{"id":3510,"date":"2021-10-19T02:06:12","date_gmt":"2021-10-19T05:06:12","guid":{"rendered":"http:\/\/www.brasil-economia-governo.org.br\/?p=3510"},"modified":"2021-10-19T02:09:32","modified_gmt":"2021-10-19T05:09:32","slug":"o-papel-das-organizacoes-internacionais-na-integracao-da-america-latina","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/?p=3510","title":{"rendered":"O Papel das Organiza\u00e7\u00f5es Internacionais na Integra\u00e7\u00e3o da Am\u00e9rica Latina"},"content":{"rendered":"

O Papel das Organiza\u00e7\u00f5es Internacionais na Integra\u00e7\u00e3o da Am\u00e9rica Latina[1]<\/a><\/strong><\/h1>\n

\u00a0<\/strong>Por Eiiti Sato*<\/em><\/p>\n

Para se compreender adequadamente o papel das organiza\u00e7\u00f5es internacionais no processo de integra\u00e7\u00e3o da Am\u00e9rica Latina \u00e9 importante retomar alguns conceitos centrais, uma vez que s\u00e3o frequentes os v\u00edcios no entendimento do pr\u00f3prio conceito de organiza\u00e7\u00e3o internacional, de seus prop\u00f3sitos e, principalmente, de suas limita\u00e7\u00f5es. Por exemplo, \u00e9 muito comum entender-se que a ONU \u00e9 uma inst\u00e2ncia fracassada j\u00e1 que, desde a sua cria\u00e7\u00e3o, ocorreram muitos conflitos armados. Trata-se, obviamente, de um entendimento equivocado do que, de fato, seria a institui\u00e7\u00e3o. Com efeito, a ONU n\u00e3o foi criada para funcionar como um substitutivo para a guerra. Na realidade, a ONU foi criada com um prop\u00f3sito bem menos presun\u00e7oso e mais humano, que \u00e9 o de promover a paz, isto \u00e9, foi criada para estender pontes de entendimento e oferecer mais uma inst\u00e2ncia de negocia\u00e7\u00e3o aos canais diplom\u00e1ticos tradicionais e, dessa forma, aumentar as chances de prevenir conflitos.<\/p>\n

O fato \u00e9 que, embora seja poss\u00edvel enumerar os conflitos armados que ocorreram desde a cria\u00e7\u00e3o da ONU, em 1945, n\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel enumerar os conflitos que foram evitados pela interveni\u00eancia da ONU que, geralmente, de modo discreto, por meio dos debates na Assembleia Geral e dos \u00f3rg\u00e3os que comp\u00f5em o Sistema ONU, promove reuni\u00f5es diplom\u00e1ticas, mant\u00e9m canais permanentemente abertos para consultas e, em muitos casos, realiza a\u00e7\u00f5es diplom\u00e1ticas e humanit\u00e1rias que, com pouco ru\u00eddo, ajuda a reduzir tens\u00f5es e abre caminho para o entendimento.<\/p>\n

De forma gen\u00e9rica, as organiza\u00e7\u00f5es internacionais podem ser definidas como entidades formadas por Estados Nacionais que, por meio de seus governos, se associam formalmente com o prop\u00f3sito de manejar de forma cooperativa e articulada as quest\u00f5es que afetam esses Estados. A partir da Segunda Guerra Mundial as organiza\u00e7\u00f5es internacionais tornaram-se mecanismos diplom\u00e1ticos que ajudam na coordena\u00e7\u00e3o de esfor\u00e7os em torno de quest\u00f5es econ\u00f4micas, sociais e pol\u00edticas que caracterizam o modo de vida nas sociedades modernas. A hist\u00f3ria recente mostra que a expans\u00e3o das organiza\u00e7\u00f5es internacionais a partir da segunda metade do s\u00e9culo XX foi um processo sist\u00eamico, isto \u00e9, ao mesmo tempo que ajudou para que a dimens\u00e3o internacional se tornasse parte do dia-a-dia de governos, empresas e institui\u00e7\u00f5es, o processo tamb\u00e9m ajudou para que se estabelecesse um crescente n\u00famero de redes internacionais na economia, nas ci\u00eancias e na vida cultural e social das na\u00e7\u00f5es.<\/p>\n

Esse processo, no entanto, n\u00e3o foi homog\u00eaneo. H\u00e1 \u00e1reas da atividade humana em que a integra\u00e7\u00e3o internacional avan\u00e7ou mais, enquanto \u00e9 poss\u00edvel observar que em outras atividades a integra\u00e7\u00e3o internacional n\u00e3o avan\u00e7ou tanto. Do mesmo modo, \u00e9 poss\u00edvel observar que em algumas partes do mundo a integra\u00e7\u00e3o regional e internacional avan\u00e7ou com mais vigor do que em outras regi\u00f5es. No caso da Am\u00e9rica Latina, objeto desta an\u00e1lise, verifica-se que a regi\u00e3o n\u00e3o est\u00e1 entre aquelas nas quais os processos de integra\u00e7\u00e3o mais avan\u00e7aram. As raz\u00f5es s\u00e3o v\u00e1rias, mas \u00e9 poss\u00edvel compreender essas raz\u00f5es agrupando-as em dois conjuntos: as raz\u00f5es que derivam dos desenvolvimentos estruturais na esfera internacional, e as raz\u00f5es que derivam do dinamismo dos pa\u00edses que comp\u00f5em a regi\u00e3o. Nesta an\u00e1lise, o foco ficar\u00e1 concentrado no dinamismo dos pa\u00edses, uma vez que esse fator depende diretamente das pol\u00edticas e das iniciativas praticadas pelos governos.<\/p>\n

Um referencial te\u00f3rico para a integra\u00e7\u00e3o internacional<\/strong><\/p>\n

Uma obra importante sobre o tema da integra\u00e7\u00e3o internacional, hoje pouco lembrada, \u00e9 a obra Swords Into Plowshares:\u00a0The Problems and Progress of In<\/strong>ternational Organization<\/em> de autoria de Inis Claude.[2]<\/a> <\/strong>A obra se concentra na forma\u00e7\u00e3o da Organiza\u00e7\u00e3o das Na\u00e7\u00f5es Unidas \u2013 ONU e de seu papel nas rela\u00e7\u00f5es internacionais, no entanto, vale considerar que, do ponto de vista da l\u00f3gica de funcionamento, organiza\u00e7\u00f5es como a ONU n\u00e3o diferem de organiza\u00e7\u00f5es regionais. Na realidade as reflex\u00f5es anteriores como a de Abb\u00e9 de Saint-Pierre e de Simon Bol\u00edvar eram voltadas para a integra\u00e7\u00e3o regional.[3]<\/a> No cap\u00edtulo inicial Inis Claude formula as condi\u00e7\u00f5es para a exist\u00eancia de uma organiza\u00e7\u00e3o internacional: 1) a exist\u00eancia de Estados est\u00e1veis; 2) contato relativamente intenso e sistem\u00e1tico entre as sociedades que comp\u00f5em esses Estados; 3) a exist\u00eancia de percep\u00e7\u00e3o de que h\u00e1 uma realidade distinta que surge a partir da coexist\u00eancia entre os Estados; e 4) o reconhecimento de que muitos problemas s\u00f3 podem ser adequadamente abordados por meio de arranjos e mecanismos internacionais.<\/p>\n

