{"id":3280,"date":"2020-07-29T17:02:00","date_gmt":"2020-07-29T20:02:00","guid":{"rendered":"http:\/\/www.brasil-economia-governo.org.br\/?p=3280"},"modified":"2020-07-31T20:49:08","modified_gmt":"2020-07-31T23:49:08","slug":"crescimento-economico-das-duas-primeiras-decadas-do-seculo-xxi","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/?p=3280","title":{"rendered":"Crescimento Econ\u00f4mico Das Duas Primeiras D\u00e9cadas do S\u00e9culo XXI"},"content":{"rendered":"

Quais os pa\u00edses que mais cresceram no s\u00e9culo XXI? Quais os que menos cresceram? Nesse post uso dados do Banco Mundial no per\u00edodo de 2001 a 2019 para responder essas perguntas. Como o objetivo \u00e9 crescimento, e n\u00e3o compara\u00e7\u00e3o entre renda, calculei a taxa de crescimento do PIB per capita em valores constantes da moeda de cada pa\u00eds, desta forma elimino problemas com c\u00e2mbio e com medidas de paridade de poder de compra. Na m\u00e9dia dos pa\u00edses em 2019 o PIB per capita era 65,5% maior do que em 2001, mas essa m\u00e9dia esconde varia\u00e7\u00f5es importantes entre os pa\u00edses. Na China, pa\u00eds com maior crescimento, o PIB per capita em 2019 foi 334% maior que o PIB per capita em 2001, no Zimbabwe, pa\u00eds com pior desempenho, o PIB per capita em 2019 era quase 20% menor do que em 2001. Milagres e desastres continuam existindo no s\u00e9culo XXI.<\/span><\/p>\n

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Considerei apenas pa\u00edses com mais de cinco milh\u00f5es de habitantes e com dados dispon\u00edveis para 2001 e 2019, a amostra ficou com 101 pa\u00edses. Para facilitar a apresenta\u00e7\u00e3o dos resultados dividi os pa\u00edses em quatro grupos de acordo com o crescimento do per\u00edodo. O primeiro grupo re\u00fane os 25 pa\u00edses com maior crescimento, na m\u00e9dia o crescimento do PIB per capita desses pa\u00edses entre 2001 e 2019 foi de 148,8%. Nesse grupo est\u00e3o um pa\u00eds avan\u00e7ado, cinco pa\u00edses da Comunidade de Pa\u00edses Independentes, dez pa\u00edses emergentes da \u00c1sia, quatro pa\u00edses emergentes da Europa, dois pa\u00edses da Am\u00e9rica Latina e Caribe e tr\u00eas pa\u00edses da \u00c1frica subsaariana. A figura abaixo mostra esses pa\u00edses.<\/span><\/p>\n

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Como pode ser visto na figura, dos campe\u00f5es de crescimento no s\u00e9culo XXI nada menos que 20 pa\u00edses apresentaram crescimento de mais de 100% do PIB per capita entre 2001 e 2019, ou seja, os habitantes desses pa\u00edses, em m\u00e9dia, dobraram suas rendas no s\u00e9culo XXI. Desses pa\u00edses tr\u00eas cresceram mais de 200% e dois cresceram mais de 300%.<\/span><\/p>\n

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O grupo seguinte \u00e9 formado por 25 pa\u00edses com crescimento entre 53% e 92% entre 2001 e 2019. Nesse grupo de pa\u00edses com crescimento m\u00e9dio-alto a m\u00e9dia de crescimento foi de 68,4%. O maior crescimento ocorreu na S\u00e9rvia, 91,5%, e o menor no Paraguai, 52,9%, oito pa\u00edses desse grupo cresceram mais que 75% no per\u00edodo. No grupo est\u00e3o tr\u00eas pa\u00edses avan\u00e7ados, dois da Comunidade de Pa\u00edses Independentes, quatro pa\u00edses emergentes da \u00c1sia, dois pa\u00edses emergentes da Europa, quatro pa\u00edses da Am\u00e9rica Latina e Caribe, dois pa\u00edses do Oriente M\u00e9dio e oito pa\u00edses da \u00c1frica subsaariana. A figura abaixo mostra esses pa\u00edses.<\/span><\/p>\n

