{"id":3061,"date":"2017-10-11T15:47:15","date_gmt":"2017-10-11T18:47:15","guid":{"rendered":"http:\/\/www.brasil-economia-governo.org.br\/?p=3061"},"modified":"2017-10-11T15:47:15","modified_gmt":"2017-10-11T18:47:15","slug":"economia-comportamental-e-as-contribuicoes-de-richard-thaler-um-breve-resumo","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/?p=3061","title":{"rendered":"Economia comportamental e as contribui\u00e7\u00f5es de Richard Thaler: um breve resumo"},"content":{"rendered":"

O que \u00e9 hoje conhecido, dentro da ci\u00eancia econ\u00f4mica, como \u201cEconomia Comportamental\u201d, nada mais \u00e9 do que uma mistura de (alguma) psicologia com (muita) economia. O prop\u00f3sito \u00e9 t\u00e3o nobre quanto simples: utilizar os resultados emp\u00edricos bem-estabelecidos na literatura de psicologia para enriquecer e melhorar a descri\u00e7\u00e3o do comportamento e dos processos decis\u00f3rios dos indiv\u00edduos que povoam a teoria econ\u00f4mica.<\/p>\n

N\u00e3o se trata portanto de demonstrar a irracionalidade das pessoas nem tampouco a inutilidade dos modelos tradicionais utilizados pelos economistas. Mas de melhorar a parte psicol\u00f3gica dos modelos econ\u00f4micos \u2013 nos mais variados t\u00f3picos com que lidam os economistas \u2013 na expectativa de melhorar o poder explicativo e preditivo desses modelos.<\/p>\n

\u201cECONOMIA COMPORTAMENTAL\u201d: DEMONSTRA\u00c7\u00c3O DA FOR\u00c7A DA ORTODOXIA<\/p>\n

H\u00e1 quem veja a \u00e1rea de economia comportamental (ou tenha visto quando os primeiros trabalhos na \u00e1rea surgiram) como uma esp\u00e9cie de mudan\u00e7a de paradigma dentro da profiss\u00e3o (algo meio heterodoxo, talvez). Mas h\u00e1 raz\u00f5es para acreditar que a \u00e1rea est\u00e1 longe de ser uma mudan\u00e7a radical de paradigma, uma esp\u00e9cie revolu\u00e7\u00e3o \u201cLakatosiana\u201d dentro da profiss\u00e3o.<\/p>\n

Primeiro porque os trabalhos mais influentes na \u00e1rea abra\u00e7am os pressupostos metodol\u00f3gicos do mainstream<\/em> da profiss\u00e3o — (a) o individualismo metodol\u00f3gico, (b) articula\u00e7\u00e3o de hip\u00f3teses em um modelo matem\u00e1tico, (c) deriva\u00e7\u00e3o l\u00f3gica das implica\u00e7\u00f5es dessas hip\u00f3teses e (d) teste emp\u00edrico cuidadoso tanto das hip\u00f3teses quanto das conclus\u00f5es do modelo.<\/p>\n

Segundo porque a preocupa\u00e7\u00e3o com o realismo psicol\u00f3gico e mesmo uma s\u00e9rie de conceitos e formula\u00e7\u00f5es exploradas nos chamados modelos com uma pitada \u201ccomportamental\u201d (avers\u00e3o \u00e0 perda, preocupa\u00e7\u00f5es com \u201cfairness\u201d) j\u00e1 apareciam nos trabalhos dos economistas antigos pioneiros da profiss\u00e3o \u2013 sobre isso, ver, por exemplo, o trabalho de Nava Ashraf e colegas<\/a> sobre Adam Smith. Nesse sentido, \u201ceconomia comportamental\u201d poderia ser visto como um retorno aos cl\u00e1ssicos em bases mais s\u00f3lidas (seja porque os economistas estariam melhor organizados em termos metodol\u00f3gicos, seja porque elementos psicol\u00f3gicos agora seriam provenientes de uma an\u00e1lise rigorosa de uma massa mais volumosa de dados \u2013 e n\u00e3o de introspec\u00e7\u00e3o e evid\u00eancia aned\u00f3tica).<\/p>\n