A primeira das condi\u00e7\u00f5es se refere basicamente ao per\u00edodo em que o sistema de Estados Nacionais ainda estava em forma\u00e7\u00e3o. Foi um longo per\u00edodo que se estendeu do s\u00e9culo XVII at\u00e9 os fins do s\u00e9culo XIX. Com efeito, os tratados internacionais que geram institui\u00e7\u00f5es visam \u00e0 continuidade e \u00e0 perman\u00eancia das rela\u00e7\u00f5es entre povos e, assim, n\u00e3o faz sentido pensar em tratados entre Estados signat\u00e1rios que, a qualquer momento, simplesmente podem deixar de existir, sendo incorporados a outros Estados, ou que podem ser fragmentados formando novos Estados. Vale lembrar que as fronteiras da Europa foram modificadas profundamente na esteira da Primeira Guerra Mundial e que, na primeira metade do s\u00e9culo XX, houve uma segunda onda de descoloniza\u00e7\u00e3o fragmentando imp\u00e9rios e formando dezenas de novos pa\u00edses. Esses fatos explicam porque as iniciativas de forma\u00e7\u00e3o de arranjos internacionais na Europa, como a de Abb\u00e9 de Saint-Pierre, e nas Am\u00e9ricas como a de Bol\u00edvar e da Uni\u00e3o Pan-Americana de James Blaine n\u00e3o prosperaram.<\/p>\n

A segunda condi\u00e7\u00e3o apontada por Inis Claude, refere-se ao fato de que a primeira motiva\u00e7\u00e3o para que se constitua uma organiza\u00e7\u00e3o internacional, inclusive as organiza\u00e7\u00f5es regionais, \u00e9 a exist\u00eancia de uma forte intera\u00e7\u00e3o entre as na\u00e7\u00f5es. Essa intera\u00e7\u00e3o pode ir al\u00e9m dos interesses econ\u00f4micos, muito embora na maioria das vezes as trocas comerciais e os fluxos financeiros estejam entre as principais formas de intera\u00e7\u00e3o. Na hist\u00f3ria da Europa, por exemplo, por s\u00e9culos, a religi\u00e3o foi um fator de not\u00e1vel import\u00e2ncia, especialmente na conforma\u00e7\u00e3o dos c\u00f3digos de conviv\u00eancia social e das institui\u00e7\u00f5es pol\u00edticas. Al\u00e9m disso, tamb\u00e9m por s\u00e9culos, casamentos entre casas reais podiam levar a uni\u00f5es pol\u00edticas, assim como a guerras e conflitos em torno de disputas din\u00e1sticas. A Guerra dos Cem Anos (1337-1453) teve como in\u00edcio a reivindica\u00e7\u00e3o do trono da Fran\u00e7a pelo Rei Eduardo III da Inglaterra, que era neto de Felipe o Belo, um dos reis mais not\u00e1veis da hist\u00f3ria da Fran\u00e7a. Durante a guerra houve intenso interc\u00e2mbio de pessoas, casamentos entre nobres franceses e ingleses, al\u00e9m de interc\u00e2mbio cultural sob as mais variadas formas. Por outro lado, o n\u00edvel e a intensidade da intera\u00e7\u00e3o explicam em grande parte a forma\u00e7\u00e3o de arranjos regionais, uma vez que, naturalmente, os pa\u00edses situados numa mesma regi\u00e3o geogr\u00e1fica tendem a apresentar mais oportunidades de intera\u00e7\u00e3o pol\u00edtica, econ\u00f4mica, social e cultural.<\/p>\n

A terceira e a quarta condi\u00e7\u00f5es apontadas por Inis Claude, s\u00e3o os elementos que ajudam a explicar mais diretamente o surgimento de propostas de forma\u00e7\u00e3o das modernas organiza\u00e7\u00f5es internacionais. A intera\u00e7\u00e3o sistem\u00e1tica efetivamente cria uma realidade distinta da a\u00e7\u00e3o externa de cada unidade. Ainda no s\u00e9culo XIX, foram surgindo as organiza\u00e7\u00f5es t\u00e9cnicas de pouco conte\u00fado pol\u00edtico. Com efeito, o interesse em disseminar o emprego de unidades de medida comuns e de padr\u00f5es t\u00e9cnicos que facilitassem o com\u00e9rcio e a fabrica\u00e7\u00e3o de produtos fez emergir sem grandes dificuldades v\u00e1rias organiza\u00e7\u00f5es voltadas para o estabelecimento de normas t\u00e9cnicas internacionais, de prote\u00e7\u00e3o de direitos de patentes e de esfor\u00e7o no sentido de organizar as comunica\u00e7\u00f5es internacionais (correios, tel\u00e9grafos e viagens). Essas organiza\u00e7\u00f5es, por seu baixo conte\u00fado pol\u00edtico, n\u00e3o atra\u00edam os intermin\u00e1veis debates envolvendo arranjos internacionais. Na esteira das duas confer\u00eancias de paz da Haia (1899 e 1907) foram propostas a forma\u00e7\u00e3o de uma Corte Permanente de Arbitragem e de uma Corte Internacional de Justi\u00e7a, que se consolidaram institucionalmente com a cria\u00e7\u00e3o da Liga das Na\u00e7\u00f5es em 1919.<\/p>\n

Assim, a exist\u00eancia de organiza\u00e7\u00f5es internacionais como as conhecemos atualmente, tem pouco mais de um s\u00e9culo de exist\u00eancia. O per\u00edodo em que realmente as organiza\u00e7\u00f5es internacionais passaram a fazer parte da pr\u00e1tica diplom\u00e1tica em termos regulares come\u00e7a com a crise da d\u00e9cada de 1930, que deixara claro que havia uma verdadeira \u201cordem econ\u00f4mica internacional\u201d. As tentativas dos EUA de resolver unilateralmente os problemas da Grande Depress\u00e3o fracassaram, revelando que, mesmo sendo a mais rica e poderosa entre as na\u00e7\u00f5es, sua economia fazia parte de um sistema econ\u00f4mico internacional e que, portanto, qualquer solu\u00e7\u00e3o precisava incluir a coopera\u00e7\u00e3o internacional por meio de tratados, acordos e at\u00e9 mesmo de institui\u00e7\u00f5es permanentes. Na esfera pol\u00edtica, um dos efeitos mais not\u00e1veis extra\u00eddos a experi\u00eancia tr\u00e1gica da Segunda Guerra Mundial foi a percep\u00e7\u00e3o de que a pol\u00edtica internacional, mesmo em ambiente de tens\u00e3o, passava a demandar a forma\u00e7\u00e3o de institui\u00e7\u00f5es de coopera\u00e7\u00e3o internacional em bases regulares. \u00c9 nesse quadro que v\u00e3o se consolidar a ONU, as institui\u00e7\u00f5es de Bretton Woods, o Gatt e o movimento pela integra\u00e7\u00e3o europeia. Tamb\u00e9m foi na esteira da Segunda Guerra Mundial, o Movimento por uma Europa Unida assumiu dimens\u00e3o formal resultando na forma\u00e7\u00e3o da Europa das Comunidades: a Comunidade do Carv\u00e3o e do A\u00e7o, a Comunidade Europeia de Energia At\u00f4mica, a Comunidade Econ\u00f4mica Europeia (CEE) e a Associa\u00e7\u00e3o Europeia de Livre Com\u00e9rcio (AELC).<\/p>\n

A integra\u00e7\u00e3o regional e suas dificuldades<\/strong><\/p>\n

Como j\u00e1 mencionado, nas Am\u00e9ricas do s\u00e9culo XIX, ocorreram as primeiras iniciativas de integra\u00e7\u00e3o. O movimento panamericanista<\/em> iniciado por Bol\u00edvar com a realiza\u00e7\u00e3o do Congresso do Panam\u00e1, em 1826, serviu para chamar a aten\u00e7\u00e3o para o fato de que havia um Novo Mundo distinto da Europa, e que poderia desenvolver novos padr\u00f5es para a conviv\u00eancia pol\u00edtica regional e internacional. No final do s\u00e9culo XIX e nas primeiras d\u00e9cadas do s\u00e9culo XX o movimento pelo Panamericanismo<\/em> ganhou um novo colorido mais pragm\u00e1tico e mais orientado para a integra\u00e7\u00e3o econ\u00f4mica sob a lideran\u00e7a dos Estados Unidos. No entanto, as grandes crises do s\u00e9culo XX \u2013 as duas guerras mundiais e a depress\u00e3o econ\u00f4mica da d\u00e9cada de 1930 \u2013 mostraram de forma dram\u00e1tica que as Am\u00e9ricas n\u00e3o poderiam seguir seu curso \u00e0 margem da pol\u00edtica e da economia que se tornaram efetivamente mundiais. Dessa forma, depois da Segunda Guerra Mundial, qualquer movimento no sentido da integra\u00e7\u00e3o no Continente Latino- Americano teria que levar em conta o cen\u00e1rio internacional mais amplo, inclusive porque os EUA \u2013 a grande pot\u00eancia regional \u2013 haviam passado a se constituir tamb\u00e9m na pot\u00eancia central da ordem econ\u00f4mica e pol\u00edtica mundial.<\/p>\n

