{"id":2549,"date":"2015-06-29T09:42:23","date_gmt":"2015-06-29T12:42:23","guid":{"rendered":"http:\/\/www.brasil-economia-governo.org.br\/?p=2549"},"modified":"2015-06-29T09:42:23","modified_gmt":"2015-06-29T12:42:23","slug":"olimpiadas-e-copa-do-mundo-prestigio-a-que-preco","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/?p=2549","title":{"rendered":"Olimp\u00edadas e Copa do Mundo: prest\u00edgio a que pre\u00e7o?"},"content":{"rendered":"

Nota dos editores<\/strong><\/p>\n

Esta semana temos o privil\u00e9gio de publicar um artigo do Historiador e Economista Stanley Engerman, da Universidade de Rochester (EUA), que gentilmente nos autorizou a traduzir e publicar suas considera\u00e7\u00f5es sobre os custos e benef\u00edcios enfrentados por pa\u00edses sede de grandes eventos esportivos internacionais (j\u00e1 tratamos desse assunto anteriormente em outro post<\/a>). O que nos leva a retornar ao tema e publicar esse texto, escrito em 2012 (antes da Copa do Mundo do Brasil e das Olimp\u00edadas de Londres) \u00e9 mostrar ao leitor que n\u00e3o \u00e9 apenas em pa\u00edses menos desenvolvidos que os or\u00e7amentos desses eventos estouram. Tamb\u00e9m no Canad\u00e1, Austr\u00e1lia, Jap\u00e3o, Cor\u00e9ia do Sul, Espanha e Estados Unidos, o vi\u00e9s de otimismo levou a proje\u00e7\u00f5es irreais de custos e receitas, bem como \u00e0 superestima\u00e7\u00e3o das receitas e da participa\u00e7\u00e3o do capital privado no financiamento da empreitada. Em geral, o resultado \u00e9 preju\u00edzo absorvido pelos cofres p\u00fablicos e amplia\u00e7\u00e3o significativa da d\u00edvida p\u00fablica.<\/em><\/p>\n

Portanto, quando o Brasil decidiu concorrer como sede de uma Copa do Mundo e uma Olimp\u00edada, realizados com apenas dois anos de diferen\u00e7a, j\u00e1 tinha a sua disposi\u00e7\u00e3o evid\u00eancias emp\u00edricas de que haveria alto custo para o or\u00e7amento p\u00fablico. Ademais, os Jogos Panamericanos de 2007 tamb\u00e9m j\u00e1 haviam dado mostras suficientes de custos financeiros elevados, desperd\u00edcios e erros prim\u00e1rios de planejamento.<\/em><\/p>\n

Tamb\u00e9m nos motivou tratar desse assunto a recente opera\u00e7\u00e3o do FBI que resultou na pris\u00e3o de dirigentes da FIFA e da CBF. As conex\u00f5es de grandes eventos com a corrup\u00e7\u00e3o e os neg\u00f3cios de Estado indicam que os preju\u00edzos p\u00fablicos t\u00eam, como contrapartida, alguns poucos ganhadores privados. Vamos ao texto…<\/em><\/p>\n

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Dois grandes eventos esportivos internacionais atraem ampla audi\u00eancia em v\u00e1rios pa\u00edses: os jogos ol\u00edmpicos e a copa do mundo de futebol (tr\u00eas eventos, se considerarmos, em separado, as Olimp\u00edadas de Inverno e as Olimp\u00edadas de Ver\u00e3o, como o fazem o Comit\u00ea Ol\u00edmpico Internacional (COI) e as redes de TV desde 1994).<\/p>\n

Esses eventos t\u00eam certas caracter\u00edsticas em comum. Eles ocorrem a cada quatro anos, t\u00eam grande audi\u00eancia televisiva em escala internacional, a localiza\u00e7\u00e3o do evento \u00e9 diferente em cada edi\u00e7\u00e3o, existem rumores de corrup\u00e7\u00e3o no processo de decis\u00e3o do local dos jogos (geralmente porque essa corrup\u00e7\u00e3o existe), e h\u00e1 muita controv\u00e9rsia acerca dos resultados do evento para a cidade ou pa\u00eds sede.<\/p>\n

