com outra nessa indesej\u00e1vel posi\u00e7\u00e3o. Numa analogia com um memor\u00e1vel comercial de uma marca de vodca, costumava-se utilizar a express\u00e3o \u201ceu sou voc\u00ea amanh\u00e3\u201d, para se referir a essa triste altern\u00e2ncia.<\/p>\n

Nesse per\u00edodo, as equipes econ\u00f4micas, tanto no Brasil como na Argentina, fizeram diversas tentativas, lan\u00e7ando m\u00e3o de planos para conter a infla\u00e7\u00e3o que assolava os dois pa\u00edses.<\/p>\n

Na Argentina, o Plano Austral, de junho de 1985, optou pelo congelamento de pre\u00e7os, tarifas e sal\u00e1rios. O congelamento acabou por distorcer os pre\u00e7os relativos da economia e afetar o abastecimento de produtos b\u00e1sicos, entre os quais a carne, produto essencial na dieta dos argentinos. Alguns ajustes ao plano foram feitos em fevereiro de 1986, mas j\u00e1 em agosto do mesmo ano estava claro que o congelamento de pre\u00e7os n\u00e3o funcionara. Em 1987, houve o agravamento da crise econ\u00f4mica, com a infla\u00e7\u00e3o se acelerando rapidamente, o que levou o governo argentino \u00a0a enfrentar grandes dificuldades fiscais. Em agosto de 1988, foi lan\u00e7ado o Plano Primavera, \u00faltima tentativa do governo de Ra\u00fal Alfons\u00edn de controlar a infla\u00e7\u00e3o, mas tamb\u00e9m sem sucesso.<\/p>\n

Quase ao mesmo tempo, o Brasil seguia uma trajet\u00f3ria muito parecida com a dos hermanos<\/em>. No final de fevereiro de 1986, foi anunciado o Plano Cruzado, que tamb\u00e9m congelava pre\u00e7os e sal\u00e1rios. Assim como na Argentina, a desordem provocada nos pre\u00e7os relativos gerou graves distor\u00e7\u00f5es e desabastecimento. Ajustes ao Plano Cruzado foram feitos em novembro de 1986 (Plano Cruzado 2) e, depois da troca da equipe econ\u00f4mica, um novo plano foi adotado em junho de 1987 (Plano Bresser), repetindo a estrat\u00e9gia do controle de pre\u00e7os, igualmente sem resultado. A crise econ\u00f4mica se agravou em 1987 e o governo brasileiro, com dificuldades para pagar a d\u00edvida externa, recorreu a uma morat\u00f3ria. Depois de nova troca da equipe econ\u00f4mica, em janeiro de 1989, foi anunciado o Plano Ver\u00e3o, \u00faltima tentativa do governo de Jos\u00e9 Sarney para controlar a infla\u00e7\u00e3o pela via do controle de pre\u00e7os, novamente sem sucesso[1]<\/a>.<\/p>\n

Como o Brasil demorou mais do que outros pa\u00edses sul-americanos para conseguir reduzir a infla\u00e7\u00e3o[2]<\/a>, os planos heterodoxos adentraram a d\u00e9cada de 1990 com o Plano Brasil Novo (mais conhecido como Plano Collor), anunciado logo a posse do presidente Fernando Collor em mar\u00e7o de 1990, e o Plano Collor 2, de janeiro de 1991.<\/p>\n

A sequ\u00eancia de insucessos compartilhados pelos dois pa\u00edses ficou conhecido como efeito Orloff: \u201cEu sou voc\u00ea amanh\u00e3\u201d. \u00a0Ou seja, para saber o que iria acontecer no Brasil, bastava ver o que tinha acontecido na Argentina ou vice-versa. Em realidade, no comercial o alerta \u201ceu sou voc\u00ea amanh\u00e3\u201d vinha seguido da recomenda\u00e7\u00e3o \u201cpense em voc\u00ea amanh\u00e3, exija Orloff hoje\u201d. A mensagem da propaganda de vodca vinculada na d\u00e9cada de 1980 era evitar a ressaca do dia seguinte.<\/p>\n