Nesse novo quadro, qualquer iniciativa regional no Continente Americano precisaria levar em conta as condi\u00e7\u00f5es pol\u00edtico-estrat\u00e9gicas mundiais que emergiram da Segunda Guerra Mundial. Dessa forma, refletindo esse quadro, foram criadas institui\u00e7\u00f5es para dar sustenta\u00e7\u00e3o aos regimes internacionais tanto na esfera pol\u00edtica quanto econ\u00f4mica para os quais os Estados Unidos seriam o grande avalista. Assim, na esfera pol\u00edtica, a Organiza\u00e7\u00e3o das Na\u00e7\u00f5es Unidas passava a ser o n\u00facleo de um regime pol\u00edtico em torno do qual as iniciativas regionais deveriam acomodar as institui\u00e7\u00f5es existentes ou que eventualmente viessem a ser criadas. A transforma\u00e7\u00e3o da Uni\u00e3o Panamericana em Organiza\u00e7\u00e3o dos Estados Americanos em 1948 foi, tipicamente, um produto dessa acomoda\u00e7\u00e3o. Na esfera da economia, a cria\u00e7\u00e3o das institui\u00e7\u00f5es de Bretton Woods (FMI e Banco Mundial) e, mais tarde, a cria\u00e7\u00e3o do GATT (General Agreement on Tariffs and Trade<\/em>) e da Comiss\u00e3o Econ\u00f4mica para a Am\u00e9rica Latina e o Caribe (Cepal), que era uma das cinco comiss\u00f5es regionais do Conselho Econ\u00f4mico e Social da Organiza\u00e7\u00e3o das Na\u00e7\u00f5es Unidas (Ecosoc). Esse conjunto de institui\u00e7\u00f5es refletiam a forma\u00e7\u00e3o de regimes internacionais que deveriam servir de referenciais para quaisquer iniciativas econ\u00f4micas regionais.[4]<\/a><\/p>\n

Em virtude da not\u00e1vel supremacia americana, em que todas as na\u00e7\u00f5es da regi\u00e3o tinham nos EUA o parceiro econ\u00f4mico mais relevante, os anos do p\u00f3s-guerra foram marcados pela dissemina\u00e7\u00e3o do interesse pela realiza\u00e7\u00e3o de negocia\u00e7\u00f5es com os EUA com vistas \u00e0 promo\u00e7\u00e3o da industrializa\u00e7\u00e3o e do progresso econ\u00f4mico. O Brasil, por exemplo, j\u00e1 vinha ampliando suas rela\u00e7\u00f5es com os Estados Unidos, seja para consolidar sua produ\u00e7\u00e3o sider\u00fargica e modernizar sua agricultura, seja para abrir novas frentes por meio de coopera\u00e7\u00e3o com o governo e as institui\u00e7\u00f5es dos EUA. Por meio de um desses acordos foi poss\u00edvel instalar em S\u00e3o Jos\u00e9 dos Campos (SP) o Centro Tecnol\u00f3gico da Aeron\u00e1utica, que incluiu a cria\u00e7\u00e3o do Instituto Tecnol\u00f3gico da Aeron\u00e1utica (1950). Os produtos desses acordos foram essenciais para que, no futuro, o Brasil viesse a desenvolver sua pr\u00f3pria ind\u00fastria de avi\u00f5es. Outra iniciativa de coopera\u00e7\u00e3o com os EUA foi a instala\u00e7\u00e3o em 1951 da Comiss\u00e3o Mista Brasil-EUA para o Desenvolvimento Econ\u00f4mico<\/em> no \u00e2mbito do Minist\u00e9rio da Fazenda. A iniciativa era resultante de negocia\u00e7\u00f5es iniciadas em 1950 como parte do Programa Ponto IV<\/em> anunciado pelo Presidente Truman tendo por base o entendimento de que os EUA poderiam \u2013 e deveriam \u2013 ajudar as na\u00e7\u00f5es em desenvolvimento da Am\u00e9rica Latina por meio da assist\u00eancia t\u00e9cnica. Do ponto de vista do Brasil, como tamb\u00e9m das demais na\u00e7\u00f5es, havia a expectativa de que, de algum modo, essa coopera\u00e7\u00e3o com os EUA poderia repetir, ao menos em parte, o sucesso obtido pelo Plano Marshall na reconstru\u00e7\u00e3o europeia. Dessa forma, em grande medida, a diplomacia das na\u00e7\u00f5es latino-americanas se movia de modo semelhante \u00e0 brasileira, procurando abrir canais de coopera\u00e7\u00e3o com os EUA, a grande pot\u00eancia regional e mundial.<\/p>\n

No plano do com\u00e9rcio, o estabelecimento do GATT indicava que um regime internacional para o com\u00e9rcio seria estabelecido em torno de um acordo geral<\/em> e n\u00e3o a partir de uma organiza\u00e7\u00e3o internacional<\/em>. Esse acordo geral n\u00e3o criava deveres e obriga\u00e7\u00f5es comerciais espec\u00edficas para as na\u00e7\u00f5es, estabelecia apenas normas gerais que deveriam orientar as trocas comerciais entre as na\u00e7\u00f5es. A maioria dos pa\u00edses, sobretudo a partir dos anos da grande crise da d\u00e9cada de 1930, tinha assinado acordos comerciais com os EUA, ou participavam de arranjos sobre commodities<\/em> que come\u00e7aram a se formar depois da Primeira Guerra Mundial, e que se aceleraram a partir da crise da d\u00e9cada de 1930. As principais motiva\u00e7\u00f5es para esses acordos comerciais eram o interesse generalizado pela redu\u00e7\u00e3o da volatilidade dos mercados de commodities<\/em> e tamb\u00e9m a preocupa\u00e7\u00e3o com a preserva\u00e7\u00e3o dos mercados dom\u00e9sticos de trabalho.[5]<\/a><\/p>\n

Pela cl\u00e1usula XXIV, o Gatt abria a possibilidade de que arranjos regionais pudessem ser estruturados sem ferir o princ\u00edpio geral da na\u00e7\u00e3o mais favorecida<\/em> que as partes contratantes do Gatt deveriam respeitar. Ou seja, qualquer arranjo regional \u00e9 motivado pelo entendimento de que seus integrantes podem oferecer mutuamente vantagens que n\u00e3o t\u00eam condi\u00e7\u00f5es de oferecer \u00e0s economias n\u00e3o integrantes do arranjo regional. Dessa forma, o artigo XXIV abria a possibilidade de que arranjos regionais se formassem sem caracterizar desrespeito ao princ\u00edpio da na\u00e7\u00e3o mais favorecida<\/em>. Todos os governos integrantes do GATT entendiam que o objetivo maior do GATT era o de promover a expans\u00e3o do com\u00e9rcio, principalmente por meio da redu\u00e7\u00e3o ou da elimina\u00e7\u00e3o de tarifas e de outras barreiras comerciais e que, um tal objetivo, na maioria das vezes, n\u00e3o poderia ser atingido de forma homog\u00eanea e simultaneamente, por todas as economias, integrantes ou n\u00e3o do GATT.<\/p>\n

