{"id":3328,"date":"2020-09-16T12:45:48","date_gmt":"2020-09-16T15:45:48","guid":{"rendered":"http:\/\/www.brasil-economia-governo.org.br\/?p=3328"},"modified":"2020-09-16T12:34:25","modified_gmt":"2020-09-16T15:34:25","slug":"o-gas-natural-como-protagonista","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/?p=3328","title":{"rendered":"O G\u00e1s Natural como Protagonista"},"content":{"rendered":"
A Lei do G\u00e1s permite a expans\u00e3o do g\u00e1s natural na matriz energ\u00e9tica<\/b><\/p>\n
<\/p>\n
O Projeto de Lei do G\u00e1s, PL 6.407\/2013, possui uma grande virtude de mudar o marco regulat\u00f3rio do g\u00e1s natural, que atualmente, n\u00e3o \u00e9 suficiente para atrair investimento para o setor e aumentar a participa\u00e7\u00e3o do g\u00e1s na matriz energ\u00e9tica brasileira. H\u00e1 cerca de 15, 20 anos, o g\u00e1s natural mant\u00e9m uma participa\u00e7\u00e3o muito pequena na matriz energ\u00e9tica brasileira, de 13%.<\/span><\/p>\n <\/p>\n No mundo inteiro, o g\u00e1s natural \u00e9 considerado a energia da transi\u00e7\u00e3o energ\u00e9tica. Com a pandemia, essa transi\u00e7\u00e3o, de fontes sujas para fontes limpas, deve acelerar, e o g\u00e1s natural vai ser o \u00faltimo ciclo de combust\u00edvel f\u00f3ssil.\u00a0<\/span><\/p>\n <\/p>\n Na Revolu\u00e7\u00e3o Industrial inglesa, o carv\u00e3o foi a grande fonte de energia, nos 30 anos gloriosos da economia mundial, de 1945 a 1975, foi o petr\u00f3leo, e agora, ser\u00e1 o g\u00e1s natural. O Brasil est\u00e1 atrasado e precisa se preparar para isso. O atual marco legal do g\u00e1s n\u00e3o incentiva uma maior participa\u00e7\u00e3o do g\u00e1s na matriz energ\u00e9tica brasileira.\u00a0<\/span><\/p>\n <\/p>\n Aumento global da oferta e produ\u00e7\u00e3o de g\u00e1s<\/b><\/p>\n <\/p>\n O momento que estamos vivendo \u00e9 excelente para o desenvolvimento do mercado de g\u00e1s. Al\u00e9m de ser a energia da transi\u00e7\u00e3o, o g\u00e1s natural est\u00e1 com uma oferta muito grande no mercado internacional que come\u00e7ou quando foram introduzidas tecnologias capazes de liquefazer o g\u00e1s.<\/span><\/p>\n <\/p>\n No mundo todo havia diversas reservas de g\u00e1s, como na \u00c1frica, por exemplo, nas quais n\u00e3o era economicamente vi\u00e1vel explorar o g\u00e1s, pois voc\u00ea n\u00e3o conseguia transport\u00e1-lo por gasoduto. No entanto, com a liquefa\u00e7\u00e3o, foi poss\u00edvel colocar o g\u00e1s em um navio e lev\u00e1-lo para o mercado consumidor, onde ele \u00e9 regaseficado ou mesmo utilizado de forma l\u00edquida.<\/span><\/p>\n <\/p>\n O grande aumento da oferta continuou a partir do ano 2000, em particular 2005, que foi a enorme entrada de produ\u00e7\u00e3o de <\/span>shale gas<\/span><\/i> no mercado americano. Isso provocou uma queda no pre\u00e7o do g\u00e1s natural nos \u00faltimos anos.\u00a0<\/span><\/p>\n <\/p>\n No Brasil, a regi\u00e3o do pr\u00e9-sal possui uma imensa reserva de g\u00e1s. Antes da pandemia se falava em dobrar a produ\u00e7\u00e3o do pr\u00e9-sal nos pr\u00f3ximos 10 anos. No entanto, com a pandemia houve uma desacelera\u00e7\u00e3o de investimento pelas empresas petrol\u00edferas. Ainda assim, se esse aumento de oferta n\u00e3o ocorrer em 10 anos, ele deve ocorrer em 12 ou 13 anos.