A partir do \u00eaxito obtido com o Plano Real, que, ao contr\u00e1rio dos planos heterodoxos anteriormente tentados, conseguiu estabilizar consistentemente a nossa moeda, a diferen\u00e7a com a situa\u00e7\u00e3o econ\u00f4mica da Argentina foi se tornando cada vez mais n\u00edtida. Embora o Brasil tamb\u00e9m tenha testemunhado oscila\u00e7\u00f5es em sua economia nas duas \u00faltimas d\u00e9cadas e o crescimento m\u00e9dio esteja muito abaixo do observado entre 1870 e 1986[3]<\/a>, a infla\u00e7\u00e3o foi mantida sob controle em n\u00edveis considerados baixos para nossos padr\u00f5es. Enquanto isso, a economia argentina passou a maior parte desse tempo envolvida em grave crise, com a perversa combina\u00e7\u00e3o de baixo crescimento, elevada infla\u00e7\u00e3o, alto desemprego e forte endividamento, tanto interno quanto externo, fazendo com que o pa\u00eds fosse obrigado a recorrer mais de uma vez ao Fundo Monet\u00e1rio Internacional.<\/p>\n

Para favorecer uma compara\u00e7\u00e3o mais ampla entre o Brasil e a Argentina, vou me estender no exame da longa deteriora\u00e7\u00e3o do pa\u00eds vizinho.<\/p>\n

Nasci em 1955 e, gra\u00e7as ao basquete, a partir dos 13 anos de idade tive oportunidade de realizar uma s\u00e9rie de viagens ao exterior, numa \u00e9poca em que tal pr\u00e1tica n\u00e3o era t\u00e3o comum como \u00e9 nos dias de hoje. Mesmo tendo conhecido diversos outros pa\u00edses antes de conhecer a Argentina, o que aconteceu apenas em 1977, ouvi diversas refer\u00eancias ao elevado n\u00edvel de desenvolvimento do pa\u00eds que, em meados do s\u00e9culo passado, ostentava indicadores socioecon\u00f4micos superiores inclusive aos de diversos pa\u00edses da Europa.<\/p>\n

Quando estive na Argentina pela primeira vez, o quadro j\u00e1 n\u00e3o era o mesmo e o processo de deteriora\u00e7\u00e3o j\u00e1 se encontrava em curso. De l\u00e1 para c\u00e1, tive a chance de retornar ao pa\u00eds mais de uma dezena de vezes e, a cada nova visita, constatava o agravamento da situa\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Embora, a exemplo do que ocorreu tamb\u00e9m no Brasil, tenham se observado algumas oscila\u00e7\u00f5es, a tend\u00eancia declinante foi uma caracter\u00edstica marcante da economia argentina nos \u00faltimos 60 anos. Marcos Aguinis, brilhante soci\u00f3logo argentino, descreve de forma contundente essa trajet\u00f3ria declinante num livro intitulado \u00a1Pobre patria m\u00eda!<\/em><\/strong>:<\/p>\n

Fomos ricos, cultos, educados e decentes. Em poucas d\u00e9cadas nos convertemos em pobres, mal educados e corruptos. Geniais! A indigna\u00e7\u00e3o me tritura o c\u00e9rebro, a ansiedade me arde nas entranhas e enrijece todo o sistema nervoso. Adoto hoje [neste livro] o subg\u00eanero do panfleto \u2013 el\u00e9trico, insolente, visceral \u2013 para dizer o que sinto sem ter que por notas de rodap\u00e9 ou assinalar as cita\u00e7\u00f5es. O que quero transmitir \u00e9 t\u00e3o forte e claro que devo esculpir. Ao leitor que j\u00e1 me conhece s\u00f3 pe\u00e7o, como sucedia com os panfletos do s\u00e9culo XIX, que considere minha voz como a voz dos que n\u00e3o t\u00eam voz. Ou que, se a tem, n\u00e3o sabem como nem onde transmiti-la. N\u00e3o se trata de arrog\u00e2ncia, mas sim de pedir permiss\u00e3o.[4]<\/a><\/p>\n