CETICISMO COM A \u00c1REA: \u201cIN MARKETS WE TRUST\u201d<\/p>\n

Claro que, como quase como todo trabalho acad\u00eamico inovador, os primeiros trabalhos na \u00e1rea \u2013 a\u00ed inclusos os de Thaler \u2013 enfrentaram o ceticismo de muitos economistas. N\u00e3o \u00e9 que os economistas acreditassem que as pessoas n\u00e3o cometiam erros ou que adotassem condutas que pareciam desprovidas de racionalidade. Nem tampouco que os modelos de ent\u00e3o fossem quase perfeitos em sua capacidade explicativa e preditiva. Mas a parca aten\u00e7\u00e3o dada ao tipo \u201can\u00f4malo\u201d de comportamento \u2013 que desafiava os modelos padr\u00f5es na \u00e1rea \u2013 era em geral justificada pela cren\u00e7a de que experi\u00eancia e competi\u00e7\u00e3o (elementos t\u00edpicos entre agentes de um mercado minimamente competitivo) tornaria irrelevante, ou eliminaria por completo, esses comportamentos \u2013 numa louvor ao poder disciplinador (e, porque n\u00e3o, educador) dos \u201cmercados\u201d (acr\u00f4nimo para a intera\u00e7\u00e3o livre de um n\u00famero arbitrariamente grande de pessoas com interesses, prefer\u00eancias e conjunto de informa\u00e7\u00f5es heterog\u00eaneos).<\/p>\n

N\u00e3o \u00e9 que os trabalhos na \u00e1rea de economia comportamental, como alguns parecem acreditar, t\u00eam a inten\u00e7\u00e3o de demonstrar que as pessoas n\u00e3o s\u00e3o racionais \u2013 um conceito modelo-espec\u00edfico e, portanto, (que pode ser feito) consistente com uma ampla variedade de comportamentos. Longe disso, os trabalhos seminais na \u00e1rea documentaram uma s\u00e9rie de \u201catalhos\u201d mentais que as pessoas utilizam que, conquanto funcionem em v\u00e1rios contextos, nos levam em muitos outros contextos a produzir escolhas, argumentavelmente, sub-\u00f3timas (uma lista desses \u201catalhos\u201d, ou heur\u00edsticas de decis\u00e3o, foi originalmente compilada e discutida no artigo seminal de Kahneman e Tversky \u201cJudgment under Uncertainty: Heuristics and Biases\u201d, Science 1974). Veja que n\u00e3o se trata de, por isso, abandonar o paradigma dominante da profiss\u00e3o, mas de reformul\u00e1-lo, aperfei\u00e7oando a parte descritiva de seus modelos. N\u00e3o \u00e9 por acaso, como discutirei mais \u00e0 frente, que o \u201cr\u00f3tulo\u201d \u201ceconomia comportamental\u201d tende a cair em desuso \u2013 um claro sinal do grau de desenvolvimento da \u00e1rea e de sua (completa) incorpora\u00e7\u00e3o ao mainstream da profiss\u00e3o.<\/p>\n

O PR\u00caMIO NOBEL \u2013 AS CONTRIBUI\u00c7\u00d5ES DE RICHARD THALER<\/p>\n

Ningu\u00e9m sabe os crit\u00e9rios exatos de sele\u00e7\u00e3o do Comit\u00ea do Pr\u00eamio Nobel na sele\u00e7\u00e3o dos agraciados. A impress\u00e3o geral \u00e9 a de que Richard Thaler esteja sendo agraciado com o Pr\u00eamio Nobel pelo conjunto de sua obra: seus artigos acad\u00eamicos, seus trabalhos de divulga\u00e7\u00e3o da \u00e1rea, em livros como \u201cNudge\u201d e \u201cMisbehaving\u201d, e at\u00e9 mesmo sua contribui\u00e7\u00e3o na formula\u00e7\u00e3o de pol\u00edtica p\u00fablica, por exemplo, como conselheiro da \u201cUnidade de Insights Comportamentais\u201d do governo brit\u00e2nico.<\/p>\n

\u00c9 razo\u00e1vel, todavia, acreditar que o pr\u00eamio, como acontece em outras \u00e1reas, seja bastante influenciado pela parte acad\u00eamica de suas contribui\u00e7\u00f5es e, nessa dimens\u00e3o, pela originalidade, pela inova\u00e7\u00e3o e pelo impacto que tais trabalhos tiveram na profiss\u00e3o \u2013 um impacto medido tanto pelas cita\u00e7\u00f5es que tais trabalhos tiveram quanto pelas \u00e1reas e novas frentes de pesquisa que tais trabalhas contribu\u00edram para abrir. Nesse sentido, pode-se dizer que Richard Thaler foi agraciado por contribui\u00e7\u00f5es sobre quatro t\u00f3picos.<\/p>\n