<\/span><\/p>\n <\/p>\n Petrobras abandona o monop\u00f3lio no Brasil<\/b><\/p>\n <\/p>\n No caso do Brasil, um ponto importante \u00e9 o fim do monop\u00f3lio de g\u00e1s da Petrobras. At\u00e9 ent\u00e3o, a Petrobras tinha um monop\u00f3lio vertical e horizontal. Vertical porque era a \u00fanica importadora, produtora, e transportadora de g\u00e1s no Brasil. Al\u00e9m disso, tinha ainda participa\u00e7\u00e3o em 19 das 27 empresas de distribui\u00e7\u00e3o de g\u00e1s estadual. E horizontal porque os produtos substitutos ao g\u00e1s, como gasolina, \u00f3leo combust\u00edvel, diesel, GLP, e botij\u00e3o, tamb\u00e9m, eram monop\u00f3lio da Petrobras.\u00a0<\/span><\/p>\n <\/p>\n Atualmente, no mercado de botij\u00e3o a Petrobras vendeu a Liquig\u00e1s, dessa forma, n\u00e3o ser\u00e1 mais distribuidora de GLP. No mercado de g\u00e1s natural, vendeu as duas grandes transportadoras, a TAG, gasodutos do Norte e Nordeste, e a NTS, gasodutos do Sudeste. Ademais, est\u00e1 vendendo, sua participa\u00e7\u00e3o na TBG, que \u00e9 a transportadora que traz g\u00e1s da Bol\u00edvia.\u00a0<\/span><\/p>\n <\/p>\n Tamb\u00e9m est\u00e1 vendendo campos de petr\u00f3leo e campos de g\u00e1s. Al\u00e9m disso, a Petrobras assinou um termo de compromisso com o CADE que obriga a vender diversos ativos, como a sua distribuidora, a Gaspetro. A sa\u00edda da Petrobras como monopolista nesse setor, em particular no fornecimento de g\u00e1s, \u00e9 muito importante.<\/span><\/p>\n <\/p>\n A ind\u00fastria de g\u00e1s \u00e9 uma ind\u00fastria de rede, que funciona com escala. Neste tipo de ind\u00fastria, na produ\u00e7\u00e3o voc\u00ea tem concorr\u00eancia. A Petrobras, por exemplo, concorre com a Shell, a Repsol, a BP, entre outras. No entanto, no transporte e distribui\u00e7\u00e3o, existem monop\u00f3lios naturais, onde funciona o conceito de tarifa. A primeira coisa necess\u00e1ria para ter um g\u00e1s mais barato e dinamizar o mercado, \u00e9 estabelecer essa concorr\u00eancia no fornecimento. Com a concorr\u00eancia na produ\u00e7\u00e3o do g\u00e1s, haver\u00e1 o aumento no n\u00famero de comercializadores que \u00e9 outro elo da cadeia onde existe a concorr\u00eancia.<\/span><\/p>\n <\/p>\n Pandemia faz necess\u00e1ria a releitura da Lei do G\u00e1s<\/b><\/p>\n <\/p>\n O PL 6.407, n\u00e3o \u00e9 uma proposi\u00e7\u00e3o ruim, mas \u00e9 uma proposta t\u00edmida. Ela foi tamb\u00e9m concebida antes da pandemia. No entanto, depois da pandemia, todas as mudan\u00e7as precisam de uma releitura, n\u00e3o s\u00f3 no setor de g\u00e1s. Qualquer projeto que traga reformas no setor, na economia, e no Brasil, tem que ter outro olhar, em fun\u00e7\u00e3o da pandemia. Nas quest\u00f5es de infraestrutura, a dificuldade de atrair investimento vai ser maior. Diversos pa\u00edses sair\u00e3o prejudicados, gerando uma disputa maior por capitais e investidores.<\/span><\/p>\n <\/p>\n Al\u00e9m disso, o PL 6.407 \u00e9 uma proposta t\u00edmida porque, basicamente, s\u00f3 traz 3 novidades em rela\u00e7\u00e3o ao marco legal atual. O primeiro ponto, de transformar o modelo jur\u00eddico de concess\u00e3o em autoriza\u00e7\u00e3o, o mercado todo est\u00e1 de acordo. A autoriza\u00e7\u00e3o, apesar de juridicamente n\u00e3o ser t\u00e3o forte, facilita e desburocratiza a constru\u00e7\u00e3o de infraestrutura. No momento, h\u00e1 um projeto de ferrovia no Congresso que tamb\u00e9m est\u00e1 tentando mudar o sistema de concess\u00e3o para autoriza\u00e7\u00e3o. A ind\u00fastria de ferrovias \u00e9 muito parecida com a ind\u00fastria de g\u00e1s, pois tamb\u00e9m \u00e9 uma ind\u00fastria de rede.