{"id":3330,"date":"2020-09-23T16:33:32","date_gmt":"2020-09-23T19:33:32","guid":{"rendered":"http:\/\/www.brasil-economia-governo.org.br\/?p=3330"},"modified":"2020-09-23T16:33:32","modified_gmt":"2020-09-23T19:33:32","slug":"pib-paulista-nao-esta-tao-mal-como-o-do-brasil","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/?p=3330","title":{"rendered":"PIB paulista n\u00e3o est\u00e1 t\u00e3o mal como o do Brasil"},"content":{"rendered":"

O relat\u00f3rio do IBGE sobre o produto interno bruto (PIB) do Brasil no segundo trimestre deste ano, divulgado no in\u00edcio deste m\u00eas, mostrou que a queda relativamente ao primeiro trimestre foi de 9,7%, a pior da s\u00e9rie de dados iniciada em 1996, perto de um quarto de s\u00e9culo atr\u00e1s! Foi nesse segundo trimestre, principalmente em abril, que a crise da covid-19 teve seu maior impacto econ\u00f4mico, mas em menor grau esse efeito j\u00e1 foi sentido no PIB do primeiro trimestre. As medidas governamentais que prejudicaram as atividades econ\u00f4micas come\u00e7aram apenas na segunda quinzena de mar\u00e7o, e nesse trimestre houve uma queda de 2,5%, relativamente ao \u00faltimo de 2019.<\/span><\/p>\n

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Recentemente a Funda\u00e7\u00e3o Seade, do governo estadual, publicou sua avalia\u00e7\u00e3o do PIB paulista no segundo trimestre deste ano. Relativamente ao primeiro, a taxa tamb\u00e9m mostrou queda, mas de 7%, cerca de 30% inferior \u00e0 de 9,7% do Pa\u00eds, citada acima. No primeiro trimestre, relativamente ao \u00faltimo de 2019, a queda do PIB paulista, de 0,4%, foi bem menor que a do Brasil, j\u00e1 mencionada, de 2,5%.<\/span><\/p>\n

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Essas duas publica\u00e7\u00f5es permitem ampliar compara\u00e7\u00f5es como essas e fazer outras voltando ao segundo trimestre de 2019. Farei isso come\u00e7ando por estender essa j\u00e1 realizada, de taxas porcentuais de varia\u00e7\u00e3o trimestral do PIB relativamente ao trimestre imediatamente anterior. Seguem-se essas taxas do PIB brasileiro e do paulista, em cada um dos cinco trimestres que v\u00e3o do segundo de 2019 ao segundo de 2020, a do Brasil antecedendo a de S\u00e3o Paulo: 0,5% e 1,2%, 0,1% e 0,1%, 0,5% e 0,8%, -2,5% e -0,4%, e -9,7% e -7%. Como se v\u00ea, s\u00f3 no terceiro trimestre de 2019 as taxas foram iguais, nos demais as de S\u00e3o Paulo foram melhores ou menos ruins que as do Brasil.<\/span><\/p>\n

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Isso tamb\u00e9m ocorreu com as taxas porcentuais de cada trimestre relativamente ao mesmo trimestre do ano anterior: 0,5% e 2,4%, 0,1% e 2,4%, 0,5% e 2,8%, -0,3% e 2,9% e -11,4% e -6,5%. Elas mostram que o PIB de S\u00e3o Paulo estava crescendo bem mais que o do Brasil nos quatro trimestres at\u00e9 o primeiro deste ano.<\/span><\/p>\n

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No m\u00eas passado, outro comunicado da Funda\u00e7\u00e3o Seade mostrou que PIB de S\u00e3o Paulo chegou \u201c\u2026 a mar\u00e7o de 2020 com um crescimento anual de 2,6%. Tal dinamismo forneceu maior f\u00f4lego e capacidade de resist\u00eancia em v\u00e1rios segmentos, principalmente no setor de servi\u00e7os\u201d. Como se sabe, o PIB do Brasil fechou 2019 crescendo a 1,1% no ano. Fatores que tamb\u00e9m pesaram nessa maior resist\u00eancia do PIB paulista s\u00e3o apontados: 1) \u201c\u2026 o sucesso nas medidas de controle da epidemia evitou o colapso do sistema de sa\u00fade e viabilizou a flexibiliza\u00e7\u00e3o gradual das restri\u00e7\u00f5es\u201d; e 2) os programas federais de est\u00edmulos, como o aux\u00edlio emergencial de R$ 600 por m\u00eas, \u201c\u2026 que cumpriram papel importante para uma relativa sustenta\u00e7\u00e3o do consumo.\u201d<\/span><\/p>\n