Cada um desses eventos \u00e9 de propriedade de uma organiza\u00e7\u00e3o privada, que \u00e9 respons\u00e1vel pela escolha da localiza\u00e7\u00e3o, pela supervis\u00e3o da prepara\u00e7\u00e3o do local dos jogos, pelas regras de sele\u00e7\u00e3o dos participantes e pelos contratos de televis\u00e3o. Essa organiza\u00e7\u00e3o privada tamb\u00e9m faz tudo que esteja ao seu alcance para proteger o monop\u00f3lio do logotipo do evento, dos equipamentos e dos produtos a ele associados.<\/p>\n

Em 2014 a Copa do Mundo ser\u00e1 no Brasil e, logo em seguida, em 2016, o Rio de Janeiro ser\u00e1 a sede dos Jogos Ol\u00edmpicos de Ver\u00e3o. Muitos no Brasil est\u00e3o prevendo lucros e a transforma\u00e7\u00e3o da infraestrutura do pa\u00eds. Ser\u00e1 que tais expectativas s\u00e3o realistas?<\/p>\n

Uma coisa \u00e9 certa: a competi\u00e7\u00e3o para se tornar a sede desses eventos tem se tornado cada vez mais intensa, com in\u00fameras cidades ou pa\u00edses fazendo ofertas pesadas para ganhar a disputa. E este \u00e9 o primeiro passo para o desastre financeiro. Requer-se do hospedeiro dos jogos a provis\u00e3o de ampla infraestrutura, incluindo instala\u00e7\u00f5es para as competi\u00e7\u00f5es e hospedagem para os atletas. A esperan\u00e7a \u2013 dificilmente realizada \u2013 \u00e9 de que os est\u00e1dios e arenas ter\u00e3o finalidade \u00fatil nos anos seguintes, enquanto as vilas ol\u00edmpicas ser\u00e3o vendidas como apartamentos residenciais. Em geral h\u00e1 problemas que limitam os ganhos potenciais (ou aumentam as perdas). A principal expectativa de ganhos refere-se \u00e0 atra\u00e7\u00e3o de habitantes de outras cidades que, no futuro, ir\u00e3o frequentar as arenas e est\u00e1dios para assistir a shows e eventos esportivos, dinamizando\u00a0 as receitas dos hot\u00e9is e restaurantes, ao mesmo tempo em que gastariam dinheiro com os ingressos dos eventos. Essas expectativas, contudo, n\u00e3o se realizam, e as receitas oriundas dessas fontes acabam sendo menores que as estimadas no momento em que as cidades ou pa\u00edses est\u00e3o competindo para sediar o evento. Tamb\u00e9m \u00e9 muito comum observar uma escalada dos custos de promo\u00e7\u00e3o do evento entre o momento da candidatura e a data de realiza\u00e7\u00e3o dos jogos. Tais custos s\u00e3o absorvidos pelos anfitri\u00f5es, como parte de suas obriga\u00e7\u00f5es contratuais.<\/p>\n

A generalizada frustra\u00e7\u00e3o das receitas esperadas e o estouro dos custos s\u00e3o os principais respons\u00e1veis pelos problemas financeiros dos pa\u00edses e cidades anfitri\u00f5es. Mas tamb\u00e9m importantes s\u00e3o os tipos de compromissos assumidos para obter o evento e as estimativas irreais quanto ao uso e rentabilidade das instala\u00e7\u00f5es ap\u00f3s o evento, com muitas dessas instala\u00e7\u00f5es n\u00e3o tendo o uso p\u00f3s-evento que se programou para elas.<\/p>\n

Com apenas poucas exce\u00e7\u00f5es, os Jogos Ol\u00edmpicos e as Copas do Mundo representaram grandes perdas para os anfitri\u00f5es. Apesar de se saber disso, a disputa para ser sede desses eventos \u00e9 grande, seja por excesso de otimismo ou pela cren\u00e7a de que o prest\u00edgio internacional compensa o custo. Da\u00ed a pergunta b\u00e1sica: prest\u00edgio e estatura internacional a que custo? Apenas os Jogos Ol\u00edmpicos de Ver\u00e3o de 1984, realizados em Los Angeles, deram lucro. Todos os outros jogos de inverno e de ver\u00e3o terminaram em preju\u00edzo \u2013 apesar dos lucrativos contratos de televis\u00e3o, que aparentemente se tornaram a principal fonte de financiamento dos eventos. Embora haja conhecimento de corrup\u00e7\u00e3o, e tenha havido alguma reclama\u00e7\u00e3o quanto \u00e0 maneira como o COI opera, n\u00e3o houve mobiliza\u00e7\u00e3o que mudasse ou amea\u00e7asse a natureza do processo de sele\u00e7\u00e3o das sedes.<\/p>\n