<\/span><\/p>\n <\/p>\n Outro aspecto que a nova lei muda \u00e9 dar acesso n\u00e3o discriminat\u00f3rio nas infraestruturas, ou seja, aos <\/span>gasodutos de escoamento<\/span><\/i>, nas UPGNs, e no gasoduto de transporte, o que tamb\u00e9m \u00e9 necess\u00e1rio. Outro ponto que o PL muda \u00e9 o funcionamento do transporte, que passa a ter um crit\u00e9rio de entradas e sa\u00eddas de gasoduto, tamb\u00e9m \u00e9 um ponto positivo.\u00a0<\/span><\/p>\n <\/p>\n A Lei do G\u00e1s n\u00e3o consegue conter a judicializa\u00e7\u00e3o<\/b><\/p>\n <\/p>\n \u00c9 necess\u00e1rio fazer uma revis\u00e3o dos artigos e evitar a judicializa\u00e7\u00e3o. No mercado de g\u00e1s, diferentemente da energia el\u00e9trica, existem atribui\u00e7\u00f5es para o Estado e atribui\u00e7\u00f5es de governo federal a n\u00edvel regulat\u00f3rio. Na energia el\u00e9trica, a regula\u00e7\u00e3o \u00e9 feita pela ANEEL ao longo de toda a cadeia. No entanto, no g\u00e1s natural, o governo federal s\u00f3 regula da produ\u00e7\u00e3o at\u00e9 o <\/span>city gate<\/span><\/i>. Nos estados, cada um tem sua pr\u00f3pria regula\u00e7\u00e3o para o segmento de distribui\u00e7\u00e3o\/comercializa\u00e7\u00e3o. Essa fronteira entre a regula\u00e7\u00e3o Federal e Estadual tem causado judicializa\u00e7\u00f5es. No artigo 7 da 6.407, inciso 6\u00ba, por exemplo, n\u00e3o est\u00e1 clara a quest\u00e3o de distin\u00e7\u00e3o de conceito entre gasoduto de transporte e distribui\u00e7\u00e3o. Hoje, j\u00e1 existe judicializa\u00e7\u00e3o em rela\u00e7\u00e3o a isso. Caso este artigo seja mantido, haver\u00e1 um aumento da judicializa\u00e7\u00e3o, o que poder\u00e1 afastar o investidor de qualidade.<\/span><\/p>\n <\/p>\n A Lei do G\u00e1s n\u00e3o garante a desverticaliza\u00e7\u00e3o da cadeia<\/b><\/p>\n <\/p>\n Outro conceito importante \u00e9 a quest\u00e3o da desverticaliza\u00e7\u00e3o, tamb\u00e9m conhecida como <\/span>unbundling<\/span><\/i>, ou seja, n\u00e3o permitir que o produtor seja propriet\u00e1rio de transporte, e vice-versa. No entanto, como o objetivo do Brasil, hoje, \u00e9 atrair capital, n\u00e3o h\u00e1 sentido em escolher quem poder\u00e1 investir em cada segmento. O ideal \u00e9 que seja feito algo similar ao setor el\u00e9trico. Deve haver uma preocupa\u00e7\u00e3o do governo de evitar a constru\u00e7\u00e3o de novos monop\u00f3lios e at\u00e9 do <\/span>self dealing<\/span><\/i>, como havia no setor el\u00e9trico, e que foi corrigido. Contudo, nas atividades reguladas, como distribui\u00e7\u00e3o e transporte, as empresas deveriam ser impedidas de comprar outros ativos, mas as suas holdings deveriam ter permiss\u00e3o de comprar ativos em outros segmentos da cadeia, assim como \u00e9 feito no setor el\u00e9trico.