{"id":3344,"date":"2020-10-06T09:50:24","date_gmt":"2020-10-06T12:50:24","guid":{"rendered":"http:\/\/www.brasil-economia-governo.org.br\/?p=3344"},"modified":"2020-10-05T20:07:55","modified_gmt":"2020-10-05T23:07:55","slug":"a-reforma-administrativa-deve-preceder-a-reforma-tributaria","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/?p=3344","title":{"rendered":"A Reforma Administrativa deve preceder a Reforma Tribut\u00e1ria"},"content":{"rendered":"
A capacidade de uma sociedade de sustentar o seu Estado \u00e9 o elemento b\u00e1sico para o estabelecimento de um adequado sistema tribut\u00e1rio. \u00c9 fundamental, portanto, definir o tamanho do Estado que se deseja, antes de desenvolver um novo arcabou\u00e7o de tributos.<\/span><\/p>\n Qualquer coisa diferente desse princ\u00edpio que se tente no presente momento tende a tornar-se mais um desgaste no j\u00e1 esgar\u00e7ado modelo de produ\u00e7\u00e3o brasileiro.<\/span><\/p>\n Objetivamente, como paliativo, \u00e9 fundamental que se implante imediatamente uma simplifica\u00e7\u00e3o tribut\u00e1ria para poder melhorar o ambiente de neg\u00f3cios e que se comece a construir uma Reforma Administrativa para reduzir a dimens\u00e3o do Estado brasileiro, comprovadamente maior do que a sociedade pode sustent\u00e1-lo.<\/span><\/p>\n Redimensionar o Estado \u00e9 uma tarefa pol\u00edtica, \u00e1rdua e necess\u00e1ria e se baseia no princ\u00edpio de que o Estado deve atuar nos espa\u00e7os n\u00e3o ocupados pela iniciativa privada por desinteresse econ\u00f4mico, por medida de seguran\u00e7a e cria\u00e7\u00e3o de condi\u00e7\u00f5es para est\u00edmulos a atividades privadas, como algumas obras de infraestrutura. Os custos dessas atividades devem ser de responsabilidade da sociedade como um todo.<\/span><\/p>\n A t\u00edtulo de exemplo, dever\u00edamos ter como monop\u00f3lio do Estado o exerc\u00edcio da justi\u00e7a, a seguran\u00e7a p\u00fablica, o minist\u00e9rio p\u00fablico, a defesa nacional, a pol\u00edtica externa, a elabora\u00e7\u00e3o de leis reguladoras, algumas obras de infraestrutura para est\u00edmulo a atividades, o exerc\u00edcio da pol\u00edtica econ\u00f4mica etc.<\/span><\/p>\n Atividades onde a atua\u00e7\u00e3o do Estado deve ter car\u00e1ter corretivo por n\u00e3o haver interesse inicial do setor privado em atender \u00e0 demanda, cabe \u00e0quele a fun\u00e7\u00e3o de reduzir as externalidades negativas e\/ou estimular as externalidades positivas. Educa\u00e7\u00e3o, sa\u00fade, infraestrutura de comunica\u00e7\u00f5es em alguns casos, transporte p\u00fablico, mobilidade urbana, atrav\u00e9s de parcerias privadas em habita\u00e7\u00e3o, portos, cabotagem, aeroportos, estradas, gasodutos, gera\u00e7\u00e3o de energia etc. E, mesmo assim, nestas atividades como ajuste e participa\u00e7\u00e3o por tempo limitado.<\/span><\/p>\n Em outras atividades tipicamente bem atendidas pela iniciativa privada ou, ainda que n\u00e3o estejam sendo atendidas em todo territ\u00f3rio nacional, n\u00e3o sejam essenciais para o bem-estar da popula\u00e7\u00e3o (bares, restaurantes, hot\u00e9is, com\u00e9rcio em geral, ind\u00fastria de transforma\u00e7\u00e3o, produ\u00e7\u00e3o de bens e servi\u00e7os em geral), a interven\u00e7\u00e3o do Estado \u00e9 mais custosa do que ben\u00e9fica, e ele deve se manter alheio a essas atividades. Nessas atividades, a iniciativa privada tem maior efici\u00eancia e aloca melhor os recursos para atendimento adequado da demanda.\u00a0<\/span><\/p>\n Estes princ\u00edpios simplificados deixam claro que o Estado brasileiro exacerbou suas atribui\u00e7\u00f5es. O uso do dinheiro p\u00fablico se converteu em descontrole e m\u00e1 gest\u00e3o. O Estado brasileiro est\u00e1 presente de modo significativo em atividades onde sua atua\u00e7\u00e3o \u00e9 pouco eficiente (ou quase completamente ineficiente), ou seja, com participa\u00e7\u00e3o majorit\u00e1ria em empresas de comunica\u00e7\u00e3o, hot\u00e9is, empresa de projeto de trens (Trem Bala), refinarias, bancos, milhares de im\u00f3veis, geradoras e distribuidoras de energia el\u00e9trica, f\u00e1bricas de rem\u00e9dios, mineradoras, entre outras muitas atividades que seriam melhor administradas pelo setor privado.\u00a0<\/span><\/p>\n Uma pergunta que cabe, a t\u00edtulo de exemplo, \u00e9 por que o Estado mant\u00e9m ativos imobili\u00e1rios sem utilidade e que geram despesas?<\/span><\/p>\n Estas quest\u00f5es demonstram ser este o melhor motivo para inibir qualquer mudan\u00e7a tribut\u00e1ria sem que se realizem os ajustes pertinentes. A receita tribut\u00e1ria significa cerca de 35% do PIB e os gastos, em condi\u00e7\u00f5es normais, sem os efeitos da pandemia, chegam a 40% do PIB.\u00a0<\/span><\/p>\n A tarefa de ajuste dessa diferen\u00e7a \u00e9 grandiosa. Para chegar ao limite de carga tribut\u00e1ria em torno de 25%, aceit\u00e1vel para uma economia como a brasileira, seriam necess\u00e1rios 15 anos mantendo-se uma continuidade de pol\u00edticas que permitissem uma redu\u00e7\u00e3o de 1% ao ano. Algu\u00e9m acredita neste ajuste em face das experi\u00eancias hist\u00f3ricas e confia que o atual governo est\u00e1 assumindo essa tarefa?