A primeira Olimp\u00edada de Ver\u00e3o ocorreu em Atenas em 1896, com 14 na\u00e7\u00f5es participantes. Desde ent\u00e3o esses jogos ocorrem a cada quatro anos, exceto durante as duas grandes guerras. A mais recente foi a Olimp\u00edada de Pequim em 2008, com mais de duzentas na\u00e7\u00f5es participando. As Olimp\u00edadas de Inverno come\u00e7aram em 1924 e, tamb\u00e9m \u00e0 exce\u00e7\u00e3o do per\u00edodo das duas grandes guerras, foram realizadas a cada quatro anos (at\u00e9 1992) no mesmo ano das Olimp\u00edadas de Ver\u00e3o. Depois de 1992, para o benef\u00edcio do COI, as duas Olimp\u00edadas foram divididas e passaram a ser feitas em anos n\u00e3o coincidentes, com os jogos de inverno seguintes sendo agendados para 1994, e desde ent\u00e3o realizado a cada quatro anos. A Copa do Mundo, atualmente realizada pela FIFA, teve a sua primeira edi\u00e7\u00e3o em 1930 e vem ocorrendo desde ent\u00e3o a cada quatro anos, com exce\u00e7\u00e3o para o per\u00edodo das duas guerras mundiais. As Olimp\u00edadas de Ver\u00e3o inclu\u00edram, em 1900, o futebol como modalidade ol\u00edmpica, o que foi mantido nos anos seguintes (a exce\u00e7\u00e3o de 1932), mas essa competi\u00e7\u00e3o perdeu prest\u00edgio em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 Copa do Mundo.<\/p>\n

Embora pouco se conhe\u00e7a acerca dos aspectos financeiros das primeiras edi\u00e7\u00f5es das Olimp\u00edadas, acredita-se que a edi\u00e7\u00e3o de Los Angeles, em 1984, tenha sido a primeira (e provavelmente a \u00faltima) a ser lucrativa. H\u00e1 in\u00fameras hist\u00f3rias de horror financeiro, em que a cidade sede perdeu volume expressivo de dinheiro, com os custos excedendo as expectativas enquanto as receitas ficavam abaixo do programado. As Olimp\u00edadas de Ver\u00e3o de Montreal (1976) custaram US$ 1,2 bilh\u00e3o, deixando uma d\u00edvida de US$ 750 milh\u00f5es, que s\u00f3 acabou de ser paga dois anos atr\u00e1s (2010). Os jogos de Barcelona (1992) custaram US$ 10,7 bilh\u00f5es e deixaram uma d\u00edvida para o governo da ordem de US$ 6,1 bilh\u00f5es. As Olimp\u00edadas de Atenas (2004) custaram entre US$ 9 bilh\u00f5es e US$ 10 bilh\u00f5es, montante equivalente a 5% do PIB grego, e deixaram uma d\u00edvida de US$ 11,5 bilh\u00f5es. Os custos foram apenas uma parte dos problemas enfrentados por Atenas, uma vez que a demanda por ingressos foi inesperadamente baixa. Apenas aproximadamente dois ter\u00e7os dos t\u00edquetes foram vendidos, e o n\u00famero de turistas na Gr\u00e9cia caiu em torno de 12% em rela\u00e7\u00e3o ao ano anterior.<\/p>\n

