{"id":1534,"date":"2012-10-15T08:00:03","date_gmt":"2012-10-15T11:00:03","guid":{"rendered":"http:\/\/www.brasil-economia-governo.org.br\/?p=1534"},"modified":"2012-10-15T11:28:19","modified_gmt":"2012-10-15T14:28:19","slug":"a-urbanizacao-e-a-transicao-da-fecundidade-o-brasil-e-um-caso-exemplar","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.brasil-economia-governo.com.br\/?p=1534","title":{"rendered":"A urbaniza\u00e7\u00e3o e a transi\u00e7\u00e3o da fecundidade: o Brasil \u00e9 um caso exemplar?"},"content":{"rendered":"
As transi\u00e7\u00f5es urbana e demogr\u00e1fica s\u00e3o dois fen\u00f4menos fundamentais da modernidade e acontecem de forma sincr\u00f4nica. At\u00e9 o ano de 1800, quando a popula\u00e7\u00e3o mundial estava em torno de 1 bilh\u00e3o de habitantes, o percentual de pessoas vivendo em cidades n\u00e3o passava de 5%, enquanto as taxas de mortalidade e natalidade eram muito elevadas.<\/p>\n
Em 2011, a popula\u00e7\u00e3o mundial chegou a 7 bilh\u00f5es de habitantes, com pouco mais da metade das pessoas vivendo nas cidades. Especialmente no s\u00e9culo XX, acompanhando o processo de urbaniza\u00e7\u00e3o, houve uma enorme redu\u00e7\u00e3o da mortalidade infantil, um grande aumento da esperan\u00e7a de vida e, depois de um certo lapso de tempo, uma consistente redu\u00e7\u00e3o das taxas de fecundidade, que corresponde ao n\u00famero de filhos por mulher. Como as taxas de mortalidade ca\u00edram antes das taxas de natalidade, houve um grande aumento da popula\u00e7\u00e3o. Mas em geral, as mesmas for\u00e7as que provocaram a queda das taxas de mortalidade, tamb\u00e9m afetaram as taxas de natalidade.<\/p>\n
A urbaniza\u00e7\u00e3o tem sido o principal vetor da transforma\u00e7\u00e3o socioecon\u00f4mica e demogr\u00e1fica do Planeta e do processo de moderniza\u00e7\u00e3o. Nos \u00faltimos 2 s\u00e9culos, as cidades lideraram as inova\u00e7\u00f5es econ\u00f4micas, tecnol\u00f3gicas, cient\u00edficas e culturais que reconfiguraram as estruturas familiares, a organiza\u00e7\u00e3o social e as rela\u00e7\u00f5es de trabalho, possibilitando avan\u00e7os sem precedentes nos direitos de cidadania de parcelas cada vez mais amplas da popula\u00e7\u00e3o.<\/p>\n
O processo de urbaniza\u00e7\u00e3o j\u00e1 trouxe muitos ganhos hist\u00f3ricos, mas poder\u00e1 trazer vantagens ainda maiores nas pr\u00f3ximas d\u00e9cadas, pois o percentual de pessoas vivendo nas cidades deve atingir 70% da popula\u00e7\u00e3o em 2050. Em termos absolutos, a popula\u00e7\u00e3o urbana do globo deve crescer cerca de 2,7 bilh\u00f5es de pessoas entre 2010 e 2050. Embora esse processo traga desafios, as oportunidades superam as expectativas, particularmente quando ha pol\u00edticas corretas para destravar as for\u00e7as do progresso civilizat\u00f3rio de forma conjunta com a prote\u00e7\u00e3o do meio ambiente.<\/p>\n
A rela\u00e7\u00e3o entre maior urbaniza\u00e7\u00e3o e menor fecundidade \u00e9 universalmente observada tanto nos pa\u00edses com alto ou baixo IDH (\u00cdndice de Desenvolvimento Humano). Conforme mostra o gr\u00e1fico 1, dos 83 pa\u00edses em desenvolvimento que contam com pesquisas da Measure DHS (Demographic and Health Surveys) o diferencial rural-urbano nas taxas de fecundidade estavam entre 0 e 1 filho em 25 pa\u00edses, entre 1 e 2 filhos em 33 pa\u00edses e acima de 2 filhos em outros 25 pa\u00edses.<\/p>\n
Embora as taxas de fecundidade rurais em alguns pa\u00edses sejam menores que as taxas de fecundidade urbanas em outros, dentro dos pa\u00edses a rela\u00e7\u00e3o entre urbaniza\u00e7\u00e3o e menor n\u00famero m\u00e9dio de filhos \u00e9 clara e universal.<\/p>\n
Gr\u00e1fico 1: Grau de urbaniza\u00e7\u00e3o (barras) e Taxas de Fecundidade Total (TFT) urbanas e rurais, para 83 pa\u00edses<\/strong><\/p>\n De fato, o in\u00edcio da transi\u00e7\u00e3o da fecundidade est\u00e1 associado com o maior grau de urbaniza\u00e7\u00e3o, assim como o ritmo de queda das taxas de fecundidade tende a acelerar com o crescimento das cidades. O gr\u00e1fico 2 mostra que existe uma rela\u00e7\u00e3o inversa entre urbaniza\u00e7\u00e3o e fecundidade no mundo e nas regi\u00f5es.<\/p>\n No quinqu\u00eanio 1950-55, o grau de urbaniza\u00e7\u00e3o no mundo era de 30% e a Taxa de Fecundidade Total (TFT) era de 5 filhos por mulher. No quinqu\u00eanio 2005-10 o grau de urbaniza\u00e7\u00e3o chegou a 50% e a TFT caiu pela metade, para 2,5 filhos por mulher. As estimativas para meados do corrente s\u00e9culo s\u00e3o de urbaniza\u00e7\u00e3o de 70%, com a fecundidade ficando ao n\u00edvel de reposi\u00e7\u00e3o (2,1 filhos por mulher), que corresponde \u00e0 taxa de fecundidade que, no longo prazo, implica popula\u00e7\u00e3o constante.<\/p>\n Para os pa\u00edses mais desenvolvidos as taxas de urbaniza\u00e7\u00e3o passaram de 54% para 74% entre os quinqu\u00eanios de 1950-55 e 2005-10, enquanto as taxas de fecundidade ca\u00edram de 2,8 para 1,7 filho por mulher. Para os pa\u00edses menos desenvolvidos as taxas de urbaniza\u00e7\u00e3o passaram de 19% para 44% e a TFT foi reduzida de 6 filhos para 2,7 filhos por mulher, no mesmo per\u00edodo. J\u00e1 para os pa\u00edses mais pobres e muito menos desenvolvidos, o grau de urbaniza\u00e7\u00e3o passou de 8% para 28% e a taxa de fecundidade de 6,5 filhos para 4,4 filhos por mulher, no mesmo per\u00edodo em quest\u00e3o.<\/p>\n Para meados do s\u00e9culo XXI, as estimativas apontam para um processo de converg\u00eancia nas taxas de urbaniza\u00e7\u00e3o e nas taxas de fecundidade entre as regi\u00f5es, embora mantendo a rela\u00e7\u00e3o de maior urbaniza\u00e7\u00e3o com menores taxas de fecundidade.<\/p>\n
\n<\/a><\/p>\nFonte: Measure DHS, dados mais recentes dispon\u00edveis para cada um dos 83 pa\u00edses.<\/h5>\n