Mais adiante, numa clara manifesta\u00e7\u00e3o de inconformismo pela pouca import\u00e2ncia que a comunidade internacional atribui atualmente a um pa\u00eds que j\u00e1 foi considerado o mais desenvolvido da Am\u00e9rica do Sul, Aguinis assinala:<\/p>\n

Cada vez que regresso de uma viagem ao estrangeiro, algu\u00e9m me pergunta: \u201cQue opinam a nosso respeito?\u201d Existe ansiedade por obter a aprova\u00e7\u00e3o alheia, como se f\u00f4ssemos conscientes da culpa que carregamos por haver corrompido o presente argentino. Minha resposta, por muitos anos, tratava de refletir os conceitos que haviam chegado a meus ouvidos. Agora j\u00e1 n\u00e3o preciso me esfor\u00e7ar. Respondo sem anestesia: \u201cCr\u00eas que opinam mal? N\u00e3o te iludas! Nem sequer mal: j\u00e1 n\u00e3o falam de n\u00f3s\u201d.<\/p>\n

O casal Kirchner ocupa posi\u00e7\u00e3o de destaque no rol dos respons\u00e1veis pela situa\u00e7\u00e3o ter chegado at\u00e9 o ponto em que se encontra. O trecho que se segue, extra\u00eddo j\u00e1 da parte final do livro deixa isso claro:<\/p>\n

Nunca o casal K entendeu que o mundo \u00e9 uma imensa oportunidade, onde nossos produtos seriam avidamente devorados. Que ter\u00edamos tudo para abastecer o mercado. Nunca entendeu que se devem respeitar os direitos da propriedade privada porque, ao contr\u00e1rio do que supunha o desinformado Proudhon, constituem a raiz da riqueza e um est\u00edmulo ao respeito pelo outro e por si mesmo. Arist\u00f3teles demonstrou que \u201co que \u00e9 de todos, n\u00e3o \u00e9 de ningu\u00e9m\u201d. A car\u00eancia de hierarquia da propriedade privada permite o avan\u00e7o da depreda\u00e7\u00e3o. O famoso \u201cmodelo K\u201d, apesar de obscuro, pelo menos deixa entrever que ama a depreda\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

A conclus\u00e3o de Aguinis n\u00e3o deixa margem a qualquer d\u00favida. \u00c9 dentro, e n\u00e3o fora do pa\u00eds, que se encontram as raz\u00f5es dessa prolongada decad\u00eancia.<\/p>\n

A firme defesa dos princ\u00edpios defendidos pelo socialismo bolivariano e o fortalecimento das rela\u00e7\u00f5es com a Venezuela, a Bol\u00edvia e o Equador que se verificaram nos \u00faltimos anos serviram apenas para agravar uma situa\u00e7\u00e3o que j\u00e1 era dif\u00edcil.<\/p>\n

Considerando um horizonte temporal mais reduzido, \u00e9 poss\u00edvel afirmar que a economia argentina encontra-se em recess\u00e3o desde 2011. Conseguiu, gra\u00e7as a alguns resultados iniciais obtidos pelo governo do presidente Mauricio Macri, levar a situa\u00e7\u00e3o com altos e baixos por algum tempo. Por\u00e9m, quando ficou claro que as metas prometidas por Macri n\u00e3o seriam atingidas, a situa\u00e7\u00e3o se deteriorou, obrigando o pa\u00eds a contrair um empr\u00e9stimo de US$ 56,3 bilh\u00f5es junto ao FMI em 2018. A vit\u00f3ria do peronista Alberto Fernandez no primeiro turno das elei\u00e7\u00f5es de outubro de 2019 trouxe alguma esperan\u00e7a a uma parcela da popula\u00e7\u00e3o argentina.\u00a0 A falta de resultados imediatos e a chegada da pandemia, em mar\u00e7o do ano passado, tornaram as coisas ainda mais dif\u00edceis.<\/p>\n