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1) Finan\u00e7as comportamentais<\/strong><\/p>\n

Em um artigo publicado em 1985, Thaler e Werner Bondt documentam evid\u00eancia de \u201coverreaction\u201d \u2013 compra ou venda excessiva de a\u00e7\u00f5es provocada por uma rea\u00e7\u00e3o exagerada \u00e0s not\u00edcias recentes (boas ou ruins), produzindo um aumento ou queda exagerados do pre\u00e7o das a\u00e7\u00f5es. Consistente com a hip\u00f3tese de \u201coverreaction\u201d, Thaler e seu coautor, analisando as a\u00e7\u00f5es ao longo de cinco anos da bolsa de valores de Nova York, mostram que movimentos extremos nos pre\u00e7os das a\u00e7\u00f5es ser\u00e1 sistematicamente seguido por movimentos corretivos na dire\u00e7\u00e3o em oposta. Como o apre\u00e7amento \u201cincorreto\u201d das a\u00e7\u00f5es sobrevivia \u00e0 arbitragem (movimento de outros compradores de explorar esses erros) por um tempo consider\u00e1vel, o resultado desafiava a ideia de os mercados financeiros eram eficientes \u2013 embora n\u00e3o fosse claro \u00e0 \u00e9poca, e ainda n\u00e3o \u00e9, o quanto disse se deve \u00e0 exist\u00eancia de traders <\/em>que n\u00e3o s\u00e3o inteiramente racionais (falhariam, por exemplo, em fazer uma atualiza\u00e7\u00e3o Bayesiana de suas cren\u00e7as \u00e0 luz da nova informa\u00e7\u00e3o) e quanto se deve \u00e0 exist\u00eancia de limites \u00e0 atividade de arbitragem.<\/p>\n

Trabalho seminal<\/strong>: De Bondt, W., and R. Thaler (1985), \u201cDoes the stock market overreact<\/strong>?\u201d, Journal of Finance 40:793\u2212808<\/p>\n

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2) Contabilidade mental<\/strong><\/p>\n

Thaler prop\u00f4s que as pessoas \u2013 ou pelo menos a maior parte delas \u2013 usam um processo psicol\u00f3gico de codifica\u00e7\u00e3o de seus ativos que se assemelharia \u00e0 cria\u00e7\u00e3o de uma s\u00e9rie de balan\u00e7os cont\u00e1beis (ou conta-caixa) que, muito embora tenham seus recursos provenientes da mesma fonte (renda salarial, por exemplo), n\u00e3o seriam transfer\u00edveis entre si \u2013 isto \u00e9, o dinheiro colocando na conta \u201cjantares de fim de semana\u201d n\u00e3o seriam transfer\u00edvel para cobrir d\u00e9ficits na conta mental \u201cgastos com manuten\u00e7\u00e3o do ve\u00edculo\u201d, por exemplo.<\/p>\n

Como os \u201cbalan\u00e7os\u201d teriam dimens\u00f5es distintas, a propens\u00e3o marginal a consumir de cada \u201cbalan\u00e7o\u201d n\u00e3o \u00e9 id\u00eantica, muito embora os recursos sejam provenientes da mesma fonte \u201cfung\u00edvel\u201d (a renda mensal, por exemplo). Essa \u201crotula\u00e7\u00e3o\u201d subjetiva heterog\u00eanea da nossa renda explicaria, por exemplo, porque nossa disposi\u00e7\u00e3o a comprar com dinheiro na carteira \u00e9 menor do que nossa disposi\u00e7\u00e3o a comprar a mesma coisa com cart\u00e3o de d\u00e9bito\/cr\u00e9dito ou porque compramos algo parcelado com juros mensais maiores do que o rendimento mensal do dinheiro que temos guardado na poupan\u00e7a com o qual poder\u00edamos ter comprado o bem ou servi\u00e7o.<\/p>\n