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Voltando \u00e0 compara\u00e7\u00e3o das taxas do PIB do Brasil e do estadual nos \u00faltimos cinco trimestres, as taxas trimestrais acumuladas no ano at\u00e9 o segundo trimestre relativamente ao mesmo per\u00edodo do ano anterior foram, na mesma ordem acima: 0,8% e 2,0%, 1,0% e 2,1%, 1,1% e 2,3%, -0,3% e 2,9%, e -5,9% e -1,9%. E estas as taxas porcentuais acumuladas nos \u00faltimos quatro trimestres relativamente aos quatro imediatamente anteriores: 0,8% e 1,4%, 1,0% e 1,9%, 1,1% e 2,3%, -0,3% e 2,6, e -2,12% e 0,4%. Ou seja, nessas duas compara\u00e7\u00f5es o contraste favorecendo S\u00e3o Paulo \u00e9 generalizado e ainda maior.<\/span><\/p>\n

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A Funda\u00e7\u00e3o Seade concluiu, no mesmo comunicado, que \u201c\u2026 a proje\u00e7\u00e3o de recuo do PIB (paulista) em 2020 foi revisada de 5,3% para 2,7%\u201d, que corresponde a cerca de metade (!) da taxa que v\u00e1rias previs\u00f5es apontam para o PIB brasileiro, em torno de 5,5%.<\/span><\/p>\n

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Por que dou toda essa aten\u00e7\u00e3o ao PIB paulista, em contraste com a muit\u00edssimo pequena que recebe no notici\u00e1rio sobre a economia? A raz\u00e3o \u00e9 que essa car\u00eancia de aten\u00e7\u00e3o contrasta com as dimens\u00f5es econ\u00f4micas deste estado, at\u00e9 mesmo se comparado a pa\u00edses tidos como importantes. Recentemente levantei dados de 2018 do Banco Mundial sobre o PIB por pa\u00edses e do IBGE sobre os PIBs estaduais, neste caso a participa\u00e7\u00e3o de S\u00e3o Paulo no total, e aplicando-a ao PIB brasileiro de 2018 publicado pelo Banco Mundial, sob o crit\u00e9rio de paridade do poder de compra, que contorna a dificuldade de os pre\u00e7os dos bens e servi\u00e7os serem diferentes entre pa\u00edses.<\/span><\/p>\n

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O PIB paulista foi estimado em US$ 1,008 trilh\u00e3o e o pa\u00eds com PIB mais pr\u00f3ximo desse valor foi a Argentina, com US$ 1,036 trilh\u00e3o, bem perto do de S\u00e3o Paulo. Como ambos t\u00eam popula\u00e7\u00e3o aproximadamente igual, perto de 45 milh\u00f5es, o PIB per capita de S\u00e3o Paulo tamb\u00e9m \u00e9 muito pr\u00f3ximo do da Argentina. Esses n\u00fameros confirmam a grande dimens\u00e3o econ\u00f4mica de S\u00e3o Paulo em termos internacionais.<\/span><\/p>\n

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Com esse tamanho e seu produto interno bruto numa situa\u00e7\u00e3o menos desfavor\u00e1vel que a do Brasil, S\u00e3o Paulo deveria olhar-se como um pa\u00eds e usar suas pr\u00f3prias for\u00e7as para acelerar sua economia, ao mesmo tempo mandando a Bras\u00edlia este recado: muito ajuda quem n\u00e3o atrapalha.<\/span><\/p>\n

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Artigo publicado no jornal\u00a0<\/span>O Estado de S. Paulo<\/span><\/i>\u00a0em 17 de setembro de 2020.<\/span><\/p>\n

\u00a0<\/strong>Roberto Macedo<\/strong> \u00e9 economista (UFMG, USP e\u00a0Harvard), professor s\u00eanior da USP e membro do Instituto Fernand Braudel.<\/span><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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