N\u00e3o \u00e9 f\u00e1cil enumerar todos os problemas que afligem a na\u00e7\u00e3o vizinha. Alguns deles, por\u00e9m, chamam a aten\u00e7\u00e3o: (i) a economia argentina permanece dependente da exporta\u00e7\u00e3o de produtos agr\u00edcolas, de baixo valor agregado, enquanto seu parque industrial apresenta sinais alarmantes de obsolesc\u00eancia; (ii) a infla\u00e7\u00e3o segue num patamar elevado para os padr\u00f5es internacionais, apesar de sucessivas tentativas de mant\u00ea-la controlada por meio de congelamento e\/ou tabelamento dos pre\u00e7os de determinados produtos; (iii) continua existindo na Argentina uma perigosa conviv\u00eancia da moeda local com o d\u00f3lar, com um ativo mercado paralelo que reflete enorme desconfian\u00e7a na moeda local; (iv) o pa\u00eds apresenta forte vulnerabilidade por n\u00e3o dispor de reservas internacionais suficientes para lhe permitir condi\u00e7\u00f5es favor\u00e1veis no enfrentamento das press\u00f5es ou mesmo na negocia\u00e7\u00e3o com os credores.<\/p>\n

Em conversa recente com Norberto Vidal, ex-c\u00f4nsul da Argentina em S\u00e3o Paulo,\u00a0 sobre problemas vividos por nossos pa\u00edses, ele revelou que em consequ\u00eancia da derrota nas prim\u00e1rias realizadas em 12 de setembro, o governo argentino passou a adotar a\u00e7\u00f5es desesperadas, com farta distribui\u00e7\u00e3o de recursos p\u00fablicos, com o objetivo de tentar evitar uma derrota ainda maior nas elei\u00e7\u00f5es legislativas que ser\u00e3o realizadas no pr\u00f3ximo dia 14 de novembro.<\/p>\n

Considerando a gravidade da situa\u00e7\u00e3o vivida pela Argentina e esse comportamento descontrolado do governo, imaginei que a diferen\u00e7a com a situa\u00e7\u00e3o da economia brasileira se ampliaria ainda mais.<\/p>\n

Ledo engano. Num prazo muito mais curto do que eu poderia supor, deparei-me com uma s\u00e9rie de a\u00e7\u00f5es que, tamb\u00e9m por motivos eleitoreiros, comprometeram rapidamente nossos indicadores econ\u00f4micos, com eleva\u00e7\u00e3o da infla\u00e7\u00e3o, deteriora\u00e7\u00e3o do c\u00e2mbio e viola\u00e7\u00e3o do teto de gastos. O argumento, falacioso em minha opini\u00e3o, foi a necessidade de priorizar aspectos sociais, como se houvesse incompatibilidade entre responsabilidade social e responsabilidade fiscal.<\/p>\n

As medidas adotadas provocaram, entre outras coisas, a demiss\u00e3o de dois dos mais importantes assessores do ministro Paulo Guedes, num raro exemplo, nos dias de hoje, de obedi\u00eancia aos padr\u00f5es de dec\u00eancia por parte de integrantes do Executivo[5]<\/a>.<\/p>\n

Com isso, al\u00e9m de nos aproximarmos da situa\u00e7\u00e3o da Argentina, estamos caminhando celeremente para um passado em que, diante do descontrole na \u00e1rea fiscal, toda a responsabilidade pela conten\u00e7\u00e3o da infla\u00e7\u00e3o fica com a pol\u00edtica monet\u00e1ria. Em outras palavras, com o Banco Central e sucessivas eleva\u00e7\u00f5es da taxa de juros.<\/p>\n

Como bem observa Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central:<\/p>\n

Quando um governo irrespons\u00e1vel eleva os gastos sem ter os recursos, imp\u00f5e ao Banco Central uma dura escolha. Ou este exerce sua independ\u00eancia, elevando a taxa de juros o que for necess\u00e1rio para cumprir seu mandato, ou se submete aos objetivos pol\u00edticos do governo, tornando-se prisioneiro da domin\u00e2ncia fiscal.<\/p>\n