Os Jogos Ol\u00edmpicos de Pequim, em 2008, custaram em torno de US$ 43 bilh\u00f5es. Nos casos de Atenas e Pequim, muito da dificuldade financeira veio das exig\u00eancias de constru\u00e7\u00e3o de infraestrutura para os jogos, o que significava novos est\u00e1dios e arenas. Em Atenas, 21 dos 22 est\u00e1dios constru\u00eddos ficaram subutilizados, e passaram a representar custos adicionais de manuten\u00e7\u00e3o. Resultado similar se observou na China onde, apesar do custo de US$ 43 bilh\u00f5es, v\u00e1rias das novas instala\u00e7\u00f5es ficaram sem uso. Nenhum uso permanente se encontrou para o car\u00edssimo (US$ 500 milh\u00f5es) novo est\u00e1dio. Parece que se decidiu transform\u00e1-lo em um shopping Center, enquanto outros est\u00e1dios menores ser\u00e3o demolidos. O Parque Ol\u00edmpico constru\u00eddo em Sydney, para os jogos de 2000, est\u00e1 sem uso. Ap\u00f3s \u00e0 Copa do Mundo da \u00c1frica do Sul, os novos est\u00e1dios permaneceram vazios, ap\u00f3s terem custado US$ 5,4 bilh\u00f5es. As Olimp\u00edadas de Inverno de Vancouver em 2010 tamb\u00e9m deixaram dificuldades financeiras. A expectativa inicial era de que a venda dos apartamentos da Vila Ol\u00edmpica cobririam o custo, mas isso n\u00e3o ocorreu. Menos da metade dos apartamentos foi vendida, o que contribuiu para uma d\u00edvida de US$ 730 milh\u00f5es. Isso, contudo, foi muito menos do que as perdas das Olimp\u00edadas de Inverno do Jap\u00e3o, em 1998, que teve um custo entre US$ 13 bilh\u00f5es e US$ 14 bilh\u00f5es, deixando uma d\u00edvida de US$ 11 bilh\u00f5es.<\/p>\n

Uma importante fonte de perdas financeiras para as sedes de Olimp\u00edadas e Copas do Mundo s\u00e3o as exig\u00eancias de infraestrutura. Como parte das exig\u00eancias para ser sede da Copa do Mundo de 2002, o Jap\u00e3o teve que construir sete est\u00e1dios novos e reformar outros tr\u00eas, a um custo de US$ 4,5 bilh\u00f5es; enquanto a Cor\u00e9ia do Sul construiu dez est\u00e1dios ao custo de US$ 2 bilh\u00f5es. Eles s\u00e3o agora usualmente chamados de \u201celefantes brancos\u201d. O maior dos est\u00e1dios japoneses, com 64 mil assentos, foi constru\u00eddo ao custo de US$ 667 milh\u00f5es. Depois da Copa do Mundo, a cidade onde est\u00e1 localizado gasta US$ 6 milh\u00f5es por ano em manuten\u00e7\u00e3o, e o est\u00e1dio \u00e9 usado por um time local que n\u00e3o consegue atrair mais de 20 mil pessoas aos seus jogos.<\/p>\n

O Est\u00e1dio Ol\u00edmpico de Montreal foi inicialmente or\u00e7ado em US$ 150 milh\u00f5es, mas, quando foi conclu\u00eddo, o seu custo j\u00e1 somava US$ 1,47 bilh\u00e3o, incluindo reparos, impostos e juros. Isso contribuiu para a d\u00edvida da cidade, que soma US$ 1 bilh\u00e3o. Ap\u00f3s os jogos, transformou-se em sede de um time de baseball deficit\u00e1rio at\u00e9 o ano de 2004, quando esse time mudou-se para os EUA. O est\u00e1dio agora tem uso limitado para esportes e outros eventos. N\u00e3o est\u00e1 alugado para nenhuma equipe\u00a0 e \u00e9 conhecido como \u201cThe Big One<\/em>\u201d, em refer\u00eancia \u00e0 sua situa\u00e7\u00e3o financeira.<\/p>\n

A expectativa de d\u00e9ficit se mant\u00e9m para as Olimp\u00edadas de 2012 em Londres e para o Copa do Mundo do Brasil em 2014. As cidades-sede do Brasil t\u00eam mostrado lentid\u00e3o para completar seus doze est\u00e1dios e treze aeroportos (mais 50 projetos de transportes) que foram prometidos \u00e0 FIFA, e h\u00e1 um rumor de que a FIFA entrar\u00e1 na justi\u00e7a para induzir o Brasil a cumprir seus compromissos. No momento, o custo estimado \u00e9 de US$ 11,2 bilh\u00f5es, a maior parte em infraestrutura. A proposta de Londres tinha custo inicial de US$ 2,4 bilh\u00f5es. Recentemente, a estimativa de custos j\u00e1 havia subido para US$ 9 bilh\u00f5es, a maior parte financiada pelos cofres p\u00fablicos. \u00c9 prov\u00e1vel que o subs\u00eddio p\u00fablico esteja entre 80% e 90% em olimp\u00edadas anteriores: 90% (Montreal 1996) e 82% (Munique 1972).<\/p>\n