Na realidade, ap\u00f3s o final da Segunda Guerra Mundial, o ambiente pol\u00edtico na Europa era francamente marcado pela ideia de uma Europa unida. \u00c0 \u00e9poca havia um atuante comit\u00ea de coordena\u00e7\u00e3o internacional dos movimentos para a unifica\u00e7\u00e3o da Europa. Esse comit\u00ea organizou em Maio de 1948, um grande Congresso Europeu, que foi presidido por Winston Churchill, cuja lideran\u00e7a na luta contra o nazismo havia se destacado de forma not\u00e1vel. O congresso \u00a0contou com a participa\u00e7\u00e3o de cerca de 800 delegados, que inclu\u00edam as mais not\u00e1veis lideran\u00e7as europeias dos pa\u00edses vencedores e vencidos da Segunda Guerra Mundial. A partir de ent\u00e3o a integra\u00e7\u00e3o europeia efetivamente come\u00e7ara a ganhar forma institucional que resultaria em tr\u00eas organiza\u00e7\u00f5es que serviriam da base para o que, mais tarde, viria a ser a Uni\u00e3o Europeia: a Comunidade Europeia do Carv\u00e3o e do A\u00e7o (1951), a Comunidade Europeia de Energia At\u00f4mica (1957), e a Comunidade Econ\u00f4mica Europeia (1957).<\/p>\n

A \u201ctriangularidade\u201d ma integra\u00e7\u00e3o Latino Americana<\/strong><\/p>\n

Em virtude da centralidade da Europa no sistema internacional, esse movimento pela integra\u00e7\u00e3o europeia revigorou o interesse pela integra\u00e7\u00e3o regional, refor\u00e7ando o entendimento de que a integra\u00e7\u00e3o comercial constitu\u00eda uma iniciativa necess\u00e1ria, inclusive para sustentar uma integra\u00e7\u00e3o pol\u00edtica. Assim, sob esse renovado interesse pela integra\u00e7\u00e3o que se espalhou pelo mundo, na Am\u00e9rica Latina, em 18 de Fevereiro de 1960, foi assinado o Tratado de Montevideo que instituiu a Associa\u00e7\u00e3o Latino-Americana de Livre-Com\u00e9rcio \u2013 Alalc \u2013 com o objetivo de promover a integra\u00e7\u00e3o econ\u00f4mica na regi\u00e3o. Foram signat\u00e1rios desse tratado Argentina, Brasil, Chile, M\u00e9xico, Paraguai, Peru e Uruguai, aos quais se juntaram mais tarde Col\u00f4mbia (1961), Equador (1962), Venezuela (1966}\u00a0 e\u00a0 Bol\u00edvia (1967). Em 1980, foi assinado um novo Tratado de Montevideo transformando a Alalc em Aladi (Associa\u00e7\u00e3o Latino-Americana de em Integra\u00e7\u00e3o). Essa transforma\u00e7\u00e3o incorporava a experi\u00eancia europeia que evidenciara o fato de que a integra\u00e7\u00e3o regional era um processo que deveria evoluir gradativamente. Uma forma de dar curso a esse processo seria por meio da cria\u00e7\u00e3o de arranjos sub-regionais na Am\u00e9rica Latina, permitindo assim maior flexibilidade aos movimentos de integra\u00e7\u00e3o regional no Continente. Na realidade, essa transforma\u00e7\u00e3o institucional atendia melhor a grande diversidade do Continente que, j\u00e1 em 1960, vira nascer o Mercado Comum Centro Americano e, em 1969, o Pacto Andino, como arranjos sub-regionais.<\/p>\n

O fato \u00e9 que a expans\u00e3o da rede de organiza\u00e7\u00f5es internacionais depois da Segunda Guerra Mundial, em princ\u00edpio, podia ajudar o processo de integra\u00e7\u00e3o regional no Continente ao facilitar a ado\u00e7\u00e3o de padr\u00f5es universais que facilitavam a integra\u00e7\u00e3o econ\u00f4mica, social e pol\u00edtica. No entanto, ao mesmo tempo, essa expans\u00e3o de organiza\u00e7\u00f5es internacionais servia tamb\u00e9m para chamar a aten\u00e7\u00e3o de governantes sobre o fato de que havia sempre um mundo para al\u00e9m dos blocos regionais na Am\u00e9rica Latina que merecia alguma aten\u00e7\u00e3o. Em um sentido mais geral, a integra\u00e7\u00e3o internacional em escala mundial foi um processo que avan\u00e7ou de forma substancial depois de 1945, em especial a partir da d\u00e9cada de 1980 quando esse processo de integra\u00e7\u00e3o internacional passou a ser chamado de \u201cglobaliza\u00e7\u00e3o\u201d.<\/p>\n

Em termos te\u00f3ricos vale chamar a aten\u00e7\u00e3o para uma formula\u00e7\u00e3o de Rubens Ricupero que, ao analisar a pol\u00edtica externa brasileira entre 1930 e 1990, argumentava que, tal como ocorria com outras na\u00e7\u00f5es latino-americanas, qualquer rela\u00e7\u00e3o bilateral do Brasil na realidade precisava ser vista como uma \u201crela\u00e7\u00e3o triangular\u201d, na qual os EUA sempre ocupavam um dos v\u00e9rtices.[6]<\/a> E esse fato ocorria n\u00e3o porque os EUA praticassem uma pol\u00edtica intervencionista ou controladora dos destinos de seus vizinhos, mas simplesmente pela sua condi\u00e7\u00e3o de grande pot\u00eancia e de maior economia do mundo. Essa condi\u00e7\u00e3o significava que, para a maioria das na\u00e7\u00f5es da regi\u00e3o, os EUA eram o mercado mais importante para suas exporta\u00e7\u00f5es e tamb\u00e9m a principal fonte de oportunidades e de recursos financeiros.<\/p>\n

Quando consideramos o que vem ocorrendo em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 China nos \u00faltimos anos, essa hip\u00f3tese se afigura bastante plaus\u00edvel, j\u00e1 que nos anos recentes, apesar da dist\u00e2ncia, a China tornou-se o maior mercado para as exporta\u00e7\u00f5es brasileiras e vem crescendo de import\u00e2ncia para muitas outras na\u00e7\u00f5es Latino-americanas. Conforme dados recentes, apenas 6,5% das importa\u00e7\u00f5es brasileiras em 2020 vieram dos pa\u00edses do Mercosul enquanto, do lado das exporta\u00e7\u00f5es, somente 6% dos produtos exportados pelo Brasil tiveram por destino os pa\u00edses do Mercosul. Por outro lado, esses dados se tornam ainda mais dram\u00e1ticos se forem comparados com o com\u00e9rcio com a China que, em 2020, recebeu nada menos do que 32,4% do total exportado pelo Brasil enquanto, por outro lado, a China foi respons\u00e1vel por 21,7 % das importa\u00e7\u00f5es brasileiras. Os dados mostram que outros pa\u00edses da regi\u00e3o tamb\u00e9m seguem curso semelhante ao do Brasil. Por exemplo, em abril deste ano, a Argentina exportou US$ 509 milh\u00f5es para a China enquanto para o mercado brasileiro, as exporta\u00e7\u00f5es argentinas somaram apenas US$ 387 milh\u00f5es. Ou seja, h\u00e1 muitas raz\u00f5es para entender que o \u201cpadr\u00e3o triangular\u201d continua vigente, mesmo com a mudan\u00e7a dos atores, isto \u00e9, o fen\u00f4meno do \u201cpadr\u00e3o triangular\u201d apontada por Ricupero tem mais a ver com a condi\u00e7\u00e3o de grande pot\u00eancia do que com as pol\u00edticas praticadas de forma deliberada para influenciar as economias da regi\u00e3o.<\/p>\n