Sua conclus\u00e3o \u00e9 bem objetiva: \u201cO que resta, diante da irresponsabilidade fiscal do governo e de sua base de apoio no Congresso, \u00e9 a esperan\u00e7a de que o Banco Central exer\u00e7a sua independ\u00eancia e cumpra seu mandato\u201d.<\/p>\n

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Refer\u00eancias e indica\u00e7\u00f5es bibliogr\u00e1ficas e webgr\u00e1ficas<\/strong>\u00a0<\/strong><\/p>\n

AGUINIS, Marcos. O atroz encanto de ser argentino.<\/strong> S\u00e3o Paulo: Editora Bei, 2002.\u00a0<\/strong><\/p>\n

_______________ \u00a1Pobre patria m\u00eda!: Panfleto.<\/strong> 9\u00aa ed. Buenos Aires: Sudameris, 2009.<\/p>\n

CHAGUE, Fernando. Eu (n\u00e3o) sou voc\u00ea amanh\u00e3.<\/strong> Folha de S. Paulo<\/em>, 26 de dezembro de 2019. Dispon\u00edvel em https:\/\/porque.com.br\/eu-nao-sou-voce-amanha<\/a>.\u00a0<\/strong><\/p>\n

DEPOIS das pedaladas, a obscenidade fiscal.<\/strong> O Estado de S. Paulo<\/em>, 23 de outubro de 2021, p. A3.<\/p>\n

FRANCO, Gustavo. O teto e o precip\u00edcio.<\/strong> O Estado de S. Paulo<\/em>, 31 de outubro de 2021, p. B6.<\/p>\n

GOLFAJN, Ilan. \u2018Responsabilidade social n\u00e3o significa irresponsabilidade fiscal\u2019.<\/strong> Entrevista a Jos\u00e9 Fucs. O Estado de S. Paulo<\/em>, 31 de outubro de 2021, p. B4.<\/p>\n

KUNTZ, Rolf. Bolsonaro e a privatiza\u00e7\u00e3o do Or\u00e7amento.<\/strong> O Estado de S. Paulo<\/em>, 24 de outubro de 2021, p. A8.<\/p>\n

MEIRELLES, Henrique. \u2018Estou vendo uma volta para tr\u00e1s. Um retrocesso\u2019.<\/strong> Entrevista a Adriana Fernandes. O Estado de S. Paulo<\/em>, 24 de outubro de 2021, p. B4.<\/p>\n

MENDON\u00c7A DE BARROS, Jos\u00e9 Roberto. Descendo a ladeira.<\/strong> O Estado de S. Paulo<\/em>, 31 de outubro de 2021, p. B3.<\/p>\n

MING, Celso. O Brasil. Mais parecido com a Argentina. <\/strong>O Estado de S. Paulo<\/em>, 24 de outubro de 2021, p. B3.\u00a0<\/strong><\/p>\n

PASTORE, Affonso Celso. S\u00f3 restou o Banco Central.<\/strong> O Estado de S. Paulo<\/em>, 24 de outubro de 2021, p. B2.\u00a0<\/strong><\/p>\n

RICUPERO, Rubens. O Brasil e o dilema da globaliza\u00e7\u00e3o.<\/strong> S\u00e3o Paulo: Editora SENAC. S\u00e9rie Livre Pensar, 2001.\u00a0<\/strong><\/p>\n

SCHUETTINGER, Robert Lindsay; BUTLER, Eamonn. Quarenta s\u00e9culos de controles de pre\u00e7os e sal\u00e1rios: o que n\u00e3o<\/em> se deve fazer no combate \u00e0 infla\u00e7\u00e3o. <\/strong>Tradu\u00e7\u00e3o de Anna Maria Capovilla. S\u00e3o Paulo: Vis\u00e3o, 1988.<\/p>\n

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[1]<\/a> Lamentavelmente, os respons\u00e1veis pela condu\u00e7\u00e3o da pol\u00edtica econ\u00f4mica do Brasil e da Argentina jamais leram o livro Quarenta s\u00e9culos de controles de pre\u00e7os e sal\u00e1rios<\/em><\/strong>, que tem o sugestivo subt\u00edtulo o que n\u00e3o se deve fazer no combate \u00e0 infla\u00e7\u00e3o<\/em><\/strong>.<\/p>\n