Atualmente, a principal fonte de recursos para as Olimp\u00edadas \u00e9 a venda de direitos de transmiss\u00e3o \u00e0s emissoras de TV, principalmente nas vendas para as redes dos EUA. Esses direitos pertencem ao COI, e a organiza\u00e7\u00e3o define a participa\u00e7\u00e3o dos comit\u00eas locais, que foi uma fatia de aproximadamente 30% em 2000. Ap\u00f3s v\u00e1rias d\u00e9cadas de fortes altas no pagamento por esses direitos, essa tend\u00eancia sofreu, recentemente, uma desacelera\u00e7\u00e3o. No per\u00edodo p\u00f3s-1980, as demandas feitas pelas redes de TV levaram a mudan\u00e7as fundamentais nas regras para participa\u00e7\u00e3o nas Olimp\u00edadas, permitindo-se que atletas profissionais pudessem participar ao lado de amadores, e permitindo-se a remunera\u00e7\u00e3o pela participa\u00e7\u00e3o. A mudan\u00e7a mais marcante em dire\u00e7\u00e3o ao profissionalismo ocorreu nos Jogos Ol\u00edmpicos de 1992, quando o time de basquete dos EUA deixou de ser composto por atletas universit\u00e1rios e jogadores amadores, passando a ser formado por jogadores da NBA, dando origem ao famoso \u201cDream Team\u201d. Essa mudan\u00e7a foi feita por duas raz\u00f5es. Primeiro, para aumentar a atratividade das transmiss\u00f5es de TV. E segundo, devido \u00e0 incapacidade dos EUA para vencer em edi\u00e7\u00f5es anteriores dos jogos, gerando um desejo nacionalista de reafirmar a supremacia norte-americana no basquete.<\/p>\n

O que parece um enigma, dada a quase certeza de perda financeira de grande magnitude gerada por esses eventos esportivos, \u00e9 o crescente desejo de mais cidades em obter o direito de sedi\u00e1-los. Em 1984 apenas uma cidade, Los Angeles, concorreu para ser cidade-sede. Para 2012 foram nove cidades, e, para 2016, doze!<\/p>\n

Nos EUA as cidades frequentemente prov\u00eam subs\u00eddios aos seus times profissionais, por meio da constru\u00e7\u00e3o de arenas e est\u00e1dios. \u00c9 bastante sabido que tais cidades n\u00e3o recuperam seus custos. A justificativa para manter o subs\u00eddio envolve alguma explica\u00e7\u00e3o n\u00e3o-pecuni\u00e1ria ou n\u00e3o-financeira, tais como o orgulho da cidade: como voc\u00ea pode considerar sua cidade como grande se ela sequer tem um time de futebol americano da NFL? Trata-se de ter o prest\u00edgio de ter um time na liga principal, de elevar o moral da cidade, de ganhar a aten\u00e7\u00e3o dos outros. Essas s\u00e3o algumas das explica\u00e7\u00f5es para manter uma atividade sabendo-se que ela gerar\u00e1 perda financeira. Essas explica\u00e7\u00f5es tamb\u00e9m se aplicam ao desejo de sediar as Olimp\u00edadas e a Copa do Mundo, embora em uma escala mais ampla, dada a maior escala do custo financeiro. Por isso, a expectativa de perda financeira, baseada na experi\u00eancia passada, n\u00e3o \u00e9 suficiente para conter o incentivo a concorrer para ser cidade sede.<\/p>\n

A combina\u00e7\u00e3o da Copa do Mundo de 2014 e das Olimp\u00edadas de 2016 promete ter impacto negativo nas finan\u00e7as p\u00fablicas do Brasil. A constru\u00e7\u00e3o da infraestrutura necess\u00e1ria est\u00e1 atrasada devido ao fraco planejamento de obras e financeiro. E n\u00e3o est\u00e1 claro se eles completar\u00e3o todos os seus compromissos em termos de est\u00e1dios, qualidade dos aeroportos, e transportes terrestres. Como a situa\u00e7\u00e3o ser\u00e1 resolvida \u00e9 algo que se ver\u00e1 no futuro, embora as autoridades brasileiras digam que tudo estar\u00e1 pronto a tempo.<\/p>\n

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