\u00a0<\/strong>Trabalho seminal:<\/strong> Richard Thaler, 1985. “Mental Accounting and Consumer Choice<\/strong>,” Marketing Science, vol. 4(3), pages 199-214.<\/p>\n

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3) Valor da vida<\/strong><\/p>\n

Trabalho que Richard desenvolveu como parte de sua tese de doutoramento \u2013 e depois publicado em coautoria com seu orientador, Sherwin Rosen \u2013 e que inaugura as t\u00e9cnicas para estimar o valor da vida a partir da rela\u00e7\u00e3o entre sal\u00e1rio e risco das v\u00e1rias ocupa\u00e7\u00f5es \u2013 a ideia aqui \u00e9 que se, o mercado de trabalho remunera R$ X reais a mais para que um trabalhador aceite uma ocupa\u00e7\u00e3o com um risco adicional de mortalidade de p%, ent\u00e3o o valor estat\u00edstico da vida \u00e9 de R$ X \/ p. \u00c9 uma parte pouco salientada do trabalho de Thaler mas que teve enorme influ\u00eancia na avalia\u00e7\u00e3o de pol\u00edticas p\u00fablicas e no Direito.<\/p>\n

A ideia de mensurar a vida parece repugnante para muitos mas \u00e9 absolutamente essencial para decidirmos quais pol\u00edticas p\u00fablicas merecem serem implementadas \u2013 fosse o valor da vida infinito, faria sentido proibir o uso de ve\u00edculos, uma pol\u00edtica de custos elevados com a qual poucos concordariam.<\/p>\n

Richard Thaler & Sherwin Rosen, 1976. “The Value of Saving a Life: Evidence from the Labor Market<\/strong>“, NBER Chapters, in: Household Production and Consumption, pages 265-302<\/p>\n

National Bureau of Economic Research, Inc.<\/p>\n

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4) Efeito dota\u00e7\u00e3o (endowment effect)<\/strong><\/p>\n

O \u201cendowment effect\u201d diz respeito ao fato, j\u00e1 amplamente documentado, de que as pessoas tendem a atribuir mais valor \u00e0s coisas quando elas s\u00e3o propriet\u00e1rias dessas coisas do que quando essas mesmas coisas s\u00e3o propriedades de outras pessoas. Embora esse efeito tenha aparecido nos trabalhos de Kahneman e Tversky (pois que seria manifesta\u00e7\u00e3o da nossa avers\u00e3o \u00e0 perda), Thaler j\u00e1 havia notado o fen\u00f4meno em seu trabalho sobre o valor da vida. Ao indagar as pessoas sobre o quanto de dinheiro elas estariam dispostas a pagar<\/em><\/strong> para eliminar um risco de morte (de 1 em 1 milh\u00e3o, digamos), Thaler percebeu que os valores em resposta a essa pergunta eram muito menores do que os valores apontados em resposta \u00e0 pergunta similar mas envolvendo o quanto elas estariam dispostas a receber<\/em><\/strong> para eliminar tal risco.<\/p>\n

Pelo menos \u00e0 luz da teoria econ\u00f4mica padr\u00e3o de ent\u00e3o, n\u00e3o h\u00e1 raz\u00e3o para que as respostas fossem distintas. Mas a constata\u00e7\u00e3o est\u00e1 nas origens do que \u00e9 hoje um dos resultados \u2013 outrora visto como anomalia \u2013 mais bem-estabelecidos em economia comportamental cuja universalidade, implica\u00e7\u00f5es e at\u00e9 suas origens evolucion\u00e1rias tem sido amplamente investigada.<\/p>\n

Os trabalhos em torno desse t\u00f3pico nos ajudaram a entender, por exemplo, nossa prefer\u00eancia pelo status quo, da qual se origina, junto com a pesquisa sobre problemas de autocontrole, a recomenda\u00e7\u00e3o pela inscri\u00e7\u00e3o autom\u00e1tica em planos de previd\u00eancia. O efeito dota\u00e7\u00e3o tamb\u00e9m ajuda a compreender a rigidez dos sal\u00e1rios (para baixo) mesmo em per\u00edodos de recess\u00e3o da economia e o porqu\u00ea das pessoas se revoltarem com o aumento de pre\u00e7o de \u00e1gua e alimentos em supermercados em \u00e1reas que sofreram algum desastre natural.<\/p>\n