<\/span><\/p>\n <\/p>\n No setor el\u00e9trico, por exemplo, o grupo espanhol Neoenergia possui a distribuidora de energia el\u00e9trica Coelba, na Bahia, e investimentos em transmiss\u00e3o de energia el\u00e9trica e em gera\u00e7\u00e3o, atrav\u00e9s da sua holding. Assim, h\u00e1 um <\/span>unbundling<\/span><\/i> cont\u00e1bil, em vez de fazer um <\/span>unbundling<\/span><\/i> mais profundo, o que reduz as barreiras para a entrada de mais investimentos.\u00a0<\/span><\/p>\n <\/p>\n A vantagem da t\u00e9rmica a g\u00e1s na base do sistema<\/b><\/p>\n <\/p>\n O terceiro ponto \u00e9 o conceito de t\u00e9rmica a g\u00e1s na base do sistema el\u00e9trico. \u00c9 necess\u00e1rio que este conceito esteja bem definido. Isto \u00e9 importante, pois o g\u00e1s do pr\u00e9-sal, hoje, est\u00e1 sendo reinjetado acima das capacidades t\u00e9cnicas, e quando \u00e9 reinjetado, n\u00e3o gera royalties. O g\u00e1s s\u00f3 gera royalties quando \u00e9 consumido. H\u00e1 dois tipos de g\u00e1s natural, o g\u00e1s associado ao petr\u00f3leo, que \u00e9 o g\u00e1s do pr\u00e9-sal, e o g\u00e1s n\u00e3o associado, como por exemplo, o que \u00e9 produzido na Bol\u00edvia.\u00a0<\/span><\/p>\n <\/p>\n Quando o g\u00e1s \u00e9 associado, a explora\u00e7\u00e3o \u00e9 mais complicada, pois quando uma empresa compra um campo do pr\u00e9-sal, o retorno para o investimento \u00e9 o \u00f3leo, e n\u00e3o o g\u00e1s. Assim, para dar press\u00e3o no campo, as empresas reinjetam parte do g\u00e1s para tirar \u00f3leo. No entanto, uma outra parte, ela n\u00e3o precisaria reinjetar. Mas, para n\u00e3o reinjetar, \u00e9 preciso que haja algu\u00e9m que compre esse g\u00e1s de maneira efetiva e regularmente. Pois caso pare de comprar, compromete a produ\u00e7\u00e3o de \u00f3leo no campo. \u00c9 necess\u00e1rio criar uma demanda efetiva para esse g\u00e1s.\u00a0<\/span><\/p>\n <\/p>\n As t\u00e9rmicas na base do setor el\u00e9trico seriam o consumidor ideal para este g\u00e1s. Com esse conceito bem definido, seria poss\u00edvel implementar t\u00e9rmicas inflex\u00edveis, que funcionariam o tempo todo. Dessa forma viabilizaria o g\u00e1s do pr\u00e9-sal, e a constru\u00e7\u00e3o de novos dutos de escoamento da produ\u00e7\u00e3o. Isso tamb\u00e9m viabilizaria a explora\u00e7\u00e3o de g\u00e1s na Amaz\u00f4nia, onde h\u00e1 uma grande oferta.\u00a0<\/span><\/p>\n <\/p>\n As t\u00e9rmicas na base tamb\u00e9m s\u00e3o positivas para o setor el\u00e9trico. Hoje, a matriz el\u00e9trica brasileira est\u00e1 muito baseada em fontes intermitentes, ou seja, usinas hidroel\u00e9tricas a fio d\u2019agua, que s\u00f3 geram energia quando chove, e fontes e\u00f3lica e solar, que s\u00f3 geram energia quando venta ou quando est\u00e1 sol. A implementa\u00e7\u00e3o destas t\u00e9rmicas vai dar resili\u00eancia e garantia de abastecimento. Vai funcionar como uma esp\u00e9cie de bateria virtual, permitindo que o governo gerencie melhor o n\u00edvel de reservat\u00f3rio e a expans\u00e3o das e\u00f3licas e solares.<\/span><\/p>\n <\/p>\n Ao permitir o gerenciamento dos reservat\u00f3rios, haver\u00e1 uma redu\u00e7\u00e3o de tarifa. No modelo atual, o ONS despacha primeiro a hidroel\u00e9trica, que \u00e9 a energia mais barata. Quando o reservat\u00f3rio fica baixo, come\u00e7a a despachar as t\u00e9rmicas. Assim, a volatilidade do Pre\u00e7o de Liquida\u00e7\u00e3o das Diferen\u00e7as (PLD), que \u00e9 o pre\u00e7o da energia fica com uma grande volatilidade. Isso ocorre, pois quando o ONS opta por despachar a t\u00e9rmica, o n\u00edvel dos reservat\u00f3rios est\u00e1 baixo demais e ele \u00e9 for\u00e7ado a despachar imediatamente as t\u00e9rmicas mais caras e mais poluentes.