A integra\u00e7\u00e3o Latino Americana \u00e9, sem qualquer d\u00favida, um processo complexo, cujo sucesso ou fracasso depende de v\u00e1rios fatores. Entre os poss\u00edveis fatores, talvez o mais geral e mais decisivo seja o fato de que n\u00e3o tenha emergido na regi\u00e3o uma ou mais pot\u00eancias em condi\u00e7\u00f5es de exercer uma lideran\u00e7a efetiva no processo de integra\u00e7\u00e3o. Neste caso, o termo lideran\u00e7a n\u00e3o se refere \u00e0 disposi\u00e7\u00e3o de governantes da regi\u00e3o colocarem em pr\u00e1tica pol\u00edticas que considerem o exerc\u00edcio da lideran\u00e7a regional um objetivo supostamente desej\u00e1vel ou necess\u00e1rio para si e para a regi\u00e3o. Refere-se, essencialmente, \u00e0 exist\u00eancia de capacidade em termos de condi\u00e7\u00f5es econ\u00f4micas e pol\u00edticas para exercer de forma natural o papel de lideran\u00e7a na regi\u00e3o. Ou seja, refere-se ao tipo de lideran\u00e7a que n\u00e3o \u00e9 conquistada pela ret\u00f3rica, ou pelo simples desejo de exerc\u00ea-la por meio de uma diplomacia regional, mas sim pela posse da capacidade real em termos de recursos de poder, sobretudo econ\u00f4micos, que permitam ao pa\u00eds representar oportunidades e meios para o progresso das na\u00e7\u00f5es vizinhas. Uma possibilidade mais atraente seria a ocorr\u00eancia de mais de uma pot\u00eancia capaz de exercer essa lideran\u00e7a na regi\u00e3o, como ocorreu na Europa depois da Segunda Guerra Mundial quando, al\u00e9m da lideran\u00e7a exercida ao menos por tr\u00eas pot\u00eancias (Gr\u00e3-Bretanha, Alemanha e Fran\u00e7a), por diversas raz\u00f5es derivadas das circunst\u00e2ncias, a integra\u00e7\u00e3o europeia no p\u00f3s-guerra contou tamb\u00e9m com a lideran\u00e7a exercida pelos EUA, que via na recupera\u00e7\u00e3o e desenvolvimento da Europa um elemento central para seu pr\u00f3prio progresso econ\u00f4mico e sua seguran\u00e7a estrat\u00e9gica.<\/p>\n

Infelizmente, no caso da integra\u00e7\u00e3o latino-americana n\u00e3o houve qualquer caso de lideran\u00e7a regional expressiva que pudesse desempenhar esse tipo de lideran\u00e7a. Tendo em vista o peso relativo da Argentina e do Brasil no Continente Sul-Americano, uma associa\u00e7\u00e3o dessas duas na\u00e7\u00f5es, por exemplo, poderia formar efetivamente um eixo capaz de influenciar de maneira decisiva e muito positiva um processo de integra\u00e7\u00e3o na regi\u00e3o. No entanto, na ordem internacional do p\u00f3s-guerra o quadro pol\u00edtico e econ\u00f4mico nessas duas na\u00e7\u00f5es jamais se apresentou prop\u00edcio a um desenvolvimento nessa dire\u00e7\u00e3o. Um raro e breve momento em que essa possibilidade se afigurou favor\u00e1vel resultou na forma\u00e7\u00e3o do Mercosul que, ao longo dos anos 1990, parecia ter energia para impulsionar a integra\u00e7\u00e3o regional.<\/p>\n

Essa possibilidade, no entanto, revelou-se incapaz de sobreviver diante da evolu\u00e7\u00e3o tanto do quadro econ\u00f4mico e pol\u00edtico dom\u00e9stico quanto da ordem internacional. Na ordem interna, tanto no Brasil quanto na Argentina, desde os fins da d\u00e9cada de 1990, os v\u00edcios da velha pol\u00edtica trouxeram de volta os baixos investimentos e as descontinuidades nas pol\u00edticas de Estado. Por outro lado, no plano internacional, na esteira de uma nova onda de avan\u00e7os tecnol\u00f3gicos, a globaliza\u00e7\u00e3o avan\u00e7ou alterando de forma bastante radical os padr\u00f5es de investimento e de com\u00e9rcio em escala global. O baixo dinamismo das institui\u00e7\u00f5es econ\u00f4micas e pol\u00edticas tanto da Argentina quanto do Brasil, virtualmente, tornava invi\u00e1vel qualquer possibilidade desses pa\u00edses absorverem e participarem ativamente nas transforma\u00e7\u00f5es mundiais em curso. A consequ\u00eancia \u00f3bvia \u00e9 que os avan\u00e7os na ind\u00fastria e no com\u00e9rcio passaram a se concentrar nos polos mais din\u00e2micos da economia mundial, ou seja, nos EUA, na Europa e na \u00c1sia. O fato \u00e9 que a condi\u00e7\u00e3o perif\u00e9rica da Am\u00e9rica Latina em termos econ\u00f4micos e pol\u00edticos tornou-se n\u00e3o apenas mais acentuada, mas tamb\u00e9m mais estruturalmente definida. Alguns dados referentes ao Brasil s\u00e3o ilustrativos desse fato.<\/p>\n

Em termos gerais, a economia brasileira nos \u00faltimos anos tem crescido a taxas mais baixas do que a m\u00e9dia mundial. De acordo com dados do Banco Mundial, entre 2005 e 2019, a taxa m\u00e9dia de crescimento da economia mundial foi de 2,81% ao ano, enquanto a economia brasileira no per\u00edodo cresceu a uma taxa m\u00e9dia de apenas 2,18% ao ano. Na realidade, foi uma taxa de crescimento mais baixo inclusive do que a da Am\u00e9rica Latina & Caribe que foi de 2,35% ao ano. Ou seja, um desempenho econ\u00f4mico bem pouco invej\u00e1vel e totalmente incapaz de motivar e de inspirar qualquer na\u00e7\u00e3o da regi\u00e3o. Nesse sentido, a crescente influ\u00eancia da China na regi\u00e3o, em grande parte pode ser explicada pelo seu desempenho econ\u00f4mico que, entre 2005 e 2019, cresceu a uma taxa de 8,94% ao ano, significando que a economia chinesa reunia com sobras as condi\u00e7\u00f5es para se tornar uma alternativa atraente por oferecer crescentes oportunidades de investimentos e de moderniza\u00e7\u00e3o tecnol\u00f3gica.<\/p>\n

Em termos econ\u00f4micos, as taxas de crescimento dependem bastante das taxas de investimento total das na\u00e7\u00f5es e, nesse quesito, as perspectivas brasileiras n\u00e3o t\u00eam sido nada animadoras. Com efeito, as taxas de investimento total das na\u00e7\u00f5es s\u00e3o definidas como propor\u00e7\u00e3o do PIB e incluem tanto os investimentos p\u00fablicos quanto os privados.[7]<\/a> Um pa\u00eds como a China cujas taxas de crescimento t\u00eam ficado em torno de 9% ao ano, em 2018 seu investimento total foi de 44,27% do PIB, enquanto a m\u00e9dia mundial oscilou entre 21% e 23% nos \u00faltimos anos. O Brasil, por sua vez, infelizmente tem mantido as menores taxas de investimento total entre as grandes economias. H\u00e1 mais de duas d\u00e9cadas, os investimentos totais no Brasil tem permanecido pr\u00f3ximo dos 6% abaixo da m\u00e9dia mundial. Nos anos de 2016, 2017 e 2018 os investimentos totais da economia brasileira somaram apenas 14,97%, 15,01% 15,40% do PIB, respectivamente.[8]<\/a> Essas cifras servem como boa parte da explica\u00e7\u00e3o para os baixos \u00edndices de crescimento da economia brasileira, especialmente quando se considera o fato de que os investimentos (ou a falta deles) s\u00e3o cumulativos. Em outras palavras, o baixo desempenho da economia brasileira n\u00e3o favorece a movimenta\u00e7\u00e3o das for\u00e7as econ\u00f4micas voltadas para o regionalismo mas, ao contr\u00e1rio, a pr\u00f3pria economia brasileira tem hoje como seus mercados principais a China, a Uni\u00e3o Europeia e os EUA. Os n\u00edveis notavelmente baixos dos investimentos ajudam a explicar tamb\u00e9m a crescente concentra\u00e7\u00e3o na exporta\u00e7\u00e3o de produtos de baixo valor agregado.[9]<\/a> Apenas por um breve momento, no final da d\u00e9cada de 1990, o Mercosul chegou a absorver quase 15% das exporta\u00e7\u00f5es brasileiras e, mais recentemente, o mercado chin\u00eas tamb\u00e9m superou o mercado brasileiro para as exporta\u00e7\u00f5es argentinas. Al\u00e9m disso, a pr\u00f3pria teoria tradicional da integra\u00e7\u00e3o j\u00e1 argumentava nas d\u00e9cadas de 1960 e 1970 que a concentra\u00e7\u00e3o das exporta\u00e7\u00f5es em bens de baixo valor agregado (bens prim\u00e1rios) n\u00e3o ajudava o avan\u00e7o da integra\u00e7\u00e3o, uma vez que esses bens geralmente n\u00e3o abrem espa\u00e7o para a complementaridade entre as economias da regi\u00e3o.[10]<\/a><\/p>\n