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Na sequ\u00eancia aparece o grupo formado por 25 pa\u00edses onde o PIB per capita cresceu entre 26,3% e 50% no per\u00edodo 2001 a 2019, os pa\u00edses com crescimento m\u00e9dio-baixo. O pa\u00eds com melhor desempenho do grupo foi o Egito, crescimento de 49,5%, e o pa\u00eds com pior desempenho foi o Brasil, 26,3%. \u00c9 isso, menos um pouquinho e estar\u00edamos \u201ccomemorando\u201d o melhor desempenho entre os pa\u00edses de pior desempenho em termos de crescimento. A m\u00e9dia de crescimento do grupo foi de 35,3%. No grupo est\u00e3o quatro pa\u00edses avan\u00e7ados, seis pa\u00edses da Am\u00e9rica Latina e Caribe, cinco do Oriente M\u00e9dio e dez da \u00c1frica subsaariana. A figura abaixo mostra esses pa\u00edses.<\/span><\/p>\n

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O \u00faltimo grupo \u00e9 o de pa\u00edses que cresceram menos de 26,3% entre 2001 e 2019, o grupo dos pa\u00edses de crescimento baixo. O melhor desempenho do grupo foi um crescimento de 26,2% na Rep\u00fablica do N\u00edger, o pior desempenho foi uma queda 19,2% no Zimbabwe. O crescimento m\u00e9dio dos pa\u00edses desse grupo foi de 11,8%. O grupo \u00e9 composto por quinze pa\u00edses avan\u00e7ados, tr\u00eas pa\u00edses da Am\u00e9rica Latina e Caribe, tr\u00eas pa\u00edses do Oriente M\u00e9dio e cinco pa\u00edses da \u00c1frica subsaariana. A figura abaixo mostra esses pa\u00edses.<\/span><\/p>\n

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A concentra\u00e7\u00e3o de pa\u00edses avan\u00e7ados no grupo de baixo crescimento n\u00e3o causa espanto, v\u00e1rios modelos de crescimento apontam a rela\u00e7\u00e3o inversa entre PIB per capita e crescimento, ou seja, ao contr\u00e1rio da cren\u00e7a popular, pa\u00edses ricos crescem menos do que pa\u00edses pobres. A valida\u00e7\u00e3o emp\u00edrica dessa proposi\u00e7\u00e3o est\u00e1 (muito) al\u00e9m do objetivo desse post, o tema \u00e9 objeto de pesquisa, v\u00e1rios autores encontram que a rela\u00e7\u00e3o inversa vale para grupos de pa\u00edses homog\u00eaneos. A figura abaixo apresenta a distribui\u00e7\u00e3o dos grupos de pa\u00edses de acordo com o FMI, esse que estamos usando no post, segundo o grupo de crescimento.<\/span><\/p>\n

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\u00c9 f\u00e1cil observar a concentra\u00e7\u00e3o de pa\u00edses avan\u00e7ados no grupo de crescimento baixo, isso n\u00e3o chega a ser um problema, afinal esses pa\u00edses j\u00e1 s\u00e3o ricos, mais preocupante \u00e9 o baixo n\u00famero de pa\u00edses da \u00c1frica subsaariana e da Am\u00e9rica Latina e Caribe no grupo de pa\u00edses de alto crescimento. Outro fato not\u00e1vel \u00e9 a aus\u00eancia de pa\u00edses emergentes da \u00c1sia, da Europa e da Comunidade de Pa\u00edses Independentes no grupo de pa\u00edses com crescimento baixo e m\u00e9dio-baixo. Com todos os problemas na Europa Oriental pa\u00edses como a R\u00fassia, 75,3%, e a Ucr\u00e2nia, 60,7%, cresceram mais do que a m\u00e9dia dos pa\u00edses da Am\u00e9rica Latina e Caribe, 44,5%, e bem mais que os 26,3% do Brasil.<\/span><\/p>\n