\u00a0<\/span><\/p>\n <\/p>\n A import\u00e2ncia da t\u00e9rmica a g\u00e1s na base para a retomada da economia<\/b><\/p>\n <\/p>\n Outro risco que existe, hoje, \u00e9 que caso a economia brasileira volte a crescer, poder\u00e1 ter um racionamento, um apag\u00e3o, porque essas energias intermitentes n\u00e3o v\u00e3o segurar um crescimento de demanda. Isso s\u00f3 n\u00e3o aconteceu at\u00e9 agora, porque a economia n\u00e3o cresce, e consequentemente, o consumo de energia tamb\u00e9m n\u00e3o. Hoje, falamos de uma sobre oferta de energia muito grande. No entanto, basta vir o crescimento econ\u00f4mico para que esta sobre oferta acabe, j\u00e1 que a oferta de energia n\u00e3o vem rapidamente e a constru\u00e7\u00e3o de novas usinas demora. A economia pode n\u00e3o crescer muito no ano que vem, mas pode ser que daqui a dois anos comece a crescer e \u00e9 preciso decidir o planejamento do setor agora.<\/span><\/p>\n <\/p>\n \u00c9 muito importante que esse conceito de t\u00e9rmica na base conste na lei, porque assim, as pr\u00f3prias resolu\u00e7\u00f5es futuras da ANEEL e ANP, ser\u00e3o capazes de olhar o conceito na Lei. Para que haja investimento, \u00e9 preciso que o conceito esteja na lei, e n\u00e3o apenas no decreto, para gerar seguran\u00e7a jur\u00eddica suficiente para grandes aportes de capital.\u00a0\u00a0<\/span><\/p>\n As t\u00e9rmicas na base tamb\u00e9m permitir\u00e3o a interioriza\u00e7\u00e3o do consumo de g\u00e1s. A ideia \u00e9 realizar leil\u00f5es regionais. A perda de energia em gasoduto \u00e9 pr\u00f3xima de zero, enquanto em linha de transmiss\u00e3o \u00e9 de cerca de 15% a 17%. Com isso, h\u00e1 tamb\u00e9m o desenvolvimento regional j\u00e1 que o gasoduto pode ser seccionado, enquanto uma linha de transmiss\u00e3o, n\u00e3o. Ou seja, ao longo do percurso do gasoduto, \u00e9 poss\u00edvel seccionar nas cidades, onde ele vai passando. Assim, ele vai poder colocar g\u00e1s em carro, GNV, colocar g\u00e1s em uma ind\u00fastria local, e inclusive, levar g\u00e1s at\u00e9 as resid\u00eancias e com\u00e9rcio, substituindo o botij\u00e3o de g\u00e1s.<\/span><\/p>\n <\/p>\n A cria\u00e7\u00e3o de uma \u00fanica ag\u00eancia de energia<\/b><\/p>\n <\/p>\n H\u00e1 tamb\u00e9m outras mudan\u00e7as necess\u00e1rias. O setor de g\u00e1s \u00e9 um setor parecido com o el\u00e9trico, por se tratar de ind\u00fastrias de rede. O setor el\u00e9trico brasileiro \u00e9 um setor de sucesso. 98% dos brasileiros tem acesso \u00e0 energia el\u00e9trica. N\u00e3o tem nenhum servi\u00e7o p\u00fablico que tenha tanto acesso, que seja universalizado, como a energia el\u00e9trica no Brasil. Desde a \u00e9poca do governo Fernando Henrique, as privatiza\u00e7\u00f5es no setor el\u00e9trico t\u00eam tido sucesso. A \u00faltima privatiza\u00e7\u00e3o que precisa ser feita \u00e9 a da Eletrobras, que est\u00e1 atualmente tramitando no Congresso Nacional.