Trabalho seminal: <\/strong><\/p>\n

(a)\u00a0\u00a0\u00a0 Thaler, Richard, 1980. “Toward a positive theory of consumer choice<\/strong>,” Journal of Economic Behavior & Organization, Elsevier, vol. 1(1), pages 39-60, March.
\n(b)\u00a0\u00a0\u00a0 Daniel Kahneman & Jack L. Knetsch & Richard H. Thaler, 1991. “Anomalies: The Endowment Effect, Loss Aversion, and Status Quo Bias<\/strong>,” Journal of Economic Perspectives, American Economic Association, vol. 5(1), pages 193-206.<\/p>\n

SURPRESAS?<\/p>\n

H\u00e1 quem esteja surpreso com o pr\u00eamio. Primeiro porque n\u00e3o parecia que trabalhos de \u201cprimeira gera\u00e7\u00e3o\u201d da \u00e1rea de economia comportamental receberiam outra premia\u00e7\u00e3o \u2013 por trabalhos desse tipo, Kahneman foi premiado em 2002. Segundo porque, condicional a premiar a \u00e1rea, \u00e9 argument\u00e1vel que outros economistas tinham contribui\u00e7\u00f5es t\u00e3o importantes quanto a de Thaler que talvez o tornassem merecedores do pr\u00eamio juntamente com Thaler \u2013 cito, a t\u00edtulo de exemplo, os trabalhos sobre coopera\u00e7\u00e3o de Ernst Fehr (University of Zurich), os desenvolvimentos de teoria comportamental dos jogos de Colin Camerer (Caltech) e as v\u00e1rias contribui\u00e7\u00f5es te\u00f3ricas nos t\u00f3picos de consumo, autocontrole e risco de Mattew Rabin (U of Harvard).<\/p>\n

A \u00c1REA NO BRASIL<\/p>\n

Muitos perguntam porque a \u00e1rea de economia comportamental \u00e9 pouco desenvolvida no Brasil. N\u00e3o h\u00e1 muito segredo aqui: (1) h\u00e1 poucas pessoas com treino na \u00e1rea (o Brasil absorve poucas pessoas formadores no exterior, onde essas \u00e1reas s\u00e3o mais desenvolvidas) e (2) a \u00e1rea tem uma sinergia com investiga\u00e7\u00e3o experimental, que custa relativamente caro. Como as ag\u00eancias de fomento no Brasil n\u00e3o s\u00e3o exatamente ricas, pesquisar nessa \u00e1rea pode ser muito dif\u00edcil no pa\u00eds.<\/p>\n

O FUTURO DA \u00c1REA<\/p>\n

A \u00e1rea de \u201ceconomia comportamental\u201d era, inicialmente, um punhado de t\u00f3picos com algumas dezenas de papers. Com o tempo, a ideia de trazer insights da psicologia para melhorar os modelos econ\u00f4micos foi sendo aplicado em v\u00e1rios t\u00f3picos de pesquisa. A \u00e1rea foi se adensando horizontalmente (mais t\u00f3picos) e verticalmente (mais trabalhos te\u00f3ricos e emp\u00edricos dentro de cada t\u00f3pico). H\u00e1 hoje apenas um link muito vago entre os trabalhos com uma \u201cpegada\u201d comportamental. Fora isso, a \u00e1rea j\u00e1 est\u00e1 incorporada ao mainstream da profiss\u00e3o \u2013 trabalhos \u201ccomportamentais\u201d aparecem regularmente nas principais revistas cient\u00edficas da profiss\u00e3o. O r\u00f3tulo vai cada vez mais fazendo menos sentido \u2013 tudo em economia, afinal de contas, \u00e9 comportamental. O que parece um sinal de estagna\u00e7\u00e3o da \u00e1rea, \u00e9 antes um sinal de desenvolvimento e maturidade da \u00e1rea.\u00a0 \u00a0O r\u00f3tulo pode desaparecer mas, quando olharmos para o passado da profiss\u00e3o, Thaler ser\u00e1 lembrado como um dos que promoveu o avan\u00e7o do conhecimento na disciplina e, em certo sentido, reconectou a profiss\u00e3o com suas origens.<\/p>\n

Vers\u00e3o deste texto foi publicada em O Economista X, em 10 de outubro de 2017.<\/em><\/p>\n

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