Enfim, o que se pode deduzir \u00e9 que, apesar das transforma\u00e7\u00f5es na economia mundial e na pr\u00f3pria regi\u00e3o, \u00e9 preciso reconhecer a for\u00e7a e a persist\u00eancia do argumento te\u00f3rico da \u201ctriangularidade\u201d que tem atuado contra as for\u00e7as de integra\u00e7\u00e3o, uma vez que em nenhum momento houve alguma pot\u00eancia na regi\u00e3o que reunisse as condi\u00e7\u00f5es para exercer efetivamente lideran\u00e7a econ\u00f4mica e pol\u00edtica na regi\u00e3o. Em suma, mesmo que se admita a exist\u00eancia de outros fatores, o pouco avan\u00e7o das iniciativas de integra\u00e7\u00e3o no Continente Latino-Americano, em larga medida, se deveu basicamente ao desempenho med\u00edocre das grandes economias da regi\u00e3o como a brasileira e a argentina na Am\u00e9rica do Sul e a mexicana na Am\u00e9rica Central e no Caribe.<\/p>\n

Considera\u00e7\u00f5es finais<\/strong><\/p>\n

A t\u00edtulo de reflex\u00e3o final sobre o tema, parece oportuno comparar alguns aspectos da experi\u00eancia de regionalismo na Am\u00e9rica Latina e Caribe com o processo de integra\u00e7\u00e3o na Europa. De in\u00edcio, cabe apontar que a integra\u00e7\u00e3o europeia tem por base uma longa hist\u00f3ria de integra\u00e7\u00e3o. Na realidade, desde a Idade M\u00e9dia, a integra\u00e7\u00e3o europeia sempre foi parte da vida econ\u00f4mica, pol\u00edtica e social da Europa. N\u00e3o apenas iniciativas como a Liga Hanse\u00e1tica caracterizaram essa integra\u00e7\u00e3o hist\u00f3rica, mas os casamentos entre fam\u00edlias reais, as institui\u00e7\u00f5es e pr\u00e1ticas das corpora\u00e7\u00f5es de of\u00edcio, a religi\u00e3o, a l\u00edngua e at\u00e9 mesmo os muitos conflitos ao longo da turbulenta hist\u00f3ria europeia n\u00e3o deixavam de se constituir em facetas da intensa conviv\u00eancia entre as na\u00e7\u00f5es do continente. Do ponto de vista econ\u00f4mico, muito antes do estabelecimento da CEE o com\u00e9rcio intrarregional j\u00e1 era relevante para todas as na\u00e7\u00f5es europeias. Foi apenas a partir da era dos descobrimentos (s\u00e9culo XVI) que a vida econ\u00f4mica europeia come\u00e7ou a se expandir para regi\u00f5es e na\u00e7\u00f5es n\u00e3o europeias. Mesmo com o avan\u00e7o da globaliza\u00e7\u00e3o nos fins do s\u00e9culo XX, o com\u00e9rcio intrarregional para a maioria dos pa\u00edses que haviam passado a integrar a Uni\u00e3o Europeia sempre se manteve em n\u00edveis acima de 50%. No caso de outros arranjos regionais, como o Mercosul, por exemplo, o com\u00e9rcio intrabloco nunca teve uma import\u00e2ncia compar\u00e1vel \u00e0 dos pa\u00edses europeus. Dessa forma, n\u00e3o se pode argumentar que iniciativas de integra\u00e7\u00e3o como as da Am\u00e9rica Latina devam ser consideradas fracassadas, mas apenas questionar se n\u00e3o poderiam ter ido um pouco mais al\u00e9m.<\/p>\n

\u00a0<\/strong>Evolu\u00e7\u00e3o das exporta\u00e7\u00f5es brasileiras segundo o destino (%): 1990-2004<\/strong>.<\/h5>\n
Destino \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 1990 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 1994 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 1998 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 2002 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 2004 <\/strong><\/h5>\n
Pa\u00edses do Mercosul \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 4,20 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 13,59 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 17,37 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 5,48 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 9,24<\/h5>\n
Outros membros ALADI \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 3,15 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 4,70 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 3,96 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 6,30 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 6,73<\/h5>\n
Uni\u00e3o Europeia \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 32,36 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 28,01 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 28,84 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 25,01 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 24,25<\/h5>\n
Estados Unidos \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 24,17 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 20,24 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 19,06 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 25,44 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 20,77<\/h5>\n
Outros Pa\u00edses \u00a0\u00a0\u00a0 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 36,12 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 33,45 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 30,78 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 37,77 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 39,01<\/h5>\n
Fonte: CEPAL (2005)<\/h5>\n
Nota<\/strong>: Depois de 2008, o Mercosul tem oscilado em torno de 6,5% como destino das exporta\u00e7\u00f5es brasileiras.<\/h5>\n
<\/h5>\n
Evolu\u00e7\u00e3o das exporta\u00e7\u00f5es argentinas segundo o destino (%): 1990-2004.<\/strong><\/h5>\n
Destino \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 1990 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 1994 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 1998 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 2002 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 2004 <\/strong><\/h5>\n
Pa\u00edses do Mercosul \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 14,84 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 30,33 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 35,64 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 22,31 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 19,59<\/h5>\n
Outros membros ALADI \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 6,34 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 8,03 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 8,01 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 14,14 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 14,10<\/h5>\n
Uni\u00e3o Europ\u00e9ia \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 30,85 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 24,82 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 17,50 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 19,94 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 17,17<\/h5>\n
Estados Unidos \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 13,48 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 10,88 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 8,29 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 11,27 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 10,80<\/h5>\n
Outros Pa\u00edses \u00a0\u00a0\u00a0 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 34,49 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 25,94 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 30,55 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 32,33 \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 38,32<\/h5>\n
Fonte: CEPAL (2005)<\/h5>\n