<\/span><\/p>\n <\/p>\n O setor de g\u00e1s atual \u00e9 o setor el\u00e9trico de 30 anos atr\u00e1s. \u00c9 necess\u00e1ria a cria\u00e7\u00e3o de um operador nacional de g\u00e1s natural, como o ONS no caso da energia el\u00e9trica. \u00c9 preciso tamb\u00e9m criar uma c\u00e2mara de compensa\u00e7\u00e3o de liquida\u00e7\u00e3o de contratos como a C\u00e2mara de Compensa\u00e7\u00e3o da Energia El\u00e9trica (CCEE). Uma op\u00e7\u00e3o ainda melhor \u00e9 juntar tudo na ONS e na CCEE, que j\u00e1 existem hoje, criando um Operador Nacional do Sistema de Energia e uma C\u00e2mara de compensa\u00e7\u00e3o e liquida\u00e7\u00e3o de contratos de energia. Isso seria um primeiro passo para criar no Brasil uma ag\u00eancia de energia.\u00a0<\/span><\/p>\n <\/p>\n No Brasil, n\u00e3o faz mais sentido, atualmente, ter uma ag\u00eancia de energia el\u00e9trica e uma ag\u00eancia nacional do petr\u00f3leo. A ANP foi criada em 1997, porque era preciso ter uma ag\u00eancia para ser uma esp\u00e9cie de fiador para atrair investidores para o setor de petr\u00f3leo, porque havia um monop\u00f3lio gigantesco da Petrobras. No entanto, n\u00e3o tem mais isso. N\u00e3o faz sentido ter uma ag\u00eancia reguladora que trata de gasolina e diesel. Gasolina, diesel e petr\u00f3leo, por se tratarem de commodities, t\u00eam seus valores estabelecidos em pre\u00e7o. Uma ag\u00eancia reguladora s\u00f3 faz sentido quando o setor tem tarifa. Assim, o g\u00e1s natural deveria ir para essa ag\u00eancia de energia.\u00a0<\/span><\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n Adriano Pires<\/strong> \u00e9 s\u00f3cio-fundador e diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE). Doutor em Economia Industrial pela Universidade Paris XIII (1987), mestre em Planejamento Energ\u00e9tico pela COPPE\/UFRJ (1983) e <\/span>graduado em E<\/span>conomia formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1980).<\/span><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" O Projeto de Lei do G\u00e1s, PL 6.407\/2013, possui uma grande virtude de mudar o marco regulat\u00f3rio do g\u00e1s natural, que atualmente, n\u00e3o \u00e9 suficiente para atrair investimento para o setor e aumentar a participa\u00e7\u00e3o do g\u00e1s na matriz energ\u00e9tica brasileira. H\u00e1 cerca de 15, 20 anos, o g\u00e1s natural mant\u00e9m uma participa\u00e7\u00e3o muito pequena na matriz energ\u00e9tica brasileira, de 13%.<\/p>\n","protected":false},"author":138,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"footnotes":""},"categories":[5],"tags":[],"class_list":["post-3328","post","type-post","status-publish","format-standard","hentry","category-infraestrutura-e-petroleo"],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=\/wp\/v2\/posts\/3328","targetHints":{"allow":["GET"]}}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=\/wp\/v2\/users\/138"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=%2Fwp%2Fv2%2Fcomments&post=3328"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=\/wp\/v2\/posts\/3328\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=%2Fwp%2Fv2%2Fmedia&parent=3328"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=%2Fwp%2Fv2%2Fcategories&post=3328"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=%2Fwp%2Fv2%2Ftags&post=3328"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}