{"id":1837,"date":"2013-05-13T11:42:22","date_gmt":"2013-05-13T14:42:22","guid":{"rendered":"http:\/\/www.brasil-economia-governo.org.br\/?p=1837"},"modified":"2013-05-20T09:29:27","modified_gmt":"2013-05-20T12:29:27","slug":"o-crescimento-de-longo-prazo-da-economia-brasileira-tem-sido-satisfatorio","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/?p=1837","title":{"rendered":"O crescimento de longo prazo da economia brasileira tem sido satisfat\u00f3rio?"},"content":{"rendered":"
A economia brasileira teve um mau desempenho em termos de crescimento econ\u00f4mico nos \u00faltimos 25 anos. O Gr\u00e1fico 1 mostra a taxa anual de crescimento da renda per capita, cuja m\u00e9dia foi de apenas 1,4% ao ano. O Gr\u00e1fico tamb\u00e9m mostra qu\u00e3o vol\u00e1til tem sido o crescimento: em 10 dos 26 anos ali mostrados o crescimento foi negativo ou nulo.<\/p>\n
Para anos mais recentes o gr\u00e1fico mostra uma taxa m\u00e9dia de crescimento um pouco mais alta: 2,8% ao ano para o per\u00edodo 2004-2012. Essa pode ser considerada uma \u00e9poca de ouro para o com\u00e9rcio internacional brasileiro (2004-2008), pois os pre\u00e7os das commodities exportadas pelo pa\u00eds subiram bastante, o que abriu maior possibilidade de crescimento para o pa\u00eds, financiado por ganhos nos termos de troca internacionais. Em 2009 a crise econ\u00f4mica mundial teve impacto sobre o ritmo da economia nacional. Mas como o governo afrouxou as pol\u00edticas monet\u00e1ria e fiscal, e o mercado internacional de commodities se recuperou rapidamente, houve forte recupera\u00e7\u00e3o em 2010. Por\u00e9m, em 2011 e 2012, apesar da continuidade dos est\u00edmulos governamentais, houve um retorno para o padr\u00e3o de baixo crescimento, apesar de o pa\u00eds ainda\u00a0 poder contar com um cen\u00e1rio externo bastante favor\u00e1vel em termos de pre\u00e7os de commodities e disponibilidade de cr\u00e9dito.<\/p>\n
Qu\u00e3o ruim \u00e9 o desempenho brasileiro quando comparado com outros pa\u00edses? O Gr\u00e1fico 2 apresenta a taxa m\u00e9dia de crescimento da renda per capita brasileira no per\u00edodo 1985-2010, comparando-a com outros 27 pa\u00edses. Por abarcar um per\u00edodo de 26 anos, pode-se considerar essa taxa como sendo o crescimento de longo-prazo das economias consideradas.<\/p>\n O conjunto de pa\u00edses escolhidos para essa compara\u00e7\u00e3o \u00e9 bastante representativo, pois inclui: vizinhos latino-americanos; alguns pa\u00edses asi\u00e1ticos que s\u00e3o conhecidos casos de sucesso em termos de crescimento econ\u00f4mico; um pa\u00eds asi\u00e1tico que n\u00e3o tem sido t\u00e3o bem sucedido<\/p>\n quanto seus vizinhos (Filipinas); membros do grupo conhecido como BRICs1<\/sup>; um pa\u00eds desenvolvido que, assim como o Brasil, \u00e9 altamente dependente da exporta\u00e7\u00e3o de commodities (Austr\u00e1lia); economias emergentes da Europa que foram afetadas pela crise iniciada em 2008 (Portugal, Espanha e Irlanda) e outros pa\u00edses de renda m\u00e9dia relevantes (Turquia, Pol\u00f4nia e Egito).<\/p>\n \u00c9 f\u00e1cil verificar que o desempenho do Brasil n\u00e3o \u00e9 satisfat\u00f3rio. Sua taxa de crescimento \u00e9 bem inferior \u00e0 m\u00e9dia do grupo (representada pela linha horizontal). Se, por exemplo, o Brasil tivesse crescido no mesmo ritmo da Costa Rica (1,9% ao ano), durante os 26 anos considerados no gr\u00e1fico, o PIB nacional seria hoje 17% maior.<\/p>\n Ainda que consideremos apenas o melhor per\u00edodo de crescimento do Brasil (2004-2010), o pa\u00eds n\u00e3o fica em uma posi\u00e7\u00e3o de destaque. Esse exerc\u00edcio \u00e9 feito no Gr\u00e1fico 3.\u00a0 Para o per\u00edodo 2004-2010, Espanha, Portugal e Irlanda, fortemente afetados pela crise do Euro, puxam para baixo o crescimento m\u00e9dio do grupo de pa\u00edses. Mas isso n\u00e3o \u00e9 suficiente para que o Brasil fique acima da m\u00e9dia. \u00c9 importante frisar esse ponto: tomamos o per\u00edodo mais favor\u00e1vel para a economia brasileira, que \u00e9 um per\u00edodo em que alguns pa\u00edses estavam sob forte crise; apesar dessa compara\u00e7\u00e3o enviesada, a taxa de crescimento do Brasil ainda continua abaixo da m\u00e9dia.<\/p>\n Para criar um vi\u00e9s ainda mais forte a favor do Brasil, podemos tirar a China e a \u00cdndia do grupo de compara\u00e7\u00e3o, pois esses s\u00e3o os dois pa\u00edses de maior crescimento, e que puxam a m\u00e9dia do grupo para cima. Mesmo nesse caso a m\u00e9dia do grupo (3.0%) ainda \u00e9 um pouco superior \u00e0 m\u00e9dia brasileira (2.9%).<\/p>\n Fica claro, portanto, que a taxa de crescimento de longo prazo da economia brasileira, desde meados dos anos 80, tem sido decepcionante. N\u00e3o se pode responsabilizar a crise econ\u00f4mica internacional, iniciada em 2008, por esse desempenho med\u00edocre. Como visto acima, desde muito antes da crise, o crescimento j\u00e1 deixava a desejar. As causas do baixo crescimento n\u00e3o s\u00e3o externas, mas sim inerentes \u00e0 nossa pr\u00f3pria economia. Entre elas podem-se citar: carga tribut\u00e1ria excessiva, baixa poupan\u00e7a do setor p\u00fablico, infraestrutura prec\u00e1ria, baixo n\u00edvel educacional da popula\u00e7\u00e3o, alta prote\u00e7\u00e3o \u00e0 ind\u00fastria nacional, fragilidade de institui\u00e7\u00f5es capazes de garantir o cumprimento dos contratos comerciais e proteger a justa concorr\u00eancia (judici\u00e1rio, ag\u00eancias reguladoras) e legisla\u00e7\u00e3o trabalhista ultrapassada.<\/p>\n __________________<\/p>\n 1<\/sup> A sigla BRIC refere-se a Brasil, R\u00fassia, \u00cdndia e China. Mais recentemente a \u00c1frica do Sul tem sido inclu\u00edda no grupo. O termo foi criado por Jim O\u2019Neil, um executivo do grupo Goldman Sachs, para denominar um grupo de pa\u00edses considerado emergente nos cen\u00e1rios pol\u00edtico e econ\u00f4mico.<\/p>\n Download:<\/strong><\/em><\/p>\n<\/a><\/p>\n
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