Como reflex\u00e3o adicional, que pode ilustrar o baixo interesse no regionalismo no Brasil, vale mencionar o caso da OTCA (Organiza\u00e7\u00e3o do Tratado de Coopera\u00e7\u00e3o Amaz\u00f4nica<\/em>), que resultou de uma iniciativa nascida na pr\u00f3pria regi\u00e3o e, mais especificamente, de uma iniciativa da diplomacia brasileira. Com efeito, a OTCA \u00e9 uma organiza\u00e7\u00e3o intergovernamental, formalmente constitu\u00edda por 8 Pa\u00edses Membros: Bol\u00edvia, Brasil, Col\u00f4mbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. Surgiu em decorr\u00eancia do Tratado de Coopera\u00e7\u00e3o Amaz\u00f4nica, que foi assinado em 3 de julho de 1978, tendo como objetivos b\u00e1sicos a preserva\u00e7\u00e3o do meio ambiente e o uso racional dos recursos naturais da Amaz\u00f4nia. Em dezembro de 1995, o tratado foi transformado em organiza\u00e7\u00e3o internacional e, em 2003, foi estabelecida a Secretaria Permanente da OTCA com sede em Bras\u00edlia. \u00c9 desnecess\u00e1rio insistir na atualidade, nos benef\u00edcios e no papel de destaque que a coopera\u00e7\u00e3o regional poderia desempenhar para o Brasil e para toda a regi\u00e3o, caso uma organiza\u00e7\u00e3o como a OTCA de fato ganhasse corpo e relev\u00e2ncia. Desde que a OTCA foi concebida, as quest\u00f5es referentes ao desenvolvimento da regi\u00e3o amaz\u00f4nica, infelizmente s\u00f3 tem ganhado destaque no que genericamente poderia ser chamado de \u201cagenda internacional negativa\u201d quando, na realidade, o potencial de possibilidades positivas sempre foi reconhecido por governos e analistas sob os mais variados \u00e2ngulos. Trata-se de um caso absolutamente inequ\u00edvoco de que cabia ao Brasil liderar essa iniciativa, a come\u00e7ar pelo fato simples e objetivo de que a maior parte da Amaz\u00f4nia se situa em territ\u00f3rio brasileiro. Apesar de tudo, os sucessivos governos brasileiros, ao longo do tempo, preferiram deixar a OTCA \u00e0 m\u00edngua, preferindo ocupar-se com o recebimento de doa\u00e7\u00f5es de funda\u00e7\u00f5es ambientalistas estrangeiras enquanto destinavam praticamente a totalidade dos recursos fiscais nacionais dispon\u00edveis a outros prop\u00f3sitos. O fato \u00e9 que n\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel por em pr\u00e1tica qualquer pol\u00edtica externa de relev\u00e2ncia sem o emprego de recursos e, no caso de organiza\u00e7\u00f5es internacionais como instrumento da diplomacia dos pa\u00edses, os recursos necess\u00e1rios para seu funcionamento s\u00f3 podem advir de seus pa\u00edses associados, que destinam valores a essas organiza\u00e7\u00f5es proporcionalmente ao n\u00edvel de seus interesses e de seu comprometimento moral e pol\u00edtico.<\/p>\n

Nesse aspecto, verifica-se que no quadro or\u00e7ament\u00e1rio brasileiro jamais projetos e iniciativas como as que poderiam derivar de uma entidade como a OTCA teve qualquer relev\u00e2ncia. Nos \u00faltimos anos, nada menos do que 94% de toda a arrecada\u00e7\u00e3o fiscal (Federal, Estadual e Municipal) foram gastos com o pagamento de sal\u00e1rios e de uma ampla gama de benef\u00edcios para servidores p\u00fablicos ativos ou aposentados e pensionistas dos tr\u00eas poderes, ou ainda na manuten\u00e7\u00e3o de direitos e de privil\u00e9gios de corpora\u00e7\u00f5es, adquiridos por meio de decis\u00f5es legislativas ou de inst\u00e2ncias judici\u00e1rias. Nesse quadro, apenas 6% da arrecada\u00e7\u00e3o fiscal total s\u00e3o destinados para o custeio de atividades fins de todos os minist\u00e9rios e ag\u00eancias oficiais no n\u00edvel federal, estadual e municipal. A t\u00edtulo de compara\u00e7\u00e3o, no caso do Governo Americano a parte discricion\u00e1ria do or\u00e7amento p\u00fablico corresponde a mais de 30% da arrecada\u00e7\u00e3o p\u00fablica e, para ilustrar outra diferen\u00e7a na destina\u00e7\u00e3o de recursos p\u00fablicos no Brasil em rela\u00e7\u00e3o a outras na\u00e7\u00f5es, vale notar, por exemplo, que o or\u00e7amento do Poder Legislativo brasileiro (C\u00e2mara dos Deputados e Senado Federal) custa tr\u00eas vezes o Legislativo do Jap\u00e3o e duas vezes o Legislativo da Alemanha.<\/p>\n

Outro retrato da baixa capacidade da na\u00e7\u00e3o brasileira de exercer algum papel de lideran\u00e7a na ordem internacional \u00e9 refletido nos movimentos migrat\u00f3rios internacionais. Poucas decis\u00f5es s\u00e3o t\u00e3o cruciais na vida de uma pessoa, ou de uma fam\u00edlia, quanto a decis\u00e3o de emigrar. Decide-se deixar o pa\u00eds em virtude de conflitos, de colapso da ordem pol\u00edtica e da falta de perspectivas enquanto, por outro lado, escolhe-se um pa\u00eds de destino na tentativa de a\u00ed encontrar novas esperan\u00e7as e novas oportunidades. Nesse quesito, h\u00e1 cerca de duas d\u00e9cadas, o Brasil tem sido um pa\u00eds cujo saldo tem sido negativo entre os que deixam o pa\u00eds e os que, vindos de outros pa\u00edses, buscam encontrar oportunidades no Brasil.[11]<\/a> Para os emigrantes das na\u00e7\u00f5es vizinhas, inclusive da depauperada Venezuela, o Brasil tem sido uma op\u00e7\u00e3o cada vez menos atraente, apesar da relativa facilidade para ingressar e para regularizar sua condi\u00e7\u00e3o no pa\u00eds.<\/p>\n

Em resumo, h\u00e1 muitos fatos que mostram que as maiores dificuldades para o avan\u00e7o da integra\u00e7\u00e3o nos pa\u00edses latino-americanos t\u00eam sua origem no fracasso das na\u00e7\u00f5es da regi\u00e3o em encontrar o caminho para o progresso. Com efeito, verifica-se na hist\u00f3ria recente que, na ordem internacional, expressa nos regimes pol\u00edticos e econ\u00f4micos constru\u00eddos ap\u00f3s a Segunda Guerra Mundial, a estagna\u00e7\u00e3o da Am\u00e9rica Latina contrastou bastante com o que ocorreu em outras regi\u00f5es do mundo. Foi sob os regimes do p\u00f3s-guerra que se verificou a reconstru\u00e7\u00e3o da Europa e do Jap\u00e3o. Foi tamb\u00e9m sob esses regimes internacionais que emergiram os \u201cTigres Asi\u00e1ticos\u201d e, mais tarde, o mundo testemunhou a impressionante ascens\u00e3o da China que, apesar de comandada pelo Partido Comunista, beneficiou-se dos fluxos de capitais e do com\u00e9rcio com o Ocidente capitalista e, em tr\u00eas d\u00e9cadas, saiu da obscuridade para ocupar a posi\u00e7\u00e3o que ocupa atualmente na ordem internacional.<\/p>\n

Em resumo, ao inv\u00e9s de procurar na ordem internacional explica\u00e7\u00f5es para as dificuldades de promover o progresso nacional e fazer avan\u00e7ar a integra\u00e7\u00e3o econ\u00f4mica e pol\u00edtica da regi\u00e3o, parece mais razo\u00e1vel concluir que as for\u00e7as que poderiam efetivamente impulsionar a integra\u00e7\u00e3o na regi\u00e3o ainda permanecem dormentes nos pa\u00edses da Am\u00e9rica Latina sob o peso de debates sobre quest\u00f5es abstratas e, na maior parte do tempo, desconectadas tanto das oportunidades de moderniza\u00e7\u00e3o e de crescimento quanto dos verdadeiros dilemas da ordem internacional.<\/p>\n