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Dos pa\u00edses da Am\u00e9rica Latina e Caribe apenas o Peru, com crescimento de 101,3%, conseguiu dobrar o PIB per capita entre 2001 e 2019, a Rep\u00fablica Dominicana, com 95,7% de crescimento, completa a participa\u00e7\u00e3o dos pa\u00edses de <\/span>nuestra<\/span><\/i> Am\u00e9rica no grupo de alto crescimento. Com crescimento m\u00e9dio-alto aparecem Bol\u00edvia, 61,5%, Col\u00f4mbia, 61,1%, Chile, 56,8%, e Paraguai, 53%. A maior concentra\u00e7\u00e3o de pa\u00edses da Am\u00e9rica Latina e Caribe ocorre no grupo de crescimento m\u00e9dio-baixo: Honduras, 39,4%, Equador, 36,2%, Nicar\u00e1gua, 34,3%, El Salvador, 33,7%, Guatemala, 33,03%, e Brasil, 26,3%. No grupo de crescimento baixo est\u00e3o Argentina, 25,1%, M\u00e9xico, 13,1% e Haiti, -2,8%.<\/span><\/p>\n

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A figura abaixo mostra a rela\u00e7\u00e3o entre crescimento e PIB per capita para todos os pa\u00edses da amostra, a classifica\u00e7\u00e3o de cada pa\u00eds de acordo com o FMI est\u00e1 destacada pelas cores. Na figura est\u00e3o destacados os cinco pa\u00edses de maior crescimento, os cinco com menor crescimento, os pa\u00edses da Am\u00e9rica Latina e caribe como crescimento acima do esperado considerando apenas o PIB per capita (os pa\u00edses acima da linha), o Brasil, o M\u00e9xico, os Estados Unidos e a Su\u00ed\u00e7a. Reparem a forte presen\u00e7a de pa\u00edses avan\u00e7ados no canto inferior direito da figura, alta renda e baixo crescimento, e de pa\u00edses emergentes da \u00c1sia na parte de cima do gr\u00e1fico, de fato o \u00fanico pa\u00eds desse grupo abaixo da linha \u00e9 Papua-Nova Guin\u00e9.<\/span><\/p>\n

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A figura acima traz duas preocupa\u00e7\u00f5es que merecem destaque. Uma \u00e9 a dificuldade dos pa\u00edses da Am\u00e9rica Latina e Caribe de sa\u00edrem da faixa de renda-m\u00e9dia, pa\u00edses mais ricos da regi\u00e3o, como o M\u00e9xico e a Argentina (que est\u00e1 no \u201cz\u201d do Brazil), crescem muito pouco, mesmo o Chile, tradicional \u201ccampe\u00e3o\u201d da regi\u00e3o, n\u00e3o consegue um desempenho n\u00edvel \u00c1sia. A outra dificuldade \u00e9 a presen\u00e7a marcante dos pa\u00edses da \u00c1frica subsaariana na parte de baixo da linha. Se em termos locais o grande desafio do s\u00e9culo XXI \u00e9 triar a Am\u00e9rica Latina e Caribe da renda-m\u00e9dia em termos globais o grande desafio \u00e9 tirar os pa\u00edses da \u00c1frica subsaariana da renda baixa.<\/span><\/p>\n

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Roberto Ellery<\/strong> \u00e9 professor do Departamento de Economia da UNB. <\/span><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Quais os pa\u00edses que mais cresceram no s\u00e9culo XXI? Quais os que menos cresceram? Nesse post uso dados do Banco Mundial no per\u00edodo de 2001 a 2019 para responder essas perguntas.<\/p>\n","protected":false},"author":128,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"footnotes":""},"categories":[8],"tags":[],"class_list":["post-3280","post","type-post","status-publish","format-standard","hentry","category-crescimento-e-eficiencia-da-economia"],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=\/wp\/v2\/posts\/3280","targetHints":{"allow":["GET"]}}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=\/wp\/v2\/users\/128"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=%2Fwp%2Fv2%2Fcomments&post=3280"}],"version-history":[{"count":1,"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=\/wp\/v2\/posts\/3280\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":3287,"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=\/wp\/v2\/posts\/3280\/revisions\/3287"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=%2Fwp%2Fv2%2Fmedia&parent=3280"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=%2Fwp%2Fv2%2Fcategories&post=3280"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/index.php?rest_route=%2Fwp%2Fv2%2Ftags&post=3280"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}