<\/span><\/p>\n Essa redu\u00e7\u00e3o de gastos passa, necessariamente, por rever e retirar privil\u00e9gios das mais variadas esferas, comumente aquelas de natureza salarial e extra salarial de parte do funcionalismo p\u00fablico, al\u00e9m de rever condi\u00e7\u00f5es de servidores p\u00fablicos ativos, de forma negociada, colaborativa, gradual, mas inevit\u00e1vel. \u00c9 poss\u00edvel acreditar nisso?\u00a0<\/span><\/p>\n Esses s\u00e3o os pontos de partida para que se discutam os princ\u00edpios de uma Reforma Administrativa – o primeiro passo e \u00fanico alicerce capaz de suportar a constru\u00e7\u00e3o de uma engenharia tribut\u00e1ria que n\u00e3o prejudique o contribuinte, aumentando a carga do Estado sobre o cidad\u00e3o que trabalha, produz e consome e que com seus impostos sustenta a estrutura do Estado. \u00c9 preciso ter em conta alguns pontos relevantes para entender a dificuldade de avan\u00e7ar numa Reforma Administrativa, sen\u00e3o vejamos.<\/span><\/p>\n Como fazer com que Uni\u00e3o, estados e munic\u00edpios reduzam seus gastos em 15 anos?<\/b><\/p>\n A chamada PEC emergencial desenhada em 2019 pela equipe econ\u00f4mica continha v\u00e1rias das medidas necess\u00e1rias para que, se implementadas de forma adequada e definitiva, a economia brasileira se tornasse mais robusta, cr\u00edvel e melhorariam o ambiente de neg\u00f3cios.\u00a0 Os pontos principais v\u00e3o a seguir.<\/span><\/p>\n O que fazer ap\u00f3s metas finais atingidas?<\/b><\/p>\n O que fazer com eventuais excedentes fiscais (eventuais super\u00e1vits nominais)?<\/b><\/p>\n Pagamento de d\u00edvida p\u00fablica at\u00e9 que esta atinja seu patamar de 50% do PIB e, posteriormente, cria\u00e7\u00e3o de um Fundo Soberano cujos recursos devem ser geridos com base em um Conselho de Lideran\u00e7as pol\u00edticas, presidente da Rep\u00fablica, presidente do senado, presidente da C\u00e2mara e presidente do STF, contando com um representante do setor privado e um representante laboral. Estatuto do Fundo Soberano deve prever crit\u00e9rios de aplica\u00e7\u00e3o segura dos recursos (quando financeiras em moeda nacional ou estrangeira) e limites e crit\u00e9rios para investimento em infraestrutura, educa\u00e7\u00e3o, sa\u00fade e seguran\u00e7a no Brasil, de forma a que o retorno financeiro e\/ou social sejam contabiliz\u00e1veis.\u00a0<\/span><\/p>\n Por todo o exposto, \u00e9 essencial que a sociedade civil, atrav\u00e9s de suas entidades representativas, n\u00facleos de pensamento e seus representantes, siga no di\u00e1logo direto e permanente com as mais variadas esferas p\u00fablicas e privadas, visando a constru\u00e7\u00e3o de uma Reforma Administrativa que venha trazer significativa redu\u00e7\u00e3o das despesas estatais, concomitante a um ganho significativo de produtividade e efici\u00eancia, para que se possa, com a redu\u00e7\u00e3o do gigantismo da m\u00e1quina estatal, desenhar um arcabou\u00e7o tribut\u00e1rio adequado que sustente ao longo dos anos de forma equilibrada as fun\u00e7\u00f5es do Estado sem inviabilizar a atividade econ\u00f4mica e o desenvolvimento do Pa\u00eds. <\/span><\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n Antonio Carlos Borges<\/b> \u00e9 economista e superintendente da Federa\u00e7\u00e3o do Com\u00e9rcio do Estado de S\u00e3o Paulo (Fecom\u00e9rcio-SP).<\/span><\/p>\n Fabio Pina<\/b> \u00e9 economista e consultor especialista em com\u00e9rcio e servi\u00e7os.<\/span><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" A capacidade de uma sociedade de sustentar o seu Estado \u00e9 o elemento b\u00e1sico para o estabelecimento de um adequado sistema tribut\u00e1rio. \u00c9 fundamental, portanto, definir o tamanho do Estado que se deseja, antes de desenvolver um novo arcabou\u00e7o de tributos.<\/p>\n","protected":false},"author":139,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"footnotes":""},"categories":[253,772],"tags":[],"class_list":["post-3344","post","type-post","status-publish","format-standard","hentry","category-direito-economia","category-economia-categorias"],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=\/wp\/v2\/posts\/3344","targetHints":{"allow":["GET"]}}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=\/wp\/v2\/users\/139"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=%2Fwp%2Fv2%2Fcomments&post=3344"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=\/wp\/v2\/posts\/3344\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=%2Fwp%2Fv2%2Fmedia&parent=3344"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=%2Fwp%2Fv2%2Fcategories&post=3344"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=%2Fwp%2Fv2%2Ftags&post=3344"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}\n
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