Um reflexo dessa desconex\u00e3o pode ser observado nos debates sobre o que ficou conhecido como Consenso de Washington<\/em> e que ocupou boa parte da intelectualidade da Am\u00e9rica Latina desde os anos 1990. Objetivamente, o Consenso de Washington<\/em> foi, em larga medida, inspirado pelos desenvolvimentos em curso nos pa\u00edses da \u00c1sia (Tigres Asi\u00e1ticos<\/em>) que obtinham grande sucesso em suas estrat\u00e9gias de moderniza\u00e7\u00e3o e desenvolvimento. O documento n\u00e3o foi al\u00e9m de uma mera recomenda\u00e7\u00e3o informal e n\u00e3o foi oficializado por qualquer institui\u00e7\u00e3o nacional ou internacional, tendo sido apenas a conclus\u00e3o de observadores e analistas que atuavam em institui\u00e7\u00f5es como o Banco Mundial e o FMI, cujas sedes est\u00e3o situadas na capital dos EUA e que, por dever de of\u00edcio, deveriam observar e analisar continuamente o desempenho da economia mundial. Para os analistas brasileiros e latino-americanos, que gastaram boa parte de seus esfor\u00e7os em criticar esse \u201cconsenso\u201d, talvez a quest\u00e3o que mais deveria incomod\u00e1-los deveria ser o fato de que desde a d\u00e9cada de 1980, o desempenho da economia brasileira e latino americana tem permanecido consistentemente abaixo da m\u00e9dia de crescimento da economia mundial. Os regimes de com\u00e9rcio, das transa\u00e7\u00f5es financeiras e do sistema monet\u00e1rio que serviam \u00e0 Coreia do Sul, \u00e0 Singapura, \u00e0 China e a v\u00e1rios outros pa\u00edses asi\u00e1ticos que virtualmente \u201cdecolaram\u201d a partir da d\u00e9cada de 1980, eram os mesmos que serviam ao Brasil e aos demais pa\u00edses latino-americanos. Por que n\u00e3o emergiu na regi\u00e3o um grupo de \u201ctigres latino-americanos\u201d?<\/p>\n

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 <\/p>\n

[1]<\/a> O presente ensaio \u00e9 produto de trabalho de reflex\u00e3o proporcionado por debate realizado no dia 24\/Setembro\/2021 no \u00e2mbito das atividades do Grupo de Estudos e Pesquisa em Organiza\u00e7\u00f5es Internacionais da Universidade Estadual Paulista (GEO-UNESP).<\/p>\n

[2]<\/a> Inis L. Claude, Jr. Swords into Plowshares: The Problems and Progress of International Organization<\/em>. (Random House, 1956).\u00a0 A edi\u00e7\u00e3o mais amplamente conhecida dessa obra \u00e9 a de 1964.<\/p>\n

[3]<\/a> Abb\u00e9 de Sait-Pierre foi Ministro de Louis XIV e elaborou uma \u201cProposta de Paz Perp\u00e9tua para a Europa<\/em>\u201d, que foi publicada em 1713. Por iniciativa de Bolivar em 1826 foi realizado o Congresso do Panam\u00e1<\/em>, com o prop\u00f3sito de se promover uma uni\u00e3o pol\u00edtica das na\u00e7\u00f5es americanas. Em 1890 foi realizada em Washington, D.C. a Primeira Confer\u00eancia Panamericana conduzida por James Blaine, que pretendia promover a integra\u00e7\u00e3o econ\u00f4mica das na\u00e7\u00f5es americanas.<\/p>\n

[4]<\/a> O Fundo Monet\u00e1rio Internacional (FMI) e o Banco Mundial foram criados na Confer\u00eancia de Bretton Woods, em 1944. A CEPAL foi criada em 1948, estabelecendo Santiago (Chile) como sede. O GATT foi criado na Rodada de Negocia\u00e7\u00f5es Comerciais de Genebra, em 1947, e tornada uma institui\u00e7\u00e3o permanente na Rodada Torquay (U.K.) em 1951.<\/p>\n

[5]<\/a> O ensaio escrito por John Ruggie intitulado \u00a0International Regimes, Transactions, and Change: Embedded Liberalism in the Postwar Economic Order<\/em>“<\/a> (in S. D. Krasner, International Regimes<\/em>, Cornell University Press, 1982) interpreta com muita propriedade o regime de \u201calma liberal\u201d, mas cheio de ambiguidades que caracterizou o regime de com\u00e9rcio do p\u00f3s-guerra.<\/p>\n

[6]<\/a> R. Ric\u00fapero, O Brasil, a Am\u00e9rica Latina e os EUA desde 1930: 60 Anos de uma Rela\u00e7\u00e3o Triangular<\/em>. In J. A. G. Albuquerque (org.), 60 Anos de Pol\u00edtica Externa Brasileira.<\/em> Vol. 1 pp. 37-60. NUPRI-USP.\u00a0 1996.<\/p>\n

[7]<\/a> Os investimentos p\u00fablicos incluem, entre outros itens, a constru\u00e7\u00e3o e manuten\u00e7\u00e3o de estradas, de pontes, de usinas de gera\u00e7\u00e3o de energia, de escolas e hospitais p\u00fablicos, etc. Os investimentos privados referem-se, obviamente, \u00e0 constru\u00e7\u00e3o e manuten\u00e7\u00e3o de f\u00e1bricas e de outras instala\u00e7\u00f5es produtivas, incluindo-se a reposi\u00e7\u00e3o de m\u00e1quinas e equipamentos. Vale notar que nas economias mais avan\u00e7adas 2\/3 dos investimentos em ci\u00eancia e tecnologia s\u00e3o realizados com recursos privados.<\/p>\n

[8]<\/a> Dados sobre investimentos disponibilizados pelo Banco Mundial.<\/p>\n

[9]<\/a> Dados do Minist\u00e9rio da Fazenda mostram que em 2020, entre os 10 produtos mais exportados pelo Brasil, apenas a celulose pode ser considerada um produto industrializado. O restante s\u00e3o bens exportados \u201cin natura\u201d<\/em> ou apenas beneficiados.<\/p>\n

[10]<\/a> O mais not\u00e1vel te\u00f3rico da integra\u00e7\u00e3o foi o estudioso h\u00fangaro Bela Balassa (1927-1991).<\/p>\n

[11]<\/a> Dados divulgados pelo Minist\u00e9rio das Rela\u00e7\u00f5es Exteriores, pelo Minist\u00e9rio da Justi\u00e7a e por outras ag\u00eancias oficiais, revelam que em 2020 havia mais e 4 milh\u00f5es de brasileiros vivendo em outros pa\u00edses enquanto no sentido inverso, havia menos de 1 milh\u00e3o de estrangeiros vivendo no Brasil.<\/p>\n

 <\/p>\n

*<\/strong> Eiiti Sato<\/strong> \u00e9 professor de Rela\u00e7\u00f5es Internacionais da Universidade de Bras\u00edlia.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

O autor examina particularidades referentes ao papel dos organismos internacionais nos processos de integra\u00e7\u00e3o regional, enfatizando os casos da integra\u00e7\u00e3o latino-americana.<\/p>\n","protected":false},"author":149,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"footnotes":""},"categories":[787,13],"tags":[880,881,883,882,877,879,878,876],"class_list":["post-3510","post","type-post","status-publish","format-standard","hentry","category-instituicoes-categorias","category-relacoes-economicas-com-o-exterior","tag-aladi","tag-cepal","tag-consenso-de-washington","tag-gatt","tag-integracao-regional","tag-oea","tag-onu","tag-organismos-internacionais"],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=\/wp\/v2\/posts\/3510","targetHints":{"allow":["GET"]}}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=\/wp\/v2\/users\/149"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=%2Fwp%2Fv2%2Fcomments&post=3510"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=\/wp\/v2\/posts\/3510\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=%2Fwp%2Fv2%2Fmedia&parent=3510"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=%2Fwp%2Fv2%2Fcategories&post=3510"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=%2Fwp%2Fv2%2Ftags&post=3510"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}