[2]<\/a> Em 1992, a infla\u00e7\u00e3o anual na Argentina foi de 17%, enquanto no Brasil atingiu 1.178%. Em 1993, ano anterior ao da ado\u00e7\u00e3o do Plano Real, a infla\u00e7\u00e3o brasileira foi de 2.567%, ao passo que a infla\u00e7\u00e3o m\u00e9dia no continente foi de 22%.<\/p>\n

[3]<\/a> No consagrado trabalho World Economic Performance Since 1870<\/em><\/strong>, Angus Maddison, um dos mais respeitados analistas de ciclos longos de desenvolvimento, identificou o Brasil como o pa\u00eds que apresentou melhor desempenho de 1870 a 1986, numa amostra que reunia os cinco maiores pa\u00edses da OCDE (EUA, Alemanha, Reino Unido, Fran\u00e7a e Jap\u00e3o) e os cinco maiores de fora da OCDE (R\u00fassia, China, \u00cdndia, M\u00e9xico e Brasil). Nesse estudo, publicado em 1987 e apontado pelo embaixador Rubens Ricupero (2001, p. 103) como \u201co mais impressionante de todos, por comparar grandes economias, portanto entidades pertencentes mais ou menos \u00e0 mesma ordem de grandeza, e por cobrir dura\u00e7\u00e3o de tempo t\u00e3o extensa\u201d, Maddison concluiu que \u201co melhor desempenho tinha sido o brasileiro, com a m\u00e9dia anual de 4,4% de crescimento; em termos per capita, o Jap\u00e3o ostentava o resultado mais alto, com 2,7%, mas o Brasil, n\u00e3o obstante a explos\u00e3o demogr\u00e1fica daquela fase, vinha logo em segundo lugar, com 2,1% de expans\u00e3o por ano\u201d.<\/p>\n

[4]<\/a> Todas as cita\u00e7\u00f5es do livro \u00a1Pobre patria m\u00eda!<\/em> <\/strong>foram traduzidas para o portugu\u00eas pelo autor.<\/p>\n

[5]<\/a> Os dois assessores que pediram exonera\u00e7\u00e3o de seus cargos no dia 21 de outubro foram Bruno Funchal, secret\u00e1rio especial do Tesouro e Or\u00e7amento, e Jeferson Bittencourt, secret\u00e1rio do Tesouro Nacional.<\/p>\n

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* Luiz Alberto Machado<\/strong> \u00e9 economista pela Universidade Mackenzie (1977), mestre em Criatividade e Inova\u00e7\u00e3o pela Universidade Fernando Pessoa (Portugal, 2012), assessor da Funda\u00e7\u00e3o Espa\u00e7o Democr\u00e1tico e conselheiro do Instituto Fernand Braudel.<\/p>\n

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Depois de comparar o desempenho hist\u00f3rico das economias do Brasil e da Argentina e de enfatizar as diferen\u00e7as que se observaram a partir do \u00eaxito do Plano Real em conter a infla\u00e7\u00e3o, o autor chama aten\u00e7\u00e3o para a perigosa reaproxima\u00e7\u00e3o das pol\u00edticas econ\u00f4micas dos dois pa\u00edses em raz\u00e3o da superposi\u00e7\u00e3o de interesses eleitoreiros. <\/p>\n","protected":false},"author":156,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"footnotes":""},"categories":[6],"tags":[889,769,117,891,890,45,492,662],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=\/wp\/v2\/posts\/3526"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=\/wp\/v2\/users\/156"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=%2Fwp%2Fv2%2Fcomments&post=3526"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=\/wp\/v2\/posts\/3526\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=%2Fwp%2Fv2%2Fmedia&parent=3526"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=%2Fwp%2Fv2%2Fcategories&post=3526"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=%2Fwp%2Fv2%2